Aqueles que defendem o "apuramento das responsabilidades pela crise" (as responsabilidades estão apuradas e devem-se, no mínimo e em proporções variáveis, á má governação dos últimos 25 anos) e o seu julgamento (a derrota nas últimas eleições corresponde ao julgamento político do último executivo pelos portugueses, o único possível quando não existe evidência de infracção da lei), têm do poder uma concepção autoritária e ditatorial, totalitária, na qual os vencedores, por revolução, "pronunciamento" ou "golpe de estado", subjugam e julgam policial ou militarmente os vencidos. Felizmente que nem no 25 de Novembro, quando a democracia ainda era muito frágil e o "golpismo" vigente na esquerda radical poderia tornar o recurso a tais práticas mais compreensível, tal concepção foi adoptada, pese embora Sá Carneiro tivesse pugnado em sentido contrário. No fundo, parece que mais portugueses são herdeiros da tradição autoritária de Sá Carneiro do que do exemplo democrático de Ernesto Melo Antunes.
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