Não será novidade constatar a clara dessintonia existente nos últimos anos entre aquele que era o pensamento dominante na comunicação social (jornalistas, comentadores políticos e, principalmente, económicos, politólogos, etc) e a área ideológica de onde provinham os dois governos de José Sócrates, pese embora a pouca ortodoxia deste último neste aspecto. Se seria difícil a um governo maioritário resistir, chego a espantar-me como, perante uma cena mediática claramente hostil e numa conjuntura tão difícil, o último governo, minoritário, o conseguiu fazer quase dois anos. Não admira, pois, que pelo menos dois ministros e um secretário de Estado (para já) sejam oriundos da crítica mediática (Nuno Crato, Álvaro Santos Pereira e Francisco José Viegas). Têm a seu crédito a coragem assumida de passarem das palavras aos actos. Mas também, todos nós conhecendo o seu pensamento de ruptura, não só se aguarda com expectativa saber qual o seu grau de coerência enquanto governantes, como ter prova da sua, até agora desconhecida, capacidade política.
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