Não sei se depois de terem perdido a maioria absoluta, em 2009, o PS e José Sócrates terão mesmo tentado um acordo para um governo de coligação. Pese embora as suas afirmações em contrário, as evidências dizem que não, ou que o terão feito sem a convicção necessária, o que constituiu um grave erro. Mas também o correr do tempo nos diz, em função do que se passou entretanto (actuação do Presidente da República, programa eleitoral do PSD e, até, constituição e ideologia do próximo governo PSD/CDS) que dificilmente os partidos à direita estariam efectivamente interessados numa qualquer governação coligada (sobre PCP e BE não vale a pena sequer falar) com e sob a direcção do Partido Socialista e do então primeiro-ministro. Bom, eu sei que é sempre fácil acertar no Totobola à segunda-feira, mas hoje talvez se prove que nunca José Sócrates deveria ter aceite governar em tais condições (governo minoritário e P. R. adverso). Antes, teria talvez sido mais avisado declarar, depois de efectuadas tentativas exaustivas nesse sentido, que não tendo qualquer outro partido manifestado abertura a integrar um governo de coligação, o PS, face a uma conjuntura nacional e internacional de dificuldade extrema, não teria condições para governar com eficácia, colocando nas mãos de Cavaco Silva a resolução do problema. Pois... mas à segunda-feira todos acertamos.
Nota: ao mencionar o “perdemos muitos anos a recriar o que já estava criado, a recuperar experiência e competências que já existiam, a esbanjar recursos que poderiam ser canalizados para domínios mais carenciados e de maior urgência social”" a esquizofrenia de Cavaco Silva atingiu ontem um dos seus pontos mais altos, quiçá o mais alto: finalmente, descobriu que o ministro das Finanças do VI Governo Constitucional, o primeiro-ministro Aníbal António Cavaco Silva e o Presidente da República com o mesmo nome são pessoas diferentes.
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