Existe em Portugal uma cada vez maior ânsia de protagonismo gratuito, frequentemente convivendo, paredes meias, com uma premonição catastrofista caso não se tenham em conta as objecções e conselhos que essa ânsia de protagonismo tão “altruisticamente” faz disponibilizar. Querem um exemplo? Se é promulgada uma nova lei, imediatamente temos a associação de juizes, de magistrados judiciais, de oficiais de justiça ou das 1327, mais coisa menos coisa, polícias que existem em Portugal a protestar por ela ser incorrecta, inadequada, lesiva dos interesses da “classe”, do “grupo” do “país” ou da “comunidade”, tendo como consequência mais directa que, a prazo mais ou menos curto, o país será invadido por uma corja de assassinos à solta, no mínimo, tão terríveis e ferozes como Jack the ripper ou o malvado Moriarty.
Outro exemplo? Vão construir uma estrada, um caminho, um túnel, um beco ou umas “escadinhas” (que, para mim, se vão tornando em escadas á medida que a vida avança), daquelas que faziam o carácter de uma Lisboa do antigamente, e logo vem a pré comissão dos futuros utilizadores das “Escadinhas Do Lá Vai Um” dizer que elas constituem um perigo para a saúde pública, os gatos vadios, as velhinhas que dão milho aos pombos ou os (malfadados, digo eu) próprios pombos. Ou que, se o problema é o encerramento de uma maternidade na “Aldeia da Roupa Menos Branca”, lá para os lados da raia, teremos por certo a secção aldeã da Ordem dos Médicos e o presidente da Junta de freguesia local a vociferar “traidores, vende pátrias, Miguéis de Vasconcelos” que os portugueses agora irão nascer castelhanos e venerar Santiago em vez de S. Jorge.
É claro que, no fundo, isto até nos diverte antes de chegar ao ponto de se tornar maçador e nos fazer relembrar, brutalmente, a parvónia em que vivemos e o subdesenvolvimento que revela - e vai dando notícia de jornal e de noticiário da SIC -, mas o mais preocupante é a desvalorização que acaba por atribuir, como um todo, a todo e qualquer tipo de preocupações preventivas. Um pouco como a história dos lobos e da aldeia: um dia virão e ninguém vai querer saber do aviso.
Outro exemplo? Vão construir uma estrada, um caminho, um túnel, um beco ou umas “escadinhas” (que, para mim, se vão tornando em escadas á medida que a vida avança), daquelas que faziam o carácter de uma Lisboa do antigamente, e logo vem a pré comissão dos futuros utilizadores das “Escadinhas Do Lá Vai Um” dizer que elas constituem um perigo para a saúde pública, os gatos vadios, as velhinhas que dão milho aos pombos ou os (malfadados, digo eu) próprios pombos. Ou que, se o problema é o encerramento de uma maternidade na “Aldeia da Roupa Menos Branca”, lá para os lados da raia, teremos por certo a secção aldeã da Ordem dos Médicos e o presidente da Junta de freguesia local a vociferar “traidores, vende pátrias, Miguéis de Vasconcelos” que os portugueses agora irão nascer castelhanos e venerar Santiago em vez de S. Jorge.
É claro que, no fundo, isto até nos diverte antes de chegar ao ponto de se tornar maçador e nos fazer relembrar, brutalmente, a parvónia em que vivemos e o subdesenvolvimento que revela - e vai dando notícia de jornal e de noticiário da SIC -, mas o mais preocupante é a desvalorização que acaba por atribuir, como um todo, a todo e qualquer tipo de preocupações preventivas. Um pouco como a história dos lobos e da aldeia: um dia virão e ninguém vai querer saber do aviso.
3 comentários:
Gostei do que disse àcerca da malfadada inundação de questóes postas por todos os coporativismos cada vez que se faz qualquer coisa nesta terra. Seja ele escadinhas, alteração às regras sociais (leis)ou às económico-financeiras. Ninguém da esquerda à direita aceita que se mexa seja no que fôr. O desgraçado do Governo (seja ele qual fôr em tendência política) leva paulada à direita à esquerda e o pessoal fica convencido que aquele Governo é constituído por um bando de energúmenos que só quer levar o país a um despenhadeiro sem volta. Democracia exige contestação mas o que se passa está a ultrapassar o razoável.
Obrigado pelo comentário, caro anónimo. E de acordo com o seu, claro.
Cumprimentops
JC
Temo que considerar da necessidade de as gentes sentirem aquela necessidade perfeitamente huumana de querer ter os seus 15 minutos de fama. Ora se só o podem ter aparecendo na Tv envoltos nuuma polémicazita mesmo que rídicula, vamos a ela.
Mas enfim, caro JC, parece que é um hábito que nos é muito próprio. Ao contrário do que suucede nos outros países, cá dá-se um passo em frente para depois se poderem dar dois atrás.
abraço
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