terça-feira, novembro 27, 2007

O IGAI e o OSCOT - ou Clemente Lima vs Garcia Leandro

As afirmações do general Garcia Leandro, presidente do Observatório de Segurança, Criminalidade Organizada e Terrorismo, sobre a entrevista concedida ao “Expresso” pelo Inspector Geral da Administração Interna (uff!, denominações complicadas!), por alguma razão pondo em confronto um militar responsável pela segurança “pura e dura” e um civil, juiz, vêm mais uma vez pôr em evidência duas concepções diferentes, mesmo antagónicas e até inconciliáveis de país, de estado e de nação. Poderia dar-se o caso de reflectirem nada mais do que as funções conjunturais de cada um, mas são muito mais do que isso. De um lado, o de Clemente Lima (IGAI), vemos a ansiedade por um país mais europeu, uma sociedade mais aberta, mais plural e tolerante, mais cosmopolita, com níveis de educação em progresso, mais responsável e confiante na capacidade de iniciativa dos seus cidadãos, tanto a nível social como económico. Um país mais culto e confiante, que não hesita em olhar os seus problemas de frente, discuti-los com abertura e resolvê-los, porque os cidadão se querem menos dependentes da “segurança” do estado e das suas instituições. Que tenta ver ao longe. No outro, no de Garcia Leandro, revemos um pouco do Portugal do passado, autoritário q.b., provinciano e fechado sobre si próprio, pouco confiante na capacidade e espírito de iniciativa dos seus. Uma sociedade que gosta de ser ver tutelada e militarizada, de súbditos, de cultura retrógrada, governada pelas corporações para quem tudo está sempre bem excepto os meios sempre insuficientes que lhe são concedidos para que se calem e tudo fique na mesma.

No fundo, nada disto constitui novidade de maior e, mesmo que sobredeterminado por conflitos conjunturais, é algo que nos tem acompanhado durante, pelo menos, os últimos 200 anos. Também algo sobre o qual partidos e governo não deveriam ficar mudos e indiferentes. Ou apenas aproveitar a situação para chicana de oportunidade. É que é a isto que chamam política, sabiam?

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