Não existe retrato mais perfeito do modelo de funcionamento do Estado português, do ambiente que nele se respira e do "way of doing the things" nele prevalecente, do que estas cerimónias de "tomada de posse" entediantes e balofas, prenhes de discursos palavrosos e de um enfatuamento ao estilo "atento, venerador e obrigado", terminadas com uma cerimónia de "beija-mão" que mais parece uma apresentação de pêsames em missa de sétimo dia. Pelo menos os ingleses sabem fazê-lo com a "pompa e circunstância" devida e com sentido do espectáculo, caucionados por tradição justificativa mesmo quando ela não é tão antiga como se pretende fazer crer. E, questão de primordial importância, por certo nunca veremos comentadores e politólogos, jornalistas e afins, tentando interpretar palavra por palavra, parágrafo por parágrafo, o "Queen's Speech", lido pela rainha em nome do "seu" governo.
NOTA: Ah!, é verdade, parece que teremos dois programas de governo: o apresentado pelo Presidente da República e um outro, proposto pelo primeiro-ministro. Se quiséssemos fazer prova do enorme disparate que constitui o actual regime constitucional semi-presidencial, seria difícil encontrar melhor exemplo.
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