Sim, eu sei que o PS negociou e assinou, enquanto governo, o MoU - e fez bem em tê-lo feito - e isso baliza a sua actuação enquanto partido de oposição. Mas parece-me que nada disso nem ainda o facto de estar em processo de eleição de líder impede o partido de expressar em tempo oportuno a sua opinião sobre o programa de governo, como se espera que faça e é seu dever enquanto principal partido da oposição, único do chamado arco governamental. Mais ainda: o facto de ser, simultâneamente, um dos signatários do MoU e ter sido o segundo partido mais votado será até razão acrescida para que os portugueses, tanto os que o apoiaram como todos os outros, queiram saber da sua opinião sobre esse mesmo programa. Com este seu silêncio prolongado já durante demasiado tempo, o PS está a dar um sinal de fragilidade extrema e a abrir caminho ("a política tem horror ao vazio", não é?) a que a esquerda radical vá preenchendo, em parte, o espaço que deveria ser o seu. Digamos que os sinais que assim envia aos portugueses estão longe de serem positivos, até porque o país irá precisar - e muito - não só de quem se assuma como uma alternativa ideológica sólida ao governo mais ideológico desde a normalização democrática de 1976, como de quem saiba assumir e definir os limites em que se deve expressar um mais do que previsível descontentamento social futuro.
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