Uma vez mais vou tentar explicar a Manuel Alegre as razões políticas (as pessoais serão do seu foro íntimo) pelas quais será impossível ao PS encontrar, de modo consistente e estrutural, uma aliança de governação à soit disant sua esquerda. Como já por aqui tenho afirmado, PS, PSD e CDS compartilham um mesmo modelo político de base, a mesma ideia de vida: uma estrutura de sociedade ancorada na livre iniciativa política, social e económica dos indivíduos, consubstanciada na existência do multipartidarismo e na chamada democracia liberal de base parlamentar. Podem divergir no maior ou menor ênfase dado aos mecanismos de mercado, à protecção social e forma como esta se organiza, ao papel do estado na correcção dos desequilíbrios sociais e protecção aos mais fracos e desfavorecidos, no grau e forma de intervenção e regulação da economia, na maior ou menor abertura com que encaram a liberalização dos costumes e a concepção da vida, etc, etc. Podem mesmo, por vezes, apresentar profundas divergências em aspectos conjunturais, mas o modelo estrutural de base, na sua essência, é idêntico, não se confundindo, de modo algum, com as “democracias populares” apoiadas pelo PCP, quaisquer regimes populistas, mais ou menos musculados, “à sul-americana” ou utopias inconsistentes sugeridas pelo "Bloco". Mais ainda. Portugal é, de pleno direito e muito graças à visão política de um camarada de partido de Manuel Alegre, um estado-membro da União Europeia, que não me parece esteja nos objectivos de Alegre abandonar e que com a qual o país partilha estes valores e pensamento político. É, seguramente, um modelo cheio de injustiças que se devem procurar combater. Mas quer Manuel Alegre, por favor, indicar-me um outro mais justo?
Sem comentários:
Enviar um comentário