Ao contrário do que ela própria e outros afirmam (Jorge Coelho, por exemplo) a expulsão do PCP da deputada Luísa Mesquita está longe de se restringir a uma questão puramente administrativa: ela é, isso sim, política e ideologicamente determinada. Nos partidos comunistas, a subordinação do individual ao colectivo, e o primado deste, são parte integrante e fundamental (que está nos seus fundamentos e sem a qual não existem tal como os conhecemos) da sua ideologia, forjada na primeira e segunda vagas industriais, nas lutas pelos grandes contratos colectivos no tempo em que a organização industrial pressupunha enormes e pesadas estruturas hiper hierarquizadas e onde predominavam, a nível do operariado, as funções indiferenciadas, pouco qualificadas, repetitivas e, por isso, com salários idênticos. Onde a luta era muitas vezes desigual e difícil e efectuada em condições de risco elevado. É isto que está na base da matriz ideologica “colectivista” e anti-liberal (onde as liberdades individuais valem o que valem: pouco) dos partidos comunistas. Afastado este quadro - que apenas vai subsistindo com algumas dificuldades em alguns sectores da função pública - varrido pela globalização, pelas novas tecnologias e subsequentes novas formas organizativas empresariais, o PCP, tal como o conhecemos, tem dificuldade em subsistir, embora essa continue a ser esta a ideologia que lhe dá forma. Um pouco como acontece nas revoluções como a de Outubro, ex-libris do PCP: mesmo depois de destruído o aparelho de estado "burguês” “a mentalidade e comportamentos da antiga classe dominante continuarão a subsistir durante longos anos sendo necessário lutar contra ela de forma permanente para que não destrua a revolução”. Ironia, pois claro!
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