sexta-feira, janeiro 15, 2010

Marcelo Rebelo de Sousa, o serviço público de televisão e os políticos-comentadores

Nunca fui leitor ou ouvinte muito fiel e atento dos comentários políticos de Marcelo Rebelo de Sousa, o que nada tem a ver com concordâncias ou discordâncias políticas, muito menos com menor consideração intelectual ou pessoal. Pura e simplesmente, o estilo e o género de comentário (melhor diria, o conteúdo e a forma), muito “a espuma dos dias e das coisas”, embora perfeitamente legítimo, não faz o meu género, embora lhe reconheça mérito e esteja muito longe de o menosprezar e às suas ímpares qualidades de comunicador (antes pelo contrário). Por isso mesmo, não vou aumentar o ruído de fundo com qualquer juízo valorativo sobre a decisão da RTP. Porquê? Porque prefiro realçar o problema não é de agora, é de longa data, o que significa que o serviço público de televisão desde sempre se deveria ter abstraído de ter como comentadores políticos dirigentes, ex-dirigentes, deputados, militantes destacados, etc, etc, de partidos políticos, com agenda política própria, deixando essa tarefa a quem de direito: jornalistas, politólogos, sociólogos, académicos e ”ofícios correlativos”. O debate político, esse, deveria ser entregue a programas específicos ao estilo “Corredor do Poder” (se possível, algo que, ao contrário de tal programa, não ofendesse a nossa inteligência), com participantes designados por cada partido político. Tudo seria mais transparente e acabavam-se, ou minoravam-se, os problemas.

Por isso mesmo, espero que a RTP – enquanto serviço público de televisão - aproveite agora a ocasião para proceder desse modo e, já agora, com o balanço adquirido, trate também de pôr termo àqueles programas de pseudo-debate desportivo com comentadores a defender as cores de cada um dos três maiores clubes (neste caso, penso ser só um, “Trio de Ataque”, na RTPN). Deixe essas coisas para os canais privados, se faz favor, que são livres de o fazer...

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