Quando eu era criança, talvez já adolescente, lembro-me o meu pai contar frequentemente a história do rapaz e do lobo, quando queria ilustrar, com uma alegoria, qualquer caso em que lhe parecia ser inexistente ou pequena a ameaça face ao grande alarido do anúncio respectivo. Todos conhecem a história: o rapaz que sempre anunciava na aldeia, em quase pânico mas só para se divertir e por puro egoísmo, o ataque iminente dos lobos esfaimados sem que isso alguma vez se concretizasse. Quando um dia os lobos vieram mesmo, ninguém acreditou e lá se foi o gado. Penso que também existe um cartaz de Abel Manta, saído por alturas do 25 de Abril (mas posso estar errado), em que um daqueles enormes canhões sobre carris, característicos da Grande Guerra, acabava por disparar uma pequena bala que se limitava a cair logo ali, à frente da sua enorme “boca” de cano sem que qualquer estrago daí resultasse.
Bom, já perceberam... Espero bem que, ao contrário do que aconteceu com os lobos na tal recôndita aldeia, nunca em Portugal se venha a gerar situação política, social ou outra suficientemente grave para justificar uma intervenção dramática do Presidente. É que, então, pode bem acontecer que ninguém o oiça, apesar da razão que, tal como agora, é de justiça ser-lhe atribuída.
Bom, já perceberam... Espero bem que, ao contrário do que aconteceu com os lobos na tal recôndita aldeia, nunca em Portugal se venha a gerar situação política, social ou outra suficientemente grave para justificar uma intervenção dramática do Presidente. É que, então, pode bem acontecer que ninguém o oiça, apesar da razão que, tal como agora, é de justiça ser-lhe atribuída.
Sem comentários:
Enviar um comentário