Não sou dos que pensam estar vedada à igreja católica ou a qualquer outra a intervenção política, quer institucionalmente quer através de qualquer um dos seus membros ou organizações, desde que, claro está, efectuada dentro dos limites que a lei prevê para a generalidade dos cidadãos e associações; circunscrevo esse dever de reserva apenas a quem tem funções de segurança, defesa, justiça e outras de idêntico teor. Apesar da minha condição de não-crente, também não faz por aqui lei a ideia, tantas vezes apregoada no período posterior ao 25 de Abril, de estar vedado o púlpito à proclamação de ideias e ideais políticos (que em boa verdade são todos os pensamentos expressos), por parte de sacerdotes de qualquer crença, uma vez mais desde que conformes à lei. Isto significa que não vejo ferida de qualquer ilegitimidade a expressão de uma opinião política sobre o actual conflito ministério da educação/sindicatos respectivos, tal qual foi feita pelo Cardeal-Patriarca de Lisboa na sua mensagem natalícia, legitimidade acrescida pela importância que a igreja católica tem ocupado nos últimos séculos, com indiscutível sucesso, no sector da educação.
Mas tendo dito isto, e exactamente por isso e como seu resultado, é conveniente que se chame a atenção para o facto de que a opinião de D. José Policarpo, em particular, e/ou a da igreja católica, em geral, não é, neste caso específico, apenas dominado pelos seus interesses pastorais, mesmo que estes, tantas vezes, de modo mais ou menos nítido, se interliguem ou sobreponham com questões políticas. A igreja católica, pela importante posição que desde há muito ocupa no ensino em Portugal (e com indiscutível sucesso, assinale-se uma vez mais o que é de justiça), não pode aparecer no actual conflito como entidade detentora de uma posição de equidistância, de mediação e de neutralidade, que por esse motivo não pode ser a sua. Antes pelo contrário: por muito boa vontade que possa ter e soluções positivas que possa legitimamente propor, e que serão sempre bem-vindas, é parte interessada naquilo que se discute e no resultado final do processo. É sob esta luz, pois, que qualquer sua intervenção deverá também ser analisada.
Mas tendo dito isto, e exactamente por isso e como seu resultado, é conveniente que se chame a atenção para o facto de que a opinião de D. José Policarpo, em particular, e/ou a da igreja católica, em geral, não é, neste caso específico, apenas dominado pelos seus interesses pastorais, mesmo que estes, tantas vezes, de modo mais ou menos nítido, se interliguem ou sobreponham com questões políticas. A igreja católica, pela importante posição que desde há muito ocupa no ensino em Portugal (e com indiscutível sucesso, assinale-se uma vez mais o que é de justiça), não pode aparecer no actual conflito como entidade detentora de uma posição de equidistância, de mediação e de neutralidade, que por esse motivo não pode ser a sua. Antes pelo contrário: por muito boa vontade que possa ter e soluções positivas que possa legitimamente propor, e que serão sempre bem-vindas, é parte interessada naquilo que se discute e no resultado final do processo. É sob esta luz, pois, que qualquer sua intervenção deverá também ser analisada.
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