“Choque Ideológico”, emitido pela RTPN, era o único programa regular interessante de debate político nas televisões portuguesas. E não por acaso: apesar de ideologicamente com posições bem definidas, a maioria dos participantes, para além de normalmente bem preparados, estava longe de quaisquer vínculos partidários demasiado definidos e castradores. Não sei se por isso mesmo, desapareceu, deixando o campo aberto e o monopólio ao inenarrável “Frente a Frente” da SIC Notícias. À atenção do PCP, normalmente tão lesto da defesa do “sector público”, eis um exemplo típico de como empresas do estado, esquecendo-se da sua tal função de “Serviço Público” (assim, com maiúsculas e tudo), podem funcionar, de facto, a favor e em favor do “privado”. Por mim, não vejo nisso problema de maior: por exemplo, a RTP e a sua má programação, com a respectiva queda de receitas publicitárias, ajudou durante os anos 90 à implementação das TV’s privadas e todos ganhámos com isso. O que me preocupa, isso sim, é se os portugueses, mesmo a minoria que vê os canais temáticos do “cabo”, já está de tal modo embrutecida que prefira os debates entre a “camarada” Odete e Narana Coissoró, o charme de Nuno Melo despejado sobre Ana Drago ou, para não deixar ninguém de fora, a verborreia de um tal Miguel Relvas ou daquele senhor do PS que acho que é de Angola e amigo de Mário Soares mas cujo nome me escapa, a uma discussão séria e aberta entre, por exemplo, Joaquim Aguiar e Paulo Varela Gomes. Prefere? Se calhar, sim...
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