Hino do NSDAP - nationalsozialistische Deutsche Arbeiterpartei
Naquilo que reputo de uma feliz coincidência que muito me honra, José Pacheco Pereira tem incluído no seu excelente “Vírus”, no RCP (dias úteis, 09.15h), algumas canções revolucionárias (na sua génese, os nazi-fascismos eram movimentos políticos revolucionários, auto-intitulando-se de anti-capitalistas e anti-comunistas) que por aqui já passaram, tais como “Cara Al Sol”, hino da Falange, e o “Horst Wessel Lied" (aka “Die Fahne Hohe”), hino do partido nazi alemão (NSDAP - nationalsozialistische Deutsche Arbeiterpartei). Como disse, por aqui fizeram companhia a outras canções do mesmo tipo, tais como o belíssimo "Le Temps des Cerises", uma canção da Comuna de Paris, ou "El Ejercito del Ebro", talvez mais conhecido por "Ai, Carmela", tema republicano da Guerra Civil de Espanha.
Quando se referiu ao "Horst Wessel Lied", JPP mencionou-a como sendo uma "canção de cervejaria", relacionando esse ambiente popular e barulhento, promíscuo, das cervejarias alemãs, atulhadas de gente já um pouco ébria, com as características arruaceiras - de lutas de rua contra os "inimigos" comunistas, sindicalistas e sociais-democratas (e outros) - presentes na génese do NSDAP e, principalmente, das suas Sturmabteilung (SA). Tem razão. No entanto, gostaria de acrescentar algo.
As "canções de cervejaria" (as cervejarias são um espaço público popular na Alemanha – o putsch de Munique teve a sua génese numa cervejaria) são, na sua essência e origem, canções populares, levadas e cantadas nesses locais de reunião, conraternização e comemoração. Nesse sentido, pouco as distingue das canções de "pub" inglesas, para além das especificidades culturais e de local (o ambiente de um "pub" é diferente do de uma cervejaria alemã) que dão origem a formas musicais e mood and tones um pouco diversos. São esse tipo de canções, muitas vezes com "letras" adaptadas á situação que se vive no momento, que também vemos, por vezes, serem cantadas nas messes dos oficiais da RAF, nos intervalos dos seus duros combates como pilotos durante a WWII, acompanhadas ao piano, frequentemente já influenciadas pela sua apropriação pelas classes altas das universidades britânicas e também por hinos religiosos, eles próprios formas musicais populares. Aliás é muito interessante verificar que essas canções populares de confraternização e união, cantadas á volta do álcool, são frequentemente comuns às classes situadas nos dois extremos opostos da hierarquia social. Também se estivermos atentos, verificaremos que o muito lisboeta fado - canção popular urbana por excelência -, nas suas versões de contestação política que se vieram a perder tais como o "fado repúblicano" ou o "fado operário", também era cantado nas tabernas dos bairros populares pelos trabalhadores e carbonários que por aí se juntavam e conspiravam. Já sem canções, muitas das frustradas revoluções "reviralhistas" contra o "Estado Novo" foram discutidas e pensadas em cafés (existe mesmo a expressão "revolucionário de café"), locais de confraternização e convívio da pequena e média burguesia lisboeta.
Bom, mas voltemos ao "Horst Wessel Lied", ou "Die Fahne Hohe" ("bandeira ao alto"). O tal Horst Wessel, autor da letra em 1929 (a música era baseada num tema popular – lá está), era um relativamente destacado militante nazi dos primeiros tempos, em Berlim, morto por um membro do partido comunista alemão no ano seguinte. Daí até o partido dele ter feito mártir vai (foi) um pequeno passo. Parece, no entanto – pelo menos o partido comunista nunca assumiu o assassinato como uma questão política –, que a altercação que lhe deu origem terá sido mais uma questão de dinheiro ou de saias do que propriamente política (diz-se), até porque foi um acto isolado que nada teve a ver com qualquer das rixas de rua na altura frequentes. Nunca saberemos a verdade efectiva, mas o que é um facto é que o mal afamado Dr. Joseph Goebbels não deixou escapar tamanha oportunidade e o "Horst Wessel Lied" tornar-se-ia o hino do partido, tocado em todas as cerimónias oficiais em conjunto com a versão de então do Deutschlandlied, o Hino Nacional da Alemanha. Claro - escusado será dizer - que tanto essa versão do Deutschlandlied como o "Horst Wessel Lied" estão priobidos na Alemanha de hoje.
Quando se referiu ao "Horst Wessel Lied", JPP mencionou-a como sendo uma "canção de cervejaria", relacionando esse ambiente popular e barulhento, promíscuo, das cervejarias alemãs, atulhadas de gente já um pouco ébria, com as características arruaceiras - de lutas de rua contra os "inimigos" comunistas, sindicalistas e sociais-democratas (e outros) - presentes na génese do NSDAP e, principalmente, das suas Sturmabteilung (SA). Tem razão. No entanto, gostaria de acrescentar algo.
As "canções de cervejaria" (as cervejarias são um espaço público popular na Alemanha – o putsch de Munique teve a sua génese numa cervejaria) são, na sua essência e origem, canções populares, levadas e cantadas nesses locais de reunião, conraternização e comemoração. Nesse sentido, pouco as distingue das canções de "pub" inglesas, para além das especificidades culturais e de local (o ambiente de um "pub" é diferente do de uma cervejaria alemã) que dão origem a formas musicais e mood and tones um pouco diversos. São esse tipo de canções, muitas vezes com "letras" adaptadas á situação que se vive no momento, que também vemos, por vezes, serem cantadas nas messes dos oficiais da RAF, nos intervalos dos seus duros combates como pilotos durante a WWII, acompanhadas ao piano, frequentemente já influenciadas pela sua apropriação pelas classes altas das universidades britânicas e também por hinos religiosos, eles próprios formas musicais populares. Aliás é muito interessante verificar que essas canções populares de confraternização e união, cantadas á volta do álcool, são frequentemente comuns às classes situadas nos dois extremos opostos da hierarquia social. Também se estivermos atentos, verificaremos que o muito lisboeta fado - canção popular urbana por excelência -, nas suas versões de contestação política que se vieram a perder tais como o "fado repúblicano" ou o "fado operário", também era cantado nas tabernas dos bairros populares pelos trabalhadores e carbonários que por aí se juntavam e conspiravam. Já sem canções, muitas das frustradas revoluções "reviralhistas" contra o "Estado Novo" foram discutidas e pensadas em cafés (existe mesmo a expressão "revolucionário de café"), locais de confraternização e convívio da pequena e média burguesia lisboeta.
Bom, mas voltemos ao "Horst Wessel Lied", ou "Die Fahne Hohe" ("bandeira ao alto"). O tal Horst Wessel, autor da letra em 1929 (a música era baseada num tema popular – lá está), era um relativamente destacado militante nazi dos primeiros tempos, em Berlim, morto por um membro do partido comunista alemão no ano seguinte. Daí até o partido dele ter feito mártir vai (foi) um pequeno passo. Parece, no entanto – pelo menos o partido comunista nunca assumiu o assassinato como uma questão política –, que a altercação que lhe deu origem terá sido mais uma questão de dinheiro ou de saias do que propriamente política (diz-se), até porque foi um acto isolado que nada teve a ver com qualquer das rixas de rua na altura frequentes. Nunca saberemos a verdade efectiva, mas o que é um facto é que o mal afamado Dr. Joseph Goebbels não deixou escapar tamanha oportunidade e o "Horst Wessel Lied" tornar-se-ia o hino do partido, tocado em todas as cerimónias oficiais em conjunto com a versão de então do Deutschlandlied, o Hino Nacional da Alemanha. Claro - escusado será dizer - que tanto essa versão do Deutschlandlied como o "Horst Wessel Lied" estão priobidos na Alemanha de hoje.
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