Se existe algo que reflicta bem o carácter obsoleto de um sector esse algo é a capacidade e poder de mobilização que os actuais sindicatos ainda conseguem ter na função pública, incluindo os professores. Numa época em que no sector empresarial isso só é conseguido, e mesmo assim empresa a empresa, em situações-limite de enceramento ou perspectivas de diminuição drástica dos postos de trabalho (com excepção da “Auto Europa” onde o sindicalismo é de outro tipo), esta é claramente uma excepção, fruto de um sector onde a modernização não chegou. E isso, essa capacidade de mobilização sindical, não é mais do que fruto uma organização demasiado hierarquizada e burocratizada, centralizada, com carreiras perfeitamente estanques, em que existem demasiadas funções indeferenciadas preenchidas por trabalhadores com poucas qualificações e em que a progressão não é definida por avaliação e mérito. Em que tanto faz ser professor de matemática ou trabalhos manuais, na Cova da Moura, Rebordosa do Mondego ou na Lapa. Em que todos chegarão a “coronéis” que, como se diz na tropa, “é um alferes que não morre”. Digamos que na FP há demasiado trabalho igual para demasiado salário igual.
Uma reforma profunda da Administração tenderá a alterar este estado de coisas, ferindo de morte a capacidade de mobilização deste tipo de sindicalismo e abrindo caminho a outro. Daí que os actuais sindicatos e ela resistam com todas as suas forças; daí que nunca essa reforma possa ser feita sem os afrontar directamente. Quem disser o contrário, apenas o fará em nome do oportunismo político. É pois dessa capacidade política do governo que depende o seu sucesso. Mas se, depois de olharmos com atenção o CV da grande maioria dos deputados, descobrirmos onde são maioritariamente recrutados e de onde são originários, será tempo de começarmos a ter dúvidas. Muitas dúvidas.
Uma reforma profunda da Administração tenderá a alterar este estado de coisas, ferindo de morte a capacidade de mobilização deste tipo de sindicalismo e abrindo caminho a outro. Daí que os actuais sindicatos e ela resistam com todas as suas forças; daí que nunca essa reforma possa ser feita sem os afrontar directamente. Quem disser o contrário, apenas o fará em nome do oportunismo político. É pois dessa capacidade política do governo que depende o seu sucesso. Mas se, depois de olharmos com atenção o CV da grande maioria dos deputados, descobrirmos onde são maioritariamente recrutados e de onde são originários, será tempo de começarmos a ter dúvidas. Muitas dúvidas.
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