domingo, dezembro 14, 2008

Duas notas sobre o "Fórum das Esquerdas"

  1. Tenho, digamos, uma posição “mista” em relação aos rankings escolares: partilho a posição daqueles que afirmam que, em última análise, as melhores escolas tendem a ser as frequentadas por uma maioria de alunos pertencentes a “meios” económica, social e culturalmente mais favorecidos, mas também penso que, desde que questões deste tipo sejam tidas em conta, nada de negativo advém da sua publicação e que, isso sim, ela pode constituir mais uma boa contribuição para a discussão das questões relacionadas com a melhoria do sistema de ensino, em geral, e da escola pública, em particular.

    Tendo dito isto, parece-me, politicamente, uma posição oportunista que uma parte da chamada esquerda conservadora, reunida no “Fórum da Esquerdas” que, na sua maioria, sempre manifestou posição contrária, ou grandes reservas, à publicação dos rankings, use agora Maria do Rosário Gama, presidente do conselho executivo da Escola Dona Maria de Coimbra, a escola pública melhor classificada, como “troféu” ou “emblema” no caso da avaliação dos professores, inclusivamente sem se dar ao trabalho de averiguar, de modo rigoroso, das razões dessa classificação. Alguma coerência seria, pois, razoavelmente bem-vinda.
  2. Alguém minimamente inteligente pensa que Manuel Carvalho da Silva estará presente no “Fórum das Esquerdas” sem o aval do PCP e sem que este veja nessa participação um activo, uma ponte importante e necessária à “satelização”, pela facção comunista, de outros sectores de esquerda representados na CGTP? Alguém pensa que a imagem “liberal” cultivada por Manuel Carvalho da Silva tem algo de cândido e inocente e que ela não corresponde aos interesses sindicais e políticos da CGTP e do PCP?

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