Eu sou o Gato Maltês, um toque de Espanha e algo de francês. Nascido em Portugal e adoptado inglês.
segunda-feira, dezembro 31, 2007
domingo, dezembro 30, 2007
"A Guerra", de Joaquim Furtado e da RTP, o acontecimento do ano em Portugal
Mas o “Gato Maltês”, sem abdicar desse seu princípio, não gosta de ser injusto, e acha o já terá sido muitas vezes e o será de certeza ainda muitas mais, se a vida e a morte o permitirem. Se o for menos uma vez, fica desde já muito feliz. Por isso, quer desde já deixar aqui bem expresso que considera o acontecimento do ano em Portugal a exibição pela RTP dos primeiros episódios do documentário “A Guerra”, da autoria de Joaquim Furtado (o seu a seu dono). A começar pelo tema, arvorado até aqui em quase tabu ou tratado de forma parcelar e parcial, acho que menos por pudor mas mais por falta de fôlego e capacidade para o analisar na sua globalidade. Mas também pelo rigor histórico, pela abordagem global, pelo trabalho exaustivo de documentação que lhe está na base, pela independência, pela qualidade documental, pela realização depurada, pelo facto de ser exibido em horário nobre. Querem melhor exemplo da sua qualidade? O silêncio sepulcral que se seguiu à sua exibição, ao contrário da “peixeirada” gerada por um concurso idiota e sem qualquer representatividade que deu a vitória a Salazar.
Muito bem, pois!
A "ViniPortugal" e os vinhos portugueses
Nessas minhas já habituais surtidas, deparo frequentemente, em pleno corredor e utilizando um balcão para o efeito, com uma acção de prova e promoção de vinhos portugueses, levada a efeito pela ViniPortugal, associação inter-profissional do sector. Primeira surpresa: se a esmagadora maioria dos visitantes das Amoreiras são portugueses e a esmagadora maioria destes (99%?) já consome em quase exclusividade vinhos aqui do “rectângulo”, a acção não será algo de parecido a vender gelo no polo norte, isto é, qualquer coisa que talvez venha a ser necessário dentro e um ou dois milénios mas que se revela actualmente um disparate? Bom, mas manda a boa vontade pensar que se poderia dar o caso de se tratar apenas de um tentativa de upgrade, isto é, de levar os consumidores portugueses de vinhos também eles portugueses a comprarem e consumirem vinhos de maior qualidade, algo que descobri não ser verdade numa primeira abordagem mais atenta: a grande maioria dos vinhos em prova não pensaria sequer em comprá-los cá para casa, para consumo no dia a dia, quer por se tratarem de vinhos sofríveis quer por uma relação preço/qualidade medíocre. Para cada um dos que por lá vejo, facilmente faria uma lista de pelo menos meia dúzia com uma melhor relação qualidade/preço e, principalmente para os brancos, a preços a rondar os cinco euros por garrafa ou até menos.
Pois aqui começa já o desperdício e a ausência de uma réstia que seja de profissionalismo, mas o pior ainda está, neste momento, para vir. Provar um vinho, por modesto que ele possa ser, exige um momento próprio, vontade, alguma calma e concentração necessárias para nos apercebermos das suas características, para que com ele possamos criar ou não empatia, para que ele se nos revele. É algo para um momento reservado ou para fazermos com alguém ou um grupo que nos acompanhe. Nada, portanto, para ser feito como quem bebe uma cerveja, na balbúrdia de um corredor de centro comercial num princípio de tarde de domingo, entre barulho, correrias e até encontrões ocasionais, o que, em conjunto com o que veremos de seguida, só contribui para desvalorizar o vinho enquanto bebida que se quer promover (?). Mais ainda, exige copos adequados e, surpresa das surpresas, não vulgares copos de plástico (sim, de plástico!!!) que foi o que me foi dado observar das várias vezes que me aproximei e perguntei. E, imaginem lá os detractores da ASAE antes de virem a terreiro bradar “às armas”, não por uma qualquer decisão legal aplicada por esta, actualmente tão vilipendiada, instituição, mas pela administração da Mundicenter, gestora do espaço do centro. Fora eu dono das marcas e seria condição suficiente para desistir de qualquer acção de prova ou semelhante.
É talvez por esta conjugação de factores que por lá – nessas provas(?) - proliferam vinhos ignotos, e quem cuida das suas marcas se põe, e as põe, a bom recato. Mas o que é de facto espantoso é que a acção seja da responsabilidade (ViniPortugal) de quem deveria fazer exactamente o contrário: promover e valorizar os vinhos portugueses e não desperdiçar recursos na sua desvalorização. Pois é, mas este nosso incipiente mercado acaba por perdoar tudo, pelo menos por enquanto. Mas a continuar deste modo, pode ser que, assim, daqui a poucos anos e por “obra e graça” da ViniPortugal, seja mesmo necessário, talvez ainda não vender gelo no polo norte, mas promover, de facto, os vinhos portugueses aos meus concidadãos. Talvez já seja é tarde!
sábado, dezembro 29, 2007
sexta-feira, dezembro 28, 2007
"Call Girl" e "Corrupção"
"When I woke up this morning" - original blues classics (20)
quinta-feira, dezembro 27, 2007
Grandes Séries (25)
O vídeo é extraído do segundo episódio da série, um dos meus favoritos.
"Portugal, The West Coast of Europe". Elementos para uma avaliação consistente
- Quais os resultados e onde está a avaliação da campanha subordinada ao tema do Euro 2004?
- Como está a ser acompanhada, e em que parâmetros, a campanha "Allgarve"?
- O conceito “Portugal, the West Cost of Europe” é credível junto do público-alvo a que se destina? Que problemas se propõe resolver? Está de acordo ou em conflito com a estratégia turística actual? Uma campanha publicitária é a escolha adequada para “vender” o conceito? O investimento é suficiente? Os endorsees (os que “dão a cara” pela campanha – Cristiano Ronaldo, Mariza, etc) são compatíveis com a imagem que se pretende projectar? Quais as acções complementares programadas para “ajudarem” a criar consistência à campanha? De que modo vai essa mesma campanha ser monitorizada? Pode Portugal (ou qualquer outro país), assim “do pé para a mão”, mudar o seu “posicionamento” apenas com recurso a uma campanha de publicidade ou isso terá de ser resultado de um plano estratégico de longo prazo envolvendo várias vertentes? Existem alguns case studies, a nível internacional, que possam servir de referência?
Enfim, algumas outras perguntas poderiam ser feitas, mas estas são suficientes e fiquemo-nos por aqui, já que, assim, e na eventual ausência de respostas convincentes e factuais não justificadas por “acho que” ou “penso que”, poderia finalmente juntar-me ao coro dos maldizentes! Mas com uma diferença que não reputo de somenos: poderei justificar o porquê, pois claro!
quarta-feira, dezembro 26, 2007
O Sr. Biscaia, presidente da Câmara de Manteigas, gosta de túneis
Parece que o autarca de Manteigas, fazendo jus ao nome "lacticínico" da vila, quer ver a serra da Estrela esburacada tal qual queijo "emmental". Provavelmente acha que assim venderá mais queijos (os da “serra”), simpáticos cachorros da raça local, por sinal uma das minhas favoritas, e atrairá mais turistas para as anémicas pistas de ski lá do alto. Ridículo, dirão muitos. Ridículo, pois claro, mas, de uma maneira ou de outra, este não tem sido, entre algumas auto-estradas despropositadas, estádios para o Euro 2004, mono-carril de Oeiras e metro do sul do Tejo, acabando no novo aeroporto de Lisboa e no TGV para o Porto, o modelo de desenvolvimento prosseguido e que, durante muitos anos, nos foi apresentado como exemplo por muitos que não só não vivem em Manteigas como ainda se acham cidadãos do mundo?
"A Christmas Gift For You": The Phil Spector Xmas Album (9)
segunda-feira, dezembro 24, 2007
"A Christmas Gift For You": The Phil Spector Xmas Album (8)
domingo, dezembro 23, 2007
"A Christmas Gift For You": The Phil Spector Xmas Album (7)
A ASAE e a política
Sejamos uma vez mais claros. Não é por acaso – e sabemos que em política mesmo o que acontece por acaso deixa logo de o ser – que essa contestação aos modelos e métodos da ASAE tem partido essencialmente dos sectores políticos em que a oposição ao governo se tem mostrado mais activa e consequente, desde a direita nacionalista (com uma capacidade limitada), aos ultraliberais, passando por comunistas e “bloquistas” e acabando nos eurocépticos ou, mais propriamente, eurocríticos (ver meu post anterior), estes com expressão mediática relevante. Também não é por acaso que a actuação da ASAE, aparentemente e à partida destinada a uma relevância menor - quase de nota de rodapé de jornal - na actualidade portuguesa e até a obter um consenso favorável na opinião pública, ganhou um estatuto e uma dimensão aparentemente inesperadas: trata-se (ao contrário do que acontece com o novo aeroporto, o TGV ou o déficit orçamental, por exemplo) de um tema aparentemente pouco “técnico” e popular (devo dizer, susceptível de exploração e manipulação populistas?) com reflexo na vida do dia a dia do comum dos cidadãos (todos já usámos uma colher de pau e muitos comemos bolas de berlim nas praias das nossas infâncias ), e a sua contestação permite, conjunturalmente, unir eficazmente as diversas oposições ao governo em torno de um tema que desde cedo se tornou leit motiv dessa mesma contestação: a tal arrogância e autoritarismo que a oposição tenta colar ao governo e da qual este, fundamentalmente por erros próprios, tem tido muita dificuldade em descolar.
Tentemos ainda ser mais claros, por fim: será também por acaso que todos esses sectores partilham, em doses maiores ou menores, de um certo grau de eurocriticismo? Estará esse mesmo eurocriticismo a tornar-se a questão política chave da sociedade portuguesa, tal como em Espanha o é a questão das nacionalidades?
Ficam as perguntas... com algumas respostas já implícitas.
sábado, dezembro 22, 2007
"A Christmas Gift For You": The Phil Spector Xmas Album (6)
sexta-feira, dezembro 21, 2007
Fado - o acervo de Bruce Bastin
Nos últimos tempos o panorama tem vindo a mudar, muito por “obra e graça” de alguns nomes como Rui Vieira Nery, Ruben Carvalho, Eduardo Sucena, José Moças e outros de que não me lembro o nome e peço desculpa pela injustiça que esteja a cometer. Acto importante dessa mudança é a compra do acervo de Bruce Bastin, cuja decisão há anos se arrastava. É uma decisão que faz de Portugal um país um pouco mais civilizado, como civilizados são todos os que preservam a sua cultura e património, as suas tradições populares ou aristocráticas, o que só quem possui mentalidade tacanha e provinciana pode confundir com qualquer tipo de conservadorismo.
Por isso, o “Gato Maltês” associa-se ao acontecimento e saúda-o, divulgando uma das faixas do acervo de Bruce Bastin que foi editada em CD na década de noventa do século passado pela Strauss (“Arquivos do Fado”), uma gravação de 13 de Agosto de1928. Madalena de Melo, acompanhada por Armandinho na guitarra e Georgino de Sousa na viola, interpretando o “Fado Estoril”.
A Guerra Aqui (mesmo) Ao Lado (29)
[CNT, National Committee AIT, Office of Information and Propaganda. Fascism]. Signed: Monleón. Oficina de Información y Propaganda. Gráficas Valencia, Intervenido, U.G.T. C.N.T. Lithograph, 3 colors; 100 x 69 cm.
Here the Spanish conflict is presented as the struggle of man against beast. The revolutionary--red--hued, naked, and muscular--wields his hammer against a serpent coiled about his body; the man's nakedness reflects the purity of his cause, in contrast to the insidiousness of the coiled snake of fascism. The caption announces that the poster was produced by the anarcho-syndicalist trade union Confederación Nacional del Trabajo (CNT) in conjunction with the international anarchist organization Asociación Internacional de los Trabajadores (AIT). The presence of the AIT initials on anarchist propaganda gives the illusion that the domestic movement was backed by an international organization similar to the large and vigorous Communist International, or Comintern. In fact, by 1936 the AIT listed fewer than 100,000 members and was able to provide relatively little aid to Republican Spain. As the war progressed, the Communists, as administrators of Russian arms and supplies, progressively dominated the Republican camp. Lacking this international clout, the Spanish Anarchists, despite being numerically much larger than the Communists at the beginning of the war, found themselves increasingly marginalized and powerless. The artist Manuel Monleón (1904-1976), like his more famous contemporary, Josep Renau, was a graphic designer who specialized in photomontage techniques. He was committed to left-wing politics and in 1933 joined the radical artists' group, the Unión de Escritores y Artistas Proletarios, formed by Renau. In the same year his work was included in an exhibition of revolutionary art in Madrid. Monleón contributed to three left-wing Valencian publications before the war: Nueva Cultura, Orto, and Estudios; the latter was an anarchist-backed magazine which advocated free-love, and whose covers were often graced by Monleón's pictures of voluptuous, naked females. Between 1936 and 1939, Monleón produced propaganda posters for the CNT and the Partido Sindicalista. At the war's end, he was imprisoned for four years, after which he took exile in South America, first in Colombia and later in Venezuela. He returned to Spain in 1962.
The poster was produced under the aegis of the UGT and CNT control committee, which controlled the production process in Valencia until the Republican government transferred there from Madrid in November 1936. We can thus date the poster to the first months of the Civil War.
O "Gato Maltês" no "Público"
"A Christmas Gift For You": The Phil Spector Xmas Album (5)
A PSP e as novas pistolas
Em primeiro lugar uma recomendação: espero que ninguém tenha a má ideia de lhes entregar as ditas pistolas sem os respectivos coldres: com elas nos coldres já se sabe quão ligeiro é o dedo dos agentes da PSP para o gatilho fácil, o que faria sem eles. Em segundo lugar, lembrar a PSP que existem polícias, em países da UE mais desenvolvidos e de maior e mais grave criminalidade, que nem sequer andam armadas e não consta que, assim, sejam menos eficazes no combate à criminalidade. Em terceiro lugar, lembrar a PSP que uma boa parte do armamento utilizado pelo exército português durante parte significativa da guerra colonial datava da WWII, o que não o impediu de cumprir com tarefa de que foi incumbido (o facto de essa tarefa ser injusta e votada ao fracasso não foi culpa dele). Por fim, perguntar aos agentes da PSP quantas vezes, efectivamente, se viram obrigados a usar a arma em situações extremas (que são as únicas em que, de facto, devem ser usadas e sob normas bem restritas) e não apenas fazendo fogo na carreira de tiro ou usando-as no dito coldre como elemento dissuasor. Se tudo tiver corrido de acordo com as normas e o bom senso, aposto que muitíssimo poucas.
Triste país, este, em que a restruturação das polícias, tornando-as mais eficazes no combate ao crime organizado, começa pelas pistolas, cedência clara ao negócio e ao lobby corporativo.
quinta-feira, dezembro 20, 2007
Em defesa da ASAE
Confluem na contestação à actuação da ASAE – que, claro, como qualquer outra instituição ou entidade não está acima dela, mas cuja crítica se tornou numa moda com alguns laivos de pedantismo – vários grupos e ideologias, mas que podemos sintetizar nas seguintes áreas tipificadas.
À extrema direita, o saudosismo por um Portugal provinciano, de pequenos produtores e comerciantes, de uma ruralidade “salazarenta” que confunde tradição e preservação dos seus valores culturais essenciais com conservadorismo e imobilismo, esquecendo que esses mesmos valores só poderão ser mantidos vivos se e quando se poderem adaptar, sem perderem essa sua essência, ao correr dos tempos e da modernidade. São os saudosos do “pitrolino”, do leite vendido “porta a porta” em bilhas e manuseado e misturado como calha, das casas dos bairros sociais, em Lisboa, com o galinheiro ao fundo do quintal.
Um pouco por todo o lado estão os que fazem do eurocepticismo e do eurocriticismo o seu campo, e onde tudo o que, de modo directo ou longínquo, pode remeter para uma directiva ou sugestão de Bruxelas logo é classificado como filho (ou filha) dilecta e directa de Satanás, ai Jesus que nos despersonalizam. É a área que mais se confunde com um certo “pedantismo” individualista, que durante muitos anos achava que vivia na “piolheira” mas não dispensava uma ida a Paris para o cinema e que hoje contesta a “Europa” como fonte de abastardamento do seu very typical way of living. Um pouco de género: o que é bom é podermos comer uma “sande” de couratos, de preferência com a “barba” mal feita, um caldo verde com azeite adulterado ou de má qualidade numa tasquinha do “bairro” e um caneco de vinho da “pipa” já oxidado, e assim sucessivamente, pois é isso que nos confere individualidade, e depois embasbacarmos perante um Dom Perignon ou um Romanée Conti, feitos com recurso à mais moderna tecnologia do sector, ao mesmo tempo que elogiamos a ginginha vendida em Alfama na noite de Stº António, a pior que já alguma vez bebi. Se querem um exemplo típico deste grupo, ele aqui vai: Mª Filomena Mónica.
Depois, os ultra-liberais, claro, para quem a mínima regulamentação sobre o que quer que seja é vista, de imediato, como um atentado aos direitos e liberdades individuais, desde a obrigatoriedade do uso de cinto de segurança à existência de qualquer legislação sobre o trabalho ou sobre a venda de bolas de berlim com creme nas praias, em caixas sem climatização, à torreira de um sol de 40º. Provavelmente, não se importam de comer couratos com a barba feita pela lâmina que sobrou da higiene diária do dono, ou dona, da roulotte, mas eu importo-me que eles o façam. Acha mal, Helena Matos?
Ah!, e falta alguma esquerda que tem horror a tudo o que é grande indústria e comércio organizados, desde que o estado não seja o dono, sonhando com um país de pequenos e médios empresários tidos como explorados pelo “grande capital” e, de outro modo, pela ASAE, que impede a sua existência, o que uma análise com algum rigor por certo desmentiria e que, verdadeiramente, são aqueles que piores remunerações e condições de trabalho proporcionam aos seus trabalhadores. Claro que saberíamos o que aconteceria a esses pequenos e médios empresários. Ou não?
Nota final: para que não restem dúvidas, gosto da gastronomia tradicional, de vinho, não sou frequentador do McDonald's, bebo ginginha, detesto comida de plástico, não me quero ver obrigado a comer queijo da serra feito com leite pasteurizado (compro frequentemente Camembert e Brie no El Corte Inglés, originais, feitos com leite crú) e sempre comi “bolas de berlim” no Guicho e na Praia Grande. Ah, não fumo, excepto um charuto de vez em quando. Deve ser esse, talvez - o facto de não fumar -, o pecado.
"A Christmas Gift For You": The Phil Spector Xmas Album (4)
quarta-feira, dezembro 19, 2007
"A Christmas Gift For You": The Phil Spector Xmas Album (3)
Uma história do dia-a-dia, ou como só mesmo alguém do Brasil para me orientar na confusão
As "jotas"
terça-feira, dezembro 18, 2007
"A Christmas Gift For You": The Phil Spector Xmas Album (2)
segunda-feira, dezembro 17, 2007
Um Belenenses - Benfica de 1959
Mas enfim, como nessas décadas de 50 e 60 o meu pai estava muito perto do inner circle do “Belém”, o clube tradicional da família (só a minha geração já saiu benfiquista), nada melhor do que pesquisar em alguns livros sobre a história do clube, com dedicatória e assinatura dos autores e tudo, que fazem parte da biblioteca familiar da qual a minha mãe se assume como guardiã. Claro que, depois de com ela ter pesquisado durante uns bons 15 minutos, lá dei com a descrição muito “camisola azul e cruz ao peito” dos acontecimentos e com uma fotografia do Costa Pereira aparentemente socando a bola já dentro da baliza. Bom, apesar do árbitro ter sido um tal Macedo Pires, parece que tudo isto aconteceu no ano da “tal” história do Calabote e de um Benfica – CUF e Torreense – Porto na última jornada, mas o que é facto é que nesse dito jogo, se o “Belém” tivesse ganho igualaria o Benfica no topo da classificação e assim não aconteceu (a repetição também acabou empatada) e pronto, lá de foi, mais uma vez, a miragem do título para os simpáticos “pastéis” (o FCP acabou campeão, o que torna as coisas ainda bem piores).
Ah, mas isto vem a propósito de quê, para além da evocação sempre gratificante de algumas memórias de infância? Já sei! À noite, ao ver um Restelo, hoje em dia bem mais confortável, quase vazio (o “Público” fala em cerca de 5000 pessoas) a assistir ao jogo, lembrei-me, de imediato, de algumas fotografias vistas nessa tarde e nesses livros, de jogos com o Benfica e o Sporting: um Estádio do Restelo com 80 ou 90% da sua capacidade ocupada e um entusiasmo que se imagina. Pois, eu bem me queria parecer que isto ainda iria acabar em nostalgia...
"A Christmas Gift For You": The Phil Spector Xmas Album (1)
domingo, dezembro 16, 2007
sábado, dezembro 15, 2007
Ainda a "noite" do Porto
- Em primeiro lugar trata-se de uma gigantesca operação de propaganda para mostrar “serviço” e obter impacto mediático, campo onde quanto maior for o “espavento” mais o espaço e tempo conseguidos, principalmente nas televisões populares. De caminho tenta-se responder às preocupações do Presidente da República, que, como não é parvo, se deve estar a rir de tanta demagogia e a lamentar os recursos esbanjados e a triste figura feita. Nós também, claro.
- Em segundo lugar, face á deserção de uma boa parte da clientela, prestar um serviço inestimável ao negócio da “noite” do Porto, para que ele continue, tanto quanto possível, a sua actividade sem danos de maior para clientes, empresários e tudo o que vier por acréscimo (principalmente?). Business as usual... portanto.
Apenas ridículo? Talvez mais: patético!
sexta-feira, dezembro 14, 2007
A "noite" do Porto... (cont.)
Mourinho e o futuro
Claro que não estou a falar de um emprego qualquer, mas o de treinador em um entre aquela menos de uma dúzia de clubes (mais coisa, menos coisa) a que Mourinho, legitimamente, se sente com direito a aspirar: Real Madrid e Barcelona; Milan, Inter ou Juve; Bayern; Man. United, Arsenal ou Liverpool - ele que nunca treinou um “grande”, sem desprimor para FCP e Chelsea. E o facto do Chelsea continuar a ganhar com Avram Grant, e de este ter renovado contrato, em nada o ajuda, mesmo que tenhamos em consideração que foi ”José” que escolheu o plantel e Ballack e Shevchenko continuam em eclipse mais ou menos permanente.
Bom, e porque digo isto? Será que Mourinho não é um dos melhores treinadores do Mundo? Claro que é: estará entre aquela meia dúzia (mais coisa menos coisa, uma vez mais) que pode aspirar a essa classificação. Mas então?...
Bom, Mourinho é uma estrela; uma estrela mediática que não deixa espaço, junto de si, para que outros também o sejam. Ele não é o primus inter pares, é o 007, o herói individualista e bem parecido que enche o écran, destrói os terroristas e fica com a “pikena”. E ainda bem, Portugal precisa desse tipo de heróis. Mas a contrapartida é que isso requer um plantel sem estrelas, estruturado em função de si próprio e do seu modelo de gestão. Mas, dir-me-ão: Drogba, Lampard, Terry e Carvalho não são estrelas? Claro que não: são excelentes jogadores de futebol, dos melhores do mundo mas falta-lhes aquele “je ne sais quoi” para atingirem o estatuto de estrelas mediáticas (acrescento que ainda bem). Ora dificilmente, em algum desses clubes, Mourinho vai encontrar um plantel sem estrelas ou a possibilidade de as descartar (terão custado milhões e terão de ser rentabilizadas...). Por outro lado, já ganharam algo e estão em clubes de topo. Quantos directores desportivos e presidentes desses clubes quererão arriscar no perfil de Mourinho em função daqueles que são o seu registo e experiência anteriores? Quem lhe dará “carta branca” como de início teve no Chelsea?
Mais ainda. Não sendo propriamente um trouble maker, Mourinho tem um personalidade forte e, por isso, potencialmente conflituosa. O seu registo fala por si e não vale a pena acrescentar muito. Volto a afirmar, para que não restem dúvidas, que nada disto o diminui, antes pelo contrário. Mas esta personalidade, que faz parte dos seus activos, tem também o reverso da medalha: algum clube estabelecido quererá arriscar, desde que, eventualmente, possa ter acesso a uma outra opção de qualidade mas menos, digamos assim, problemática?
Poderão dizer: Mourinho deu-se ao luxo de recusar a selecção inglesa. Certo. Mas isso não significa tenha um convite irrecusável de um “grande”. Quantos treinadores de topo, que não estejam já na fase de pré-reforma e tenham feito o seu percurso bem sucedido em clubes, aceitam treinar selecções? Mesmo a inglesa que tem algo de único? Ter aceite não significaria uma manifestação de impotência, um atirar da toalha? Tendo recusado, Mourinho valoriza-se, perfilando-se como ainda aspirante a um desses clubes de topo. É uma excelente jogada mediática, mas que, pela simples razão de se ter visto obrigado a assumi-la, revela, sob a capa de uma posição de força, alguma fragilidade não completamente disfarçada.
Sinceramente, espero não ter razão.
quinta-feira, dezembro 13, 2007
Afinal o PCP é a favor do Tratado!!!
Não é preciso!: nada mais claro, não é assim? Então não estão a ver os militantes do PCP lá no "Centro de Trabalho" de Eiras de Cima a ler afincadamente os tratados e a discuti-los, no espírito e na letra, com o “camarada” Jerónimo? Ou será que o CC do PCP, tão voltado actualmente lá para as "latinaméricas", anda a ver os filmes do Mário Moreno, vulgo Cantinflas, que com alguma frequência têm passado na RTP Memória? Será que os seus membros já terão mesmo aprendido a dizer “Ai, mi gabardini?!!!" no fim dos seus discursos? Ou, pura e simplesmente, andam a “mangar” connosco e neste momento estão todos a rir que nem nababos?
De qualquer modo, o “Gato Maltês”, que se assume como federalista, pró tratado e não vê conveniência especial na convocação do referendo, agradece ao PCP a graça concedida, isto é, o seu inestimável contributo para a descridibilização da consulta referendária. É que, depois da péssima defesa do tratado efectuada por Gomes Cravinho e Sérgio Sousa Pinto no último “Prós & Contras”, bem estava a precisar de algum alento. Avante, pois, PCP: “junta a tua à nossa voz”!
A "noite" do Porto...
Na “Quadratura do Círculo” de ontem (SIC Notícias), Pacheco Pereira afirmou que os recentes acontecimentos na “noite” do Porto estão de certo modo ligados ao que ele sugeriu serem as relações espúrias entre alguma actividade económica (construção civil, por exemplo) e claques de futebol (mormente FCP), promiscuidade essa especialmente fomentada no tempo em que o PS era dominante na Câmara do Porto e à qual Rui Rio veio, de certo modo, pôr termo. Mais ainda, afirmou Pacheco Pereira ser um fenómeno específico da cidade do Porto (peço desculpa se o rigor não é total mas penso consegui exprimir, na generalidade, o que pensa e disse JPP) e que é sintomático que o filme “Corrupção” tenha por cenário a cidade.
Em primeiro lugar a minha “chapelada”: JPP consegue condensar numa frase, que é também um programa político, a defesa do seu amigo Rui Rio e o ataque a dois dos seus principais inimigos de estimação: a “futebolite” (a expressão é dele) e o Partido Socialista. Mas tem razão! Tem mesmo toda a razão, só que as suas afirmações se limitam a ser uma mera, embora verdadeira e tocando onde mais dói, constatação da realidade, e há que levar a análise um pouco mais longe, tentando encontrar as razões profundas dessa – vamos chamar-lhe assim – especificidade portuense. Pois vamos a isso, começando por afirmar que nada me liga ao Porto, cidade onde me desloquei maioritariamente por questões profissionais, onde nunca vivi e com a qual não mantenho laços familiares ou de excepcional afectividade.
Algumas pessoas do Porto costumavam dizer-me que Lisboa era uma cidade aristocrática e o Porto uma cidade burguesa, o que, podendo à primeira vista ser considerado uma versão do lugar comum “Porto, capital do trabalho” (todas as cidades portuguesas são, hoje em dia, capitais de qualquer coisa – até as Caldas da Rainha...?!), contém em si algo de verdadeiro: historicamente, Lisboa, capital do império, sempre foi a cidade da Administração, da Banca e dos grandes grupos económicos ligados ao capital financeiro e à aristocracia (Alfredo da Silva, por exemplo, casou a filha com o conde do Cartaxo, D. Manuel de Melo) e o Porto do empreendorismo burguês, mais individualista, mercantil e exportador. A própria localização das duas cidades parece não ser alheia a estes modelos, sendo que para as fábricas da zona de Lisboa emigram os proletários agrícolas do Alentejo e Ribatejo, sem terra, ou até camponeses das Beiras que pela distância perdem mais facilmente as suas ligações às “terras” de origem, e o Porto recruta a sua mão de obra no minifúndio circundante, onde essa ligação à terra se mantém e os proventos dela retirados ajudam à manutenção dos baixos salários numa indústria de pouco valor acrescentado. Também nas mulheres, fruto de uma indústria considerada mais “vocacionada” para a mão-de-obra feminina (têxteis, etc) e onde o salário assume muitas vezes a forma de um complemento ao rendimento familiar. É isto que, em traços muito gerais e grosseiros, o 25 de Abril vai encontrar, tendo como resultado uma muito maior implantação do PCP e "esquerda revolucionária" naquilo que passou para a história do PREC, e não só, como a “Cintura Industrial de Lisboa”. Mas como, com este “arrazoado” mais ou menos histórico, queremos chegar aos homicídios da noite portuense? Vamos ver...
É esta estrutura empresarial e social que faz com que a luta contra a hegemonia do PCP no pós 25 de Abril se venha a “centrar” no norte, muitas vezes com recurso a algum bas fond da região para determinado tipo de acções mais marginais, nas margens da legalidade mas, por necessidade, reconhecidas e incentivadas. É também este tipo de estrutura empresarial e estes acontecimentos históricos que vão dar origem a uma hegemonia económica do norte nos tempos subsequentes, tendo como ponta de lança e cimento ideológico o Futebol Clube do Porto na sua luta, também ela nem sempre clara e muitas vezes recorrendo a métodos mais ou menos subterrâneos, contra a “capital”, e constituindo a sua principal claque, com as suas ligações espúrias, uma “tropa de choque” (SturmAbteilung) disponível. É a partir da estrutura política do Partido Socialista no Porto e em aliança com ela, aliança começada a forjar durante o PREC e na luta contra o PCP por si maioritariamente dirigida (muitos futuros dirigentes do PS portuense, como Fernando Gomes, nascem aí), que este “modelo” alcançou força e influência políticas. É o empreendorismo e individualismo do norte, o seu espírito de iniciativa fundado em razões históricas e tão presente na sua estrutura empresarial onde a pequena empresa é elemento constitutivo essencial - e exemplo do sucesso desse esforço individual - que fomenta a livre iniciativa e ânsia de enriquecimento rápido, o que tendo muito de positivo, claro, também impele, numa região onde a formação escolar é tradicionalmente baixa, ao recurso a expedientes e actividades facilmente lucrativas mas nem sempre legítimas, muitas vezes ilegais ou, pelo menos, situadas na área da economia subterrânea. Por fim, é o menor cosmopolitismo do Porto ou até mesmo um certo provincianismo social, um certo novo-riquismo com raízes já fundas e moldado por esta estrutura, que tornará o negócio “da noite”, com características que bem o diferenciam de Lisboa, especialmente apetecível e lucrativo, porque muito frequentado e também ao abrigo de um estatuto de alguma impunidade estabelecido pelas cumplicidades ao longo dos anos forjadas e pelas interdependências tecidas.
Pois voltemos então ao princípio: tem razão José Pacheco Pereira (um portuense) quanto às especificidades da “noite” do Porto. Foi este o “caldo de cultura”, este entrelaçar de vários tráficos de influência e cumplicidades várias forjadas ao longo de anos, que, aqui traçado na forma de um esboço ligeiro, esteve e está na base dos acontecimentos recentes, o que torna o caso bem mais melindroso e de resolução complexa e prova, uma vez mais, como se isso fosse necessário, que tudo tem duas faces: muito do que jogou a favor da democracia, em determinado tempo e contexto históricos, joga agora contra ela. “Cruel dilema”, como diria Vasco Santana!
História(s) da Música Popular (69) - Ike Turner (1931 - 2007)
Para além disso, se me perguntarem qual o melhor exemplo daquilo que passaria à história como o “Phil Spector wall of sound” não deixaria de mencionar, espontaneamente e “top of mind”, este “River Deep, Mountain High”, gravado em Março de 1966 em LA e da autoria de uma das duplas mais famosas do Brill Building, Jeff Barry e Ellie Greenwich, cuja história começarei a contar, conforme prometido, no próximo “História(s) da Música Popular”. Fica, como amuse gueule, este "River Deep, Mountain High". E fica muito bem como tributo a Ike Turner.
quarta-feira, dezembro 12, 2007
Outras Músicas - Mozart, a Sotheby's e a Sinfonia Concertante KV 364 (V)
Sugestão de presentes de Natal para a PJ
terça-feira, dezembro 11, 2007
Outras Músicas - Mozart, a Sotheby's e a Sinfonia Concertante KV 364 (IV)
História(s) da Música Popular (68)
E assim sendo, até ao próximo capítulo dedicado ao Brill Building, agora com Jeff Berry e Ellie Greenwich.
O "Arrastão", o "europeísmo" e José Pacheco Pereira
Pergunta a Daniel Oliveira a propósito deste seu post: a sério, Daniel, que v. não se sente mesmo um nadinha incomodado, um frémitozinho ligeiro, que seja, por ver Miguel Portas concordar na substância com a argumentação eurocéptica (só?) de José Pacheco Pereira, o mais inteligente, bem preparado e consequente ideólogo em Portugal da doutrina "neocon" e dos interesses da administração Bush? Nem um bocadinho, mesmo? Sim, eu sei que Sérgio Sousa Pinto e Gomes Cravinho estiveram muito mal – poderiam ter estado melhor, sendo quem são e valendo o que valem? – e quase se poderia dizer que foram escolhidos a dedo pelos defensores do anti-europeísmo mais extremo para que MP e JPP brilhassem, mas essa está longe de ser a questão essencial, não é assim? Voltando ao que afirmei em outro post: estamos aqui perante a versão pós moderna do Pacto Germano-Soviético - salvaguardadas as devidas distâncias, evidentemente – ou face a uma ressureição da teoria do social-fascismo? Como quero ser benevolente, acho que se trata apenas de um “Ensaio Sobre a Cegueira”.
segunda-feira, dezembro 10, 2007
Outras Músicas - Mozart, a Sotheby's e a Sinfonia Concertante KV 364 (III)
Os portugueses e o café...
Serve este intróito para dizer quanto estranho o hábito, tão português, de sair após almoço ou o jantar para beber um “expresso”, não mais do que sofrível, no café da esquina, normalmente local pouco ou nada acolhedor ou recomendável, em vez de, em balão ou apenas naquelas pequenas cafeteiras prateadas de “ir ao lume”, beber um bom café (prefiro o “Moka Harrar” ou o "Colômbia Supremo", já que o Kona havaiano ou o Blue Mountain da Jamaica têm preços que desencorajam qualquer mortal sem aspirações a novo-rico emergente) sentado no meu confortável sofá da sala, acompanhado por um pequeno quadrado de chocolate preto e, por vezes, um excelente LBV não filtrado. Será que isto significa que não bebo café fora de casa? Claro que bebo, excepto no Algarve onde a qualidade da água torna o "beber um café fora" um sacrifício semelhante ao óleo de fígado de bacalhau. Mas normalmente faço-o de manhã, quando saio, já que o pequeno almoço, excepto ao fim de semana, não é normalmente dado às “grandes calmas” de degustar um bom café. Ou se almoço ou janto fora, claro. Mas isso de sair do conforto de uma casa e de um bom café em troca de um balcão frio e barulhento, ou então – nova moda – importar para dentro de casa o hábito do expresso ou do café em pastilhas, sem denominação de origem, do George Clooney, é pelo menos tão mau como o chá em saquetas, que está para o verdadeiro chá como o café solúvel ou o descafeínado estão para o café. Bom, mas isto do chá já outra conversa que fica para ocasião mais propícia.