Esta manhã, no Fórum TSF, foi-me dado ouvir um professor indignado com o facto da avaliação incluir um item que valorizava a sua capacidade, enquanto professor, para angariar exteriormente financiamentos para a própria escola. Pareceu-me que, pelo menos, um certo espanto perante tal revelação terá também atingido o jornalista coordenador da emissão e o próprio responsável da Confap (Confederação de Pais), Albino Almeida, não deixou de manifestar a sua discordância para com o assunto. Entendamo-nos.
Não vejo qualquer razão para um item deste teor não integrar a avaliação de um professor, desde que com um coeficiente próprio necessariamente inferior a alguns outros da área pedagógica. O que me parece estar aqui em causa, na base, são duas concepções distintas de professor e de escola, de sistema educativo: uma, que me parece ser a defendida pelos sindicatos e pela maioria dos professores e consubstanciada no slogan "deixem-nos ser professores", que pressupõe uma escola conservadora, com a gestão centralizada no respectivo ministério e onde os professores, uns melhor e outros pior consoante as suas capacidades, se limitam a dar aulas, isto é, a transmitir conhecimentos debitando a “matéria”; e outra, mais moderna e liberal, onde a escola é uma entidade dinâmica voltada para a comunidade, dotada de autonomia suficiente e em que o professor é parte activa e integrante de um projecto educativo e social, cabendo-lhe uma quota parte de responsabilidade na sua gestão e no cumprimento dos objectivos definidos.
Escusado será dizer qual a minha opção.
Eu sou o Gato Maltês, um toque de Espanha e algo de francês. Nascido em Portugal e adoptado inglês.
quarta-feira, dezembro 03, 2008
Dois tipos de professores, duas concepções de escola
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
3 comentários:
Uma das tiradas mais cómicas que ouvi nos últimos tempos, foi dita precisamente nesse fórum.
Um professor, depois de deitar abaixo o governo (que obviamente tem muitas culpas no cartório) em bloco - dizendo nomeadamente que era o responsável pela destruição de 3 grandes áreas: a educação, a justiça e a saúde - adiantou que mesmo o porta-voz da Confap era uma espécie de pau mandado do governo, uma vez que a Confap era subsidiada pelo governo.
E depois a tal tirada, qualquer coisa como "Esse senhor não é porta-voz dos pais coisa nenhuma, uma vez que houve pais que não votaram nele, nomeadamente eu". Isto é, só se é porta-voz de determinada classe ou extracto da população se for votado favoravelmente pela totalidade dos seus constituintes. E mesmo assim, é preciso que o dito senhor o tenha feito, também.
O que, segundo a sua óptica, retira a legitimidade ao PR perante cerva de 50% dos portugueses, isto só para dar uum exemplo. Já agora, gostava de saber com que percentagem foi eleito o presidente da Fenprof.
Meu caro, se não estivéssemos perante uma situação gravíssima, que se repercute nomeadamente no direito aos jovens à educação, seria caso para ver a coisa como anedota e rir.
Abraço
Tb ouvi essa. Um dos objectivos actuais de quem se opõe às reformas na educação é desacreditar a CONFAP, que, mtº siceramente, não sei o que vale ou deixa de valer mas tem mantindo uma posição de algum equilíbrio. Com mais ou menos votos tem exactamente a mesma legitimidade que a FENPROF ou a FNE.
Quanto à justiça, saúde e educação são exactamente as áreas mais carentes de reformas se queremos um país com uma justiça democrática, um serviço nacional de saúde eficiente e uma escola pública competitiva. Em suma, mais igualitário e civilizado. Na justiça o governo nem tentou, na saúde o Correia de Campos foi vítima de uma campanha ignóbil - do tipo "Maria da Fonte" - e das reformas que lá foi
fazendo e na educação espero o governo, apesar de todos os seus erros inclusivé aquele mais grave de nos tentar atirar poeira para os olhos c/ as estatísticas, não ceda.
Abraço
Enviar um comentário