Deprimente, é o que de melhor se pode dizer da cobertura das televisões portuguesas da noite eleitoral americana – confesso que me focalizei na CNN e na SKY, com passagens frequentes pela BBC, RTP N e SIC N. Sim, eu sei que a desproporção de meios para com as grandes cadeias americanas e internacionais era enorme - os meios tecnológicos e cenários utilizados pareciam uma comparação grosseira entre um foguete de aldeia e a cela de um frade capuchinho, de um lado, e o “Minority Report” e o hall do Ritz, do outro - e a RTP e a SIC não tinham acesso a sondagens próprias, restando-lhes o papel de “go-between” entre essas mesmas grandes cadeias e o telespectador português. Mas, que raio!, até esse papel de “go-between” poderia ter sido bem feito, o que não aconteceu. Confundiram-se projecções com votos reais, deu-se relevância a resultados correspondentes a uma minoria de votos contados em alguns estados, em muitos casos, em percentagens inferiores a 10% do total de votantes efectivos, concedeu-se importância desproporcionada ao resultado de estados à partida atribuídos a um ou outro candidato, não assumindo, portanto, esses resultados qualquer importância enquanto elemento indiciador do resultado final da eleição e, por último, não se comparavam “condado a condado” os resultados efectivos, que iam saindo, com idênticos valores da eleição Bush/Kerry de 2004, o que permitia, desde muito cedo a quem sintonizava a CNN, concluir que só um cataclismo retiraria a vitória a Obama. No meio desta confusão, na RTP N assistiu-se à pior performance que me lembro de ver a um Rodrigues dos Santos completamente atarantado, à “nora”, viu-se um “rapazinho” cuja função era coligir dados da net (uma redundância, pois isso era algo que todos podíamos fazer em casa) sem sequer saber interpretar os dados que coligia e “aturámos” ligações sem qualquer sentido ou interesse aos enviados-especiais nos USA, que nada tinham, de facto, a acrescentar pois tinham acesso às mesmíssimas fontes que eu sem sair de casa. Salvou-se Pedro Magalhães - como sempre - o único que sabia o que estava ali a fazer e ao que ia e, por isso, nos mandou para a cama logo que, com cerca de ¼ de hora de atraso, foram anunciadas as projecções do Ohio, favoráveis a Obama, pois o novo presidente dos USA estava encontrado. Foi o que fiz pouco depois das 3 e 1/2. Ah, claro, e a SIC N lá nos foi brindando com umas ligações ao “Hard Rock Café”, num género de “Caras” Notícias da noite eleitoral.
Um conselho: numa noite eleitoral como esta o essencial é conhecer as projecções e votações que, do modo mais exaustivo possível, nos permitam ter uma ideia sobre o resultado final, devendo os comentários incidir sobre essa evolução. Repetir, à exaustão, o que já fora dito sobre Obama, McCain ou a Srª Palin nos últimos meses está ali perfeitamente deslocado.
Um conselho: numa noite eleitoral como esta o essencial é conhecer as projecções e votações que, do modo mais exaustivo possível, nos permitam ter uma ideia sobre o resultado final, devendo os comentários incidir sobre essa evolução. Repetir, à exaustão, o que já fora dito sobre Obama, McCain ou a Srª Palin nos últimos meses está ali perfeitamente deslocado.
2 comentários:
Concordo plenamente.
Ia passando entre a SIC Noticías e a CNN e a diferença era abismal.
Se ao nível de meios esta diferença percebe-se (é o efeito de escala), já ao nível das análises foi por demais ridículo!
Obviamente, que com 1% dos eleitores de cada Estado já apurados, o que interesseva era fazer a comparação por condado já apurado com as eleições de há 4 anos!
A ligação ao hard-rock café faz lembrar os dias de transmissão dos jogos de futebol decisivos onde meia dúzia de pategos a beber minis na casa do Benfica manda uma bacoradas sobre a coisa!
É o que há ...
Obrigado pelo comentário. Nada a acrescentar.
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