Algo que muitos comentadores e analistas ainda não conseguiram, ou não quiseram, entender é que para o PCP a importância do seu score eleitoral é relativa, daí que não sinta qualquer necessidade de subordinar demasiado o seu discurso a esse objectivo. Claro que o partido com certeza se sentirá mais confortável se aumentar a sua votação, até porque isso também aumenta a sua capacidade de atracção e reforça perante a opinião pública a sua imagem e “share of media”, mas uma importância maior assume aquilo a que a sua direcção denomina de “influência social” e que é relativamente independente (relativamente, sublinho) do número dos seus eleitores. É essa influência que lhe permite manter, directa ou através de sectores por si e pelas suas ideias e práticas (os chamados ”idiotas úteis”) atraídos e satelitizados, o poder em alguns sectores do aparelho de estado, como são os casos mais sintomáticos do ministério da educação e da administração pública. É essa influência, mais do que qualquer score eleitoral desde que este mantido dentro de certos valores, que lhe permite condicionar as políticas e reformas governamentais, obrigando a mantê-las dentro dos limites por si tolerados, isto é, não consentindo que essas reformas ponham em causa, significativamente, parcelas do seu poder.
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