Eu sou o Gato Maltês, um toque de Espanha e algo de francês. Nascido em Portugal e adoptado inglês.
sexta-feira, novembro 30, 2007
quinta-feira, novembro 29, 2007
História(s) da Música Popular (67)
Bom, mas sobre os Animals falaremos depois com mais pormenor, quando falarmos da British Invasion, pois o grupo bem merece alguns posts e parágrafos bem extensos. Sobre “We’ve Gotta Get Out of This Place” podemos dizer que ele é um dos melhores exemplos das preocupações sociais presentes em muitos temas de Mann e Weil. Embora isso hoje pareça difícil de entender, foi inicialmente composto para os Righteous Brothers, mas acabou por ir parar ás mãos de Mickie Most, produtor do grupo de Newcastle, segundo consta com ligeiras alterações na letra original. Claro que foi rapidamente adoptada pelo exército americano no Vietnam... ou não fosse o refrão inteiramente apropriado.
Bom, mas musicalmente, para além da voz de Burdon – embora eu seja um admirador de Alan Price, o fundador e mentor do grupo que em Maio de 1965 o abandonou para formar o Alan Price Set e, mais tarde, interpretar um célebre (?) dueto (“Rosetta”) com Georgie Fame – é de salientar o papel do baixo de Chas Chandler na introdução. Ficamos por aqui e, pela 1ª vez, resolvemos incluir a “letra” para melhor ilustrar aquilo que aqui se disse sobre as suas preocupações sociais.
Watch my daddy in bed and dying
He's been working so hard
(Chorus)We've gotta get out of this placeif it's the last thing we ever do
Now my girl you're so young and pretty
Watch my daddy in bed and dying
He's been working so hardI've been working too baby,
(Chorus)
Somewhere baby
(Chorus)
Believe me baby
quarta-feira, novembro 28, 2007
Quatro "posts" de actualidade - 4. Novos investimentos na Autoeuropa
Quatro "posts" de actualidade - 3. A entrevista de Ana Lourenço a Miguel Sousa Tavares
Quatro "posts" de actualidade - 2. O novo aeroporto e a ACP
Quatro "posts" de actualidade - 1. A deputada Luísa Mesquita
terça-feira, novembro 27, 2007
O IGAI e o OSCOT - ou Clemente Lima vs Garcia Leandro
As afirmações do general Garcia Leandro, presidente do Observatório de Segurança, Criminalidade Organizada e Terrorismo, sobre a entrevista concedida ao “Expresso” pelo Inspector Geral da Administração Interna (uff!, denominações complicadas!), por alguma razão pondo em confronto um militar responsável pela segurança “pura e dura” e um civil, juiz, vêm mais uma vez pôr em evidência duas concepções diferentes, mesmo antagónicas e até inconciliáveis de país, de estado e de nação. Poderia dar-se o caso de reflectirem nada mais do que as funções conjunturais de cada um, mas são muito mais do que isso. De um lado, o de Clemente Lima (IGAI), vemos a ansiedade por um país mais europeu, uma sociedade mais aberta, mais plural e tolerante, mais cosmopolita, com níveis de educação em progresso, mais responsável e confiante na capacidade de iniciativa dos seus cidadãos, tanto a nível social como económico. Um país mais culto e confiante, que não hesita em olhar os seus problemas de frente, discuti-los com abertura e resolvê-los, porque os cidadão se querem menos dependentes da “segurança” do estado e das suas instituições. Que tenta ver ao longe. No outro, no de Garcia Leandro, revemos um pouco do Portugal do passado, autoritário q.b., provinciano e fechado sobre si próprio, pouco confiante na capacidade e espírito de iniciativa dos seus. Uma sociedade que gosta de ser ver tutelada e militarizada, de súbditos, de cultura retrógrada, governada pelas corporações para quem tudo está sempre bem excepto os meios sempre insuficientes que lhe são concedidos para que se calem e tudo fique na mesma.
No fundo, nada disto constitui novidade de maior e, mesmo que sobredeterminado por conflitos conjunturais, é algo que nos tem acompanhado durante, pelo menos, os últimos 200 anos. Também algo sobre o qual partidos e governo não deveriam ficar mudos e indiferentes. Ou apenas aproveitar a situação para chicana de oportunidade. É que é a isto que chamam política, sabiam?
segunda-feira, novembro 26, 2007
Cinema e Rock & Roll (14)
Pois aqui ficam então dois exemplos: Celentano interpretando “Ready Teddy”, de Blackwell – Marascalco, no filme de... adivinhem lá, Frederico Fellini “La Dolce Vita” e Little Tony no filme de um tal Domenico Paolella chamado "I Teddy Boy Della Canzone" ambos de 1960. O ano de produção deve ser mesmo a única coincidência...
A selecção de Malta no grupo de Portugal e o autor deste "blog"
domingo, novembro 25, 2007
Em louvor do Inspector - Geral da Administração Interna
Pedra de toque importante na “civilidade” e qualidade de uma democracia é o modo como actuam e se comportam as suas polícias, a forma como se relacionam e interagem com os cidadãos e a sociedade, como se comportam no cumprimento dos seus deveres de combate à criminalidade e protecção dos cidadãos. O seu grau de profissionalismo e preparação, a adequação, em termos da proporção dos meios empregues, a cada uma das situações que enfrentam. Pela sua própria natureza e registo histórico, principalmente num país de larga tradição autoritária e de grau de educação abaixo de sofrível, a tendência para o autoritarismo, para a assunção fácil de uma política de intimidação e intolerância autistas em vez do objectivo de servir o cidadão, de arrogância para com alguém que até há bem pouco era “um seu igual” na modéstia, ou de vingança perante os que, por nascimento, educação ou dinheiro, sempre se habituou a invejar, são riscos enormes que só uma preparação de qualidade e um rigoroso controle permanente, sem transigências, permitem minimizar. Daí a extrema importância da entrevista ao “Expresso” do Inspector Geral da Administração Interna, Clemente Lima, que reputo de notável como exemplo de cidadania e empenhamento no caminho para um país mais civilizado, uma sociedade mais aberta e tolerante. Está lá tudo o que nos devia preocupar: a existência de uma polícia de carácter militar (para cidadãos de 2ª?) a par de uma outra civil; a desproporção dos meios muitas vezes utilizados contra delitos menores, inclusivamente o uso indiscriminado de armas de fogo; o desrespeito e a desconsideração pelo cidadão; a relativa impunidade dos agentes que prevaricam; o exibicionismo gratuito; os gastos inúteis e a falta de preparação técnica; a mentalidade obsoleta. Por fim, a proposta assumida de um futuro apenas com uma polícia, civil. É uma entrevista contra a corrente, quando o sentimento dominante na sociedade, mesmo dentro de uma esquerda normalmente mais liberal a anti-securitária (daí algum silêncio desta?), é no sentido de um reforço dos métodos e das práticas. Fez bem, o cidadão Clemente Lima: faz-nos acreditar no primado da inteligência e num país ainda com futuro. Respirável. Civilizado.
"When I woke up this morning" - original blues classics (17)
Alberta Hunter - "My Handy Man" (1981)
sábado, novembro 24, 2007
Aeroportos, ou um "post" simples de uma manhã de sábado
Bom... mas a que propósito virá esta quase “lenga-lenga”? Muito simples. Ontem recebo uma mensagem via Skype enviada por um amigo que se encontrava em viagem dizendo que estava no aeroporto António Carlos Jobim. Sabendo que ele se desloca frequentemente pelo interior do Brasil, respondi, passados segundos, manifestando algum espanto (“onde raio fica isso?”), já que tendo eu viajado um par de vezes pelo país não me lembrava de qualquer aeroporto com tal nome, por muito que a música de Jobim me fosse familiar. Bom, talvez fosse um pequeno aeroporto da terra de naturalidade do homem, pensei, pois, sabendo-o “carioca” de vivência, poderia dar-se o caso de ter nascido casualmente em algum lugar ignoto. Mas não, desenganei-me segundos depois: o aeroporto António Carlos Jobim é agora, nem mais nem menos, o nome do “velho” Galeão "carioca"!
Bom, e que importância tem isto? Tem: não que o autor da “Garota de Ipanema” não mereça tal distinção (e muitas outras, claro), mas na próxima vez que me acusarem de politicamente incorrecto por dizer que brasileiro ou é tocador de samba ou futebolista – o que tem tanto de inocente e redutor como as anedotas que contamos dos alentejanos - que muito prezo - os franceses contam dos belgas, os ingleses dos irlandeses, os brasileiros dos portugueses e todos da tradicional – dizem - “forretice” de judeus e escoceses – poderei afirmar melhor a minha inocência. Para que a vingança seja completa, só espero - daqui a muitos anos, claro - ter ainda tempo de ver Congonhas ou Guarulhos, um deles, devidamente crismado de Aeroporto Edson Arantes do Nascimento, já que o homem até jogou no Santos que é ali "paredes meias". Que raio, Congonhas e Guarulhos sempre são nomes bem mais complicados de pronunciar do que Galeão e o genial Pelé será tão ou mais conhecido do que o também genial "Tom" Jobim!!!
sexta-feira, novembro 23, 2007
Fut(quê?)sal?
quinta-feira, novembro 22, 2007
"Choque Ideológico"
No país dos sovietes (2)
"A general military training is a safeguard for freedom." Publisher: Vsebovuch, Moscow"(Lithography, 110.5x74.5 cm., inv.nr. BG L3/210)
História(s) da Música Popular (66)
Pois o termo “righteous” estará aqui muito bem aplicado, já que era uma palavra utilizada correntemente no calão dos negros americanos para definir um músico de excepção, principalmente no jazz, e estas eram, de facto, duas vozes excepcionais da chamada “white soul”, das melhores que a pop/rock dos anos cinquenta gerou. A Medley calhavam os registos mais “baixos” e a Hattfield, para além dos falsetes, os tons mais “altos”. No caso de “You’ve Lost That Lovin’ Feelin’” reza a história que também alguns (registos) calharam a Cherilyne Sarkasian LaPiere, para o mundo e a posteridade conhecida por Cher, que foi utilizada por Phil Spector (ecce homo) como back up singer. Sim, porque estes são mais dois excelentes exemplos do “Phil Spector wall of sound”, o mais genial produtor de música popular de sempre e, ao que consta, um dos piores maridos de todos os tempos. Mas a vida é mesmo assim: cada um nasce mesmo para o que nasce!
quarta-feira, novembro 21, 2007
Portugal e a qualificação
Grandes Séries (24) - Foyle's War 2
"Foyle's War" (início em 2002)
Pois agora, depois de pesquisa aturada e de ter enviado um e mail para o provedor do tele-espectador (acho que é isto que eu sou), até agora não merecedor de qualquer resposta, fui surpreendido, ao consultar propositadamente o site da RTP, que esta programa emitir um novo episódio (“They Fought In The Fields” que a RTP traduziu (?) por “Combate no Campo” esquecendo-se que o original em inglês é retirado de uma frase de W. Churchill que com esta tradução (???) e fora do contexto perde todo o significado) no próximo dia 26 às... adivinhem lá... 3.15h da madrugada!!! E, claro, incluído na rubrica filmes e sem mencionar o nome da série! Brilhante! Mais brilhante ainda: trata-se do 3º episódio da 3ª “temporada”. Qualquer comentário adicional é desnecessário, e prefiro deixá-los com mais um clip da série.
(Mais uma vez) Um país de tristes, uma tristeza de país
Outro exemplo? Vão construir uma estrada, um caminho, um túnel, um beco ou umas “escadinhas” (que, para mim, se vão tornando em escadas á medida que a vida avança), daquelas que faziam o carácter de uma Lisboa do antigamente, e logo vem a pré comissão dos futuros utilizadores das “Escadinhas Do Lá Vai Um” dizer que elas constituem um perigo para a saúde pública, os gatos vadios, as velhinhas que dão milho aos pombos ou os (malfadados, digo eu) próprios pombos. Ou que, se o problema é o encerramento de uma maternidade na “Aldeia da Roupa Menos Branca”, lá para os lados da raia, teremos por certo a secção aldeã da Ordem dos Médicos e o presidente da Junta de freguesia local a vociferar “traidores, vende pátrias, Miguéis de Vasconcelos” que os portugueses agora irão nascer castelhanos e venerar Santiago em vez de S. Jorge.
É claro que, no fundo, isto até nos diverte antes de chegar ao ponto de se tornar maçador e nos fazer relembrar, brutalmente, a parvónia em que vivemos e o subdesenvolvimento que revela - e vai dando notícia de jornal e de noticiário da SIC -, mas o mais preocupante é a desvalorização que acaba por atribuir, como um todo, a todo e qualquer tipo de preocupações preventivas. Um pouco como a história dos lobos e da aldeia: um dia virão e ninguém vai querer saber do aviso.
terça-feira, novembro 20, 2007
segunda-feira, novembro 19, 2007
Sindicatos, governo e conflitos - e se crescessem?
domingo, novembro 18, 2007
Um pouco mais de "bola", se não se importam...
Ontem Scolari fez pior: partiu a equipa em dois, desequilibrou-a, criou-lhe um enorme buraco no meio e foi o que se viu. Simão sabe jogar a nº 10? Sim, mas fazia-o no Benfica de Santos, num 4X4x2 em losango, sem extremos e com a mobilidade de Miccoli e Nuno Gomes, o que equilibrava a equipa no meio campo. Não é a mesma coisa do que jogar com extremos de grandes correrias como Quaresma e Cristiano, ainda por cima individualistas e com grande percentagem de perdas de bola, e com pontas-de lança de outro tipo, jogadores de área (muito bem vindos, aliás) como Almeida e Makukula.
Bom, se Scolari não quer ter um desgosto na próxima 4º feira e deixar um país em estado de choque, terá de reequilibrar a equipa, dotando-a de um meio campo mais consistente. Sem Moutinho, o mais parecido que se arranjaria com Deco embora uns degraus abaixo – é um bom jogador mas nunca terá categoria internacional, para isso faltando-lhe quilos e centímetros -, terá de utilizar mais um médio “de ligação”. Quem melhor faz de “elástico”, tendo já experiência internacional, é M. Fernandes, mas não tem jogado e é muito irregular. Assim, talvez Meireles, adiantando Maniche e tirando um dos extremos, sendo Quaresma o principal candidato por ser o que pior tem jogado, o que menos faz circular a bola e menos surge no meio, fazendo de segundo ponta de lança. Veremos se será suficiente... A propósito: No Estugarda, Meira joga por vezes a “pivot” defensivo. Já alguém disse isso a Scolari?
* Se é na defesa e ataque - este agora reforçado com Hugo Almeida a jogar com regularidade no Werder Bremen e com um internacionalmente experiente Makukula - que estão os jogadores de melhor nível internacional (Miguel e Caneira jogam no Valência, Carvalho e Ferreira no Chelsea, Meira no Estugarda, Pepe no Madrid, Andrade na “Juve”, Bruno Alves e Bosingwa no FCP lider do seu grupo na “Champions League” – Nani e Cristiano no Man. Un., Almeida no Werder Bremen, Quaresma no FCP, Simão já jogou no Barça e, enfim, não sendo o Atlético um grande clube sempre dá para jogar na Liga espanhola), o meio campo é, de facto, o parente pobre: apenas Deco. Petit é um jogador útil mas de qualidade mediana em termos internacionais, Veloso poderá ou não vir a crescer (é um pouco lento, pouco agressivo e por vezes desconcentra-se, tendo a vantagem de construir jogo desde o seu meio campo), Maniche tem demasiados altos e baixos e internacionalmente nunca se afirmou, Tiago anda perdido e de Fernandes e Moutinho já se disse tudo.
sábado, novembro 17, 2007
(Já que sábado é dia de "bola") A tecnologia e os erros dos árbitros
Bom, mas daí a pensar que se eliminam os erros... Dois exemplos: hoje, no Finlândia – Azerbaijão, depois de ver o lance do 2º golo finlandês repetido três ou quatro vezes, de ângulos diferentes e em câmara lenta, continuo com dúvidas sobre a existência ou não de falta. Com outra interpretação, um amigo que comigo via o jogo dizia que a falta não oferecia quaisquer dúvidas. O mesmo acontece quanto a um golo anulado aos azéris por fora de jogo, só que aí as dúvidas eram de ambos. Os dois lances podem decidir da presença de finlandeses, portugueses ou sérvios na fase final do campeonato da Europa, o que significa o acesso ou não a uns largos milhões de euros – fora os dividendos políticos, claro. Conclusão: com ou sem meios tecnológicos... pobre árbitro!...
sexta-feira, novembro 16, 2007
"Micas" - ou o Portugal de Salazar
Quanto ao facto de Maria da Conceição Rita escolher Aristides Sousa Mendes como o segundo “melhor português de sempre”, a seguir a Salazar, nada de especialmente estranho, muito menos paradoxal. Tal como Salazar quando a protegeu a ela, “Micas”, e lhe deu a oportunidade de escapar ao seu destino, também Aristides Sousa Mendes protegeu os mais fracos e necessitados, dando-lhes uma oportunidade de, também eles, escaparem a esse mesmo destino, no caso a morte quase certa nos campos de extermínio. Desconhecedora da política e do mundo (este reduzido "ao seu mundo") ambos, Salazar e Sousa Mendes, para Maria da Conceição Rita foram homens que pautaram a sua vida pela dedicação e bondade, pela devoção a uma causa, pela vontade de abdicarem de si próprios em prol do “bem fazer”. Uma escolha "lógica", portanto!
quinta-feira, novembro 15, 2007
"One million dollar question"
Como estará o projecto, prometido por António Costa, de reformular a divisão administrativa da cidade de Lisboa e das 53 freguesias 53 em que esta se divide? Algo já foi iniciado? Alguns estudos preliminares e exploratórios? Existe um calendário definido para o mesmo? Alguma task force? (ou “unidade de missão” como é de bom tom agora dizer-se em linguagem de estado).
Muitas perguntas? Para já muito poucas respostas... e bem necessárias elas seriam!
quarta-feira, novembro 14, 2007
terça-feira, novembro 13, 2007
História(s) da Música Popular (65)
segunda-feira, novembro 12, 2007
A Espanha e o seu rei
domingo, novembro 11, 2007
Remembrance Day
Depois, os já raros sobreviventes da Grande Guerra foram desaparecendo e Portugal não tinha participado na II Guerra, a da geração do meu pai. E, com a guerra colonial, o termo combatente ou antigo combatente tomou conotações ideologicamente muito definidas, à direita: a ditadura fomentou-o, à esquerda radical deu-lhe algum jeito e os antigos combatentes, infelizmente, deixaram que isso assim acontecesse. É pena, pois Portugal tem bem razões para se lembrar de todos aqueles que, um dia, pelas boas ou más razões, independentemente da sua vontade ou determinados por ela, em ditadura ou democracia, mesmo que numa guerra injusta, morreram ou se sacrificaram, por vezes sabe-se lá porquê e até contra as suas ideias e ideais, nos campos de batalha de uma qualquer guerra. Até por que é a uma dessas guerras, embora injusta e muito por essa razão, que Portugal deve a democracia e a liberdade, enfim, um passo muito grande no caminho daquilo que conhecemos como fazendo parte da civilização.
sábado, novembro 10, 2007
A Guerra Aqui (mesmo) Ao Lado (28)
At the beginning of the war, the left-wing trade unions of both Barcelona and Valencia, among which the anarcho-syndicalist CNT was the most prominent, defeated the local military insurrectionists and took de facto control of their cities. At this juncture, many anarchist groups began to collectivize industry and agriculture, believing that the long-awaited revolution was upon them. Anarchist propaganda emphasizes the revolutionary nature of the struggle. This poster, commissioned by the radical anarchist militia unit Columna de Hierro (Iron Column), makes no reference to either war or fascism, but addresses itself directly to the overthrow of capitalism, the Anarchists' ultimate aim. The desire for revolution was not, however, shared by the Anarchists' partners in the Republican government, the Socialists and Communists, who wanted to present a moderate face to the Western democracies in a bid to gain their support. For this reason, communist and socialist propaganda stresses the need to defeat fascism, the importance of uniting together to fight the war, not to stage a revolution.
This poster was produced under the aegis of the two trade unions, the socialist-revolutionary UGT and the anarcho-syndicalist CNT. These two bodies took over Valencian industry in the first days of the Civil War and continued to control it until some time after the Republican government transferred from Madrid to Valencia in October 1936. We can thus date this poster to the first months of the conflict. The letters AIDC are the acronym of the anti-fascist intellectual organization, the Asociación Intelectual para la Defensa de la Cultura, founded in Barcelona in January 1936. Of the artist Bauset little is known, other than the fact that he studied under the celebrated Valencian photomontage artist, Josep Renau, before the war.
sexta-feira, novembro 09, 2007
Porque é que os sindicatos só conseguem mobilizar os funcionários públicos?
Uma reforma profunda da Administração tenderá a alterar este estado de coisas, ferindo de morte a capacidade de mobilização deste tipo de sindicalismo e abrindo caminho a outro. Daí que os actuais sindicatos e ela resistam com todas as suas forças; daí que nunca essa reforma possa ser feita sem os afrontar directamente. Quem disser o contrário, apenas o fará em nome do oportunismo político. É pois dessa capacidade política do governo que depende o seu sucesso. Mas se, depois de olharmos com atenção o CV da grande maioria dos deputados, descobrirmos onde são maioritariamente recrutados e de onde são originários, será tempo de começarmos a ter dúvidas. Muitas dúvidas.
Mariza e o "Grammy"
Não sou fan de Mariza, e a sua música, uma amálgama de fado-canção, folclore, música ligeira e "world music" construída propositadamente na mira de um reconhecimento internacional com selo de “qualidade”, é-me perfeitamente indiferente ou até menos do que isso. Como indiferente me é o facto de ter ou não ganho o “Grammy”; como igualmente indiferentes me são os ditos "Grammy Awards". No entanto, a algo devo tirar o chapéu: uma campanha promocional e de comunicação extremamente bem elaborada tendo por base a sua nomeação para os "Grammy". Mariza, sabendo que poucas hipóteses teria, jogou tudo num concerto em Lisboa ao estilo “Pavarotti & friends”, simultâneo ao anúncio público dos prémios, e, assim, pôde dizer que tinha preferido “estar com o seu público”, uma atitude demagógica que lhe valeu aplausos frenéticos dos seus indefectíveis e destaque nos noticiários da manhã, minimizando, ou até mesmo fazendo esquecer, o que poderia ter sido a desilusão de não lhe ter sido atribuído o tal "Grammy", transformando a derrota em vitória.
Claro que poder-se-á sempre dizer: “e se tivesse ganho”? Melhor ainda para a demagogia: “apesar do reconhecimento internacional, Mariza ter-se-ia mantido fiel às suas origens e ao seu público, blá, blá, blá”. Demagogia barata? Claro que sim; bastante. Mas demagogia bem feita. Chapeau!!!
quinta-feira, novembro 08, 2007
História(s) da Música Popular (64)
The Brill Building (XIV)
Ora a propósito de Barry Mann e Cynthia Weil, vamos lá pela primeira vez falar das Ronettes, duas irmãs, Veronica e Estelle Bennett , e uma prima, Nedra Talley, nascidas e criadas em NY. Veronica casaria mais tarde (1968) com Phil Spector, casamento que duraria até 1974, sabe-se lá bem como, acrescento, face ao que hoje conhecemos da personalidade do genial Spector. O que é também interessante no caso das Ronettes é que são bastante fruto de um acaso (o que nada desmerece do seu valor), pois encontravam-se casualmente à porta do Peppermint Lounge quando foram confundidas com um grupo contratado. Parece que se saíram bem, com uma versão de “What Did I Say” de Ray Charles, e isso foi apenas o começo. O tema que Mann e Weil compuseram para o grupo, “Walking In The Rain”, nem sequer foi o seu maior sucesso - esse foi “Be My Baby”, da também dupla do Brill Building Jeff Barry – Ellie Greenwich -, mas foi o segundo maior, chegando a #23 em 1964. Mais importante, é um excelente exemplo do que ficou conhecido para a história como “Phil Spector wall of sound” , um som denso e saturado que o próprio Spector denominava como a abordagem Wagneriana ao rock n’ roll. Um exagero, claro, mas de Spector não seria de esperar outra coisa, ou melhor, seriam de esperar coisas bem piores. Mas pronto, Spector foi tão importante que estamos aqui fartos de falar dele sem que ainda tenhamos chegado ao capítulo que lhe será dedicado. Bom, ainda não será da próxima vez, já que teremos ainda muito para falar sobre o Brill Building. Por exemplo, dessa próxima vez voltaremos para trás para falar dos temas de Mann e Weil para os Drifters e Gene Pitney. Até lá, aqui ficam as Ronettes.
quarta-feira, novembro 07, 2007
"In thin air"...
Como moda, e como a esquerda mais radical dos anos sessenta e setenta, tenderá a desvanecer-se com alguma rapidez, in thin air. Espero ainda vir a ter a oportunidade para ver o que fica.
terça-feira, novembro 06, 2007
Cinema e Rock & Roll (13)
Como disse, o filme é bem recomendável, mesmo em DVD, e apresenta mais duas curiosidades: a presença, como actores, de Chris Isaak e do realizador Jonathan Demme (“Silence Of The Lambs” e “Philadelphia”, por exemplo). Um serão bem divertido, muito especialmente para quem gosta e se interessa por estas coisas da música e do rock n’ roll. Divirtam-se, pois!
Cá se fazem?... cá se esbanja!
O que é que isso significa exactamente? Por exemplo, quando se compra um Volkswagen fabricado em Palmela, na Auto-Europa, está-se a comprar português? E um vinho “Finca Flinchman”, produzido pela portuguesa Sogrape na Argentina? Quando se compra um pão da BIMBO, marca pertencente a uma multinacional americana cuja produção para o mercado português é assegurada por fábricas portuguesas e espanholas e cujo mercado o recebe de ambas as origens consoante a região onde é distribuído, estamos a falar de quê? E uma aguardente Macieira, marca do grupo “Pernod - Ricard? Outro exemplo: quando a Pescanova começar a produzir pregados (acho vão ser pregados, mas tanto faz, pode ser besugo, marmota ou chaputa) nas instalações de Mira, o peixe é português?
Estamos a falar, portanto, de empresas portuguesas (conhecemos os detentores do capital?), marcas portuguesas (como o sabemos?), fabricadas em Portugal (a mesma marca e o mesmo produto podem ter proveniências diferentes) ou dos famigerados “centros de decisão nacionais” (vão lá explicar isto a 99% dos consumidores!)? Que confusão, não é?
Bom, por último, quando o governo e os partidos do chamado “arco governamental” apelam (quanto a mim, bem) a um aprofundamento político da UE (um espaço de livre circulação de pessoas, produtos e serviços; de soberania partilhada) através da aprovação do Tratado Reformador, quando se incentivam (e muito bem) as empresas portuguesas à internacionalização, que sentido faz uma campanha deste tipo apelando a valores nacionalistas (ou pelo menos a alguns deles)? Não será completamente off strategy? Não seria interessante ver a campanha avaliada e os resultados dessa avaliação publicados? Já agora, quem foi o da “boa ideia” de assim esbanjar o dinheiro dos cidadãos-contribuintes?
segunda-feira, novembro 05, 2007
A reforma da administração pública e o silêncio da oposição
Daniel Oliveira e as posições europeias do "Bloco"
Daniel Oliveira retoma hoje no seu “Arrastão”, e a propósito das convicções anti referendárias de Vital Moreira, a explicação sobre as posições europeias do “Bloco de Esquerda”. Árdua tarefa, pois, como bem diz hoje no “Público” o próprio Rui Tavares, “a sua posição simultaneamente anti-Tratado e pró-Europa não vai ser fácil de explicar”. Pois não! Aliás, parece-me que no seio do “Bloco” a questão talvez seja bem pouco consensual, e esta aparente “quadratura do círculo” corresponda mais a uma “fuga” e a uma qualquer “coisa nenhuma”, capaz de realizar a síntese dialética entre posições contrárias, do que a qualquer posição “de fundo”, estrategicamente assumida. Ou então... Sim, eu sei que “todo o mundo é composto de mudança”, mas seria interessante, a este propósito, revisitar as opiniões de UDP e LCI quando da adesão à então CEE. Adiante...
Bom, coloquemos também agora de parte a questão das democracias plebiscitárias e referendárias, em termos gerais e abstractos, e vamos directos ao assunto.
Critica Daniel Oliveira em Vital Moreira a afirmação de que “quem é contra este tratado é contra a UE”. Não o direi de forma tão fundamental, mas sem dúvida que votar “NÃO” a este tratado, neste momento e não em qualquer outro tempo abstractamente definido, significa colocar a ideia UE em sérias dificuldades e levantar graves entraves ao seu aprofundamento político. Este é o resultado - e foi isso que aconteceu com os referendos em França e na Holanda - e não o reforço da Europa social, independentemente das motivações do voto de cada um, e é exactamente este o desígnio político da direita eurocéptica e atlântista, aliada conjuntural do PCP qual pacto germano-soviético dos tempos pós-modernos. Aliás o “Bloco” bem podia ter aprendido um pouco com o que aconteceu em França - e abandonar o papel de “idiota útil” - onde o voto “NÃO” de alguma esquerda “basista”e blasé, com as lutas internas a servirem de catalizador, acabou por fazer mergulhar a UE na sua maior crise de sempre e fazer recuar alguns anos a ideia de uma futura Europa federal que Daniel Oliveira diz defender. Não é ainda a Europa das ambições do “Bloco”? Admito que não - felizmente para uns e infelizmente para outros, não importa - mas a pergunta que o BE deve colocar a si próprio é a seguinte: “porque, e em nome de que valores, é que, votando contra um Tratado que continua a manter a Europa como o espaço político democrático onde a protecção e os direitos sociais são os mais elevados e onde posso continuar a bater-me com toda a liberdade pelas minhas ideias e convicções, me vou a aliar a sectores conservadores e nacionalistas, uns, ultra liberais e atlântistas, outros, e “estalinistas”, os restantes, na recusa de um aprofundamento político da União? Será, mais uma vez, a velha e relha ideia do social-fascismo, que deu no que deu? Ou apenas um pouco diáfano manto que cobre uma posição anti europeísta e isolacionista que o Bloco sabe poder correr o risco de colher pouca simpatia em meios jovens e urbanos, formados no "inter-rail" e no "Erasmus", do seu eleitorado? Sem esperança, aguardo resposta.
domingo, novembro 04, 2007
Grandes Séries (23)
Cinco desses seus romances foram adaptados para televisão - "The Sculptress" (1996), "The Ice House" (1997), "The Scold’s Bridle" (1998), estes dois últimos os meus favoritos, "The Echo" (1998) e "The Dark Room" (1999) – e por essas adaptações passaram actores como Daniel Craig ("The Ice House") - actual James Bond -, Miranda Richardson ("The Crying Game", de Neil Jordan, por exemplo), Bob Peck ("The Scold’s Bridle") e Clive Owen ("The Echo"), Sir Walter Raleigh no filme “Elizabeth” actualmente em exibição. Por cá, foram por aí passando, tratados “à trouxe- mouxe” como algo a que apenas se recorre para preencher horas de exibição, acho que na Sic Mulher, no People & Arts, talvez na RTP2 e até, se calhar, no Hollywood. Embora de qualidade desigual ("The Dark Room" é talvez o mais fraco, sem que isso signifique não valha a pena ver) estão longe de merecer tal desconsideração, muito antes pelo contrário. Conclusão: talvez recorrer à Amazon, santa protectora de quem se sente ostracizado por não alinhar em massificações.
sábado, novembro 03, 2007
sexta-feira, novembro 02, 2007
Classes sociais e escolha da escola
O panorama, no que diz respeito à decisão sobre a frequência de uma escola, não se terá alterado assim tão radicalmente, apenas com a diferença de que a escolaridade obrigatória é agora de nove anos, o que “estende” até ao 9º ano a equação dantes enfrentada e resolvida para apenas quatro anos. Por exemplo, os meus filhos frequentaram colégios privados até ao 9º ano e, de seguida, completaram o secundário e a universidade em escolas públicas, num caso (UCP - Lisboa), digamos, semi-pública.
Reduzir a decisão de “escolha” da escola apenas à questão da “qualidade” do ensino de per si – como se essa qualidade constituísse uma entidade teórica isolável de todos os outros parâmetros -, expressa através da respectiva posição nos rankings (atenção: não sou contra a sua existência), sem ter em conta todas as outras questões em que uma decisão desse tipo normalmente se baseia, a maioria delas de carácter "social", é portanto uma falácia, tanto quanto o será pensar que uma escola pública onde a qualidade de ensino assim considerada seja excelente, independentemente de onde se localize ou quem maioritariamente a frequente, verá a si acorrerem milhares de alunos, oriundos das classes altas, ansiosos por tal experiência.
Os "rankings", o "estatuto do aluno" e o "cheque-ensino"
As próximas decisões do PS e do governo e as legislativas de 2009
Existem duas decisões políticas de fundo a serem tomadas pelo governo nos próximos meses que irão ajudar a definir muito do seu futuro político, e do PS, nas legislativas de 2009: a questão do referendo sobre o Tratado Reformador Europeu e o futuro do aeroporto de Lisboa.
Sou, por princípio e em termos gerais e abstractos, contrário às “democracias” plebiscitárias e/ou referendárias (e não vem aqui ao caso a minha posição favorável ao federalismo europeu), com possível excepção para questões simples e concretas de âmbito local, mas reconheço que, no primeiro caso, uma decisão favorável ao referendo, até pelo contraste que estabeleceria com a decisão já tomada pelo PSD, iria, disso não tenho dúvidas, contribuir para um aumento da popularidade do governo, mais a mais quando se lhe apontam vícios vários de autismo e arrogância. Se este assim o decidir, será uma decisão irresponsável, ditada pela demagogia e o eleitoralismo fácil, arriscando-se a comprar um conflito com os seus parceiros europeus e, eventualmente, com o Presidente da República e a contribuir para hipotecar o futuro do aprofundamento político da União em troca de uma cedência aos vários eurocepticismos e basismos, por princípio seus adversários políticos, à esquerda e à direita. Mais ainda, arrisca-se a uma participação ridícula (não será pessimismo prever uma afluência na casa dos 30%) e, no caso de derrota (será de prever que apenas os partidários do “NÂO” serão susceptíveis de uma mobilização significativa), a actuar tal qual qualquer aprendiz de feiticeiro, criando um problema cuja necessária solução futura, por burocrática ou de gabinete mas sempre obnóxia, o colocaria numa situação de fragilidade política extrema, interna e externamente, e o afastaria ainda mais de qualquer pretensão de popularidade futura.
Quanto à nova estrutura aeroportuária, sabida da oposição da maioria dos portugueses, tem aqui o governo uma oportunidade de se tornar mais popular tomando uma decisão baseada na razoabilidade e num consenso alargado, definindo um corte, se não radical pelo menos significativo, com o modelo de desenvolvimento adoptado nos últimos decénios. Desconheço qual o grau dos compromissos já assumidos, mas, estando de fora, não me parece que, aqui, a decisão mais popular fosse coincidente com a decisão de risco ou com a decisão errada, antes pelo contrário. Enquanto adversário do projecto “grande cidade aeroportuária” e também enquanto cidadão e eleitor desconfiado da credibilidade das alternativas ao actual governo, espero bem que o governo tome uma decisão sensata. Terá tudo a ganhar, ele e nós.