Uma questão (talvez a única), quanto a mim importante, que releva da mensagem de Ano Novo do Presidente da República é se, não se tratando de um comentário de Henrique Medina Carreira ou de uma crónica de Vasco Pulido Valente, muito menos das previsões da astróloga Maya, mas de uma comunicação aos portugueses do Supremo Magistrado da Nação, deve este utilizar expressões de tal gravidade ou potencialmente geradoras de algum alarme social como “podemos estar a caminhar para uma situação explosiva”. Principalmente sabendo nós todos que, embora o país esteja numa situação de extrema fragilidade (enfrenta uma necessidade inadiável de modernização social e económica – o seu principal objectivo – simultaneamente enfrentando graves problemas nas suas contas públicas, emprego e desigualdade social que muito condicionam o caminho para que se alcancem esses objectivos), a situação está longe de atingir o dramatismo da Irlanda (onde, apesar de tudo, não existe qualquer situação explosiva) ou até mesmo da bem mais comparável Grécia. Quanto a mim, seria de bom senso exigir a alguém que ocupa transitoriamente as funções de Presidente da República, sem prejuízo das exposição clara das suas ideias, responsabilidade política suficiente para evitar o dramatismo de tais expressões.
Dir-me-iam então: e não devem os políticos falar sempre verdade aos portugueses? Bom, independentemente do conceito de verdade absoluta conter em si mesmo algo de totalitário (haverá uma só verdade? “A verdade é só uma, Rádio Moscovo não fala verdade” - lembram-se?), para além da verdade ou inverdade das afirmações de Cavaco Silva na sua mensagem de Ano Novo - e já exprimi a minha opinião de que sendo grave e devendo ser enfrentada sem tibiezas, a situação actual estou certo não atingirá tais píncaros de dramatismo - e também independentemente de poder interrogar-me sobre se o presidente Aníbal Cavaco Silva terá sempre falado verdade aos portugueses (olhe que não...olhe que não!...), em termos gerais e abstractos a minha resposta terá de ser negativa: não! Por muito que isso possa parecer uma heresia numa época em que a coscuvilhice é rainha, não é absolutamente necessário, nem, muito menos, um dado adquirido, que os políticos devam dizer sempre a verdade aos seus concidadãos. Haverá ocasiões, e existem inúmeros exemplos disso ao longo da História mesmo vindos da parte de políticos e estadistas de excepção (no bom sentido, note-se!), em que, por questões de vária ordem, muitas vezes em situações dramáticas e mesmo em favor do bem comum, será preferível alguma contenção, por vezes meia verdade ou até uma pequena ou grande mentira. Aliás, devo dizer que não só o brandir da tal "verdade" está muitas vezes associado ás maiores tragédias da História, como o aceno sistemático dessa mesma “verdade”, como arma política, esconde normalmente, isso sim, alguma insuficiência nessa mesma luta política, um pouco de incapacidade para o debate das ideias, para o contraditório democrático, para o encontrar de soluções conjunturais negociadas entre quem tem da sociedade visões diferentes e, por vezes, até contraditórias ou antagónicas. Portanto, é essa “verdade” absoluta e insofismável por si apregoada um dos maiores obstáculos ao diálogo e aos acordos que O Presidente da República parece querer atingir.
Vindo de quem vem, nada de novo neste “país de tristes”. Mas por certo já teria sido tempo de ter aprendido...
Dir-me-iam então: e não devem os políticos falar sempre verdade aos portugueses? Bom, independentemente do conceito de verdade absoluta conter em si mesmo algo de totalitário (haverá uma só verdade? “A verdade é só uma, Rádio Moscovo não fala verdade” - lembram-se?), para além da verdade ou inverdade das afirmações de Cavaco Silva na sua mensagem de Ano Novo - e já exprimi a minha opinião de que sendo grave e devendo ser enfrentada sem tibiezas, a situação actual estou certo não atingirá tais píncaros de dramatismo - e também independentemente de poder interrogar-me sobre se o presidente Aníbal Cavaco Silva terá sempre falado verdade aos portugueses (olhe que não...olhe que não!...), em termos gerais e abstractos a minha resposta terá de ser negativa: não! Por muito que isso possa parecer uma heresia numa época em que a coscuvilhice é rainha, não é absolutamente necessário, nem, muito menos, um dado adquirido, que os políticos devam dizer sempre a verdade aos seus concidadãos. Haverá ocasiões, e existem inúmeros exemplos disso ao longo da História mesmo vindos da parte de políticos e estadistas de excepção (no bom sentido, note-se!), em que, por questões de vária ordem, muitas vezes em situações dramáticas e mesmo em favor do bem comum, será preferível alguma contenção, por vezes meia verdade ou até uma pequena ou grande mentira. Aliás, devo dizer que não só o brandir da tal "verdade" está muitas vezes associado ás maiores tragédias da História, como o aceno sistemático dessa mesma “verdade”, como arma política, esconde normalmente, isso sim, alguma insuficiência nessa mesma luta política, um pouco de incapacidade para o debate das ideias, para o contraditório democrático, para o encontrar de soluções conjunturais negociadas entre quem tem da sociedade visões diferentes e, por vezes, até contraditórias ou antagónicas. Portanto, é essa “verdade” absoluta e insofismável por si apregoada um dos maiores obstáculos ao diálogo e aos acordos que O Presidente da República parece querer atingir.
Vindo de quem vem, nada de novo neste “país de tristes”. Mas por certo já teria sido tempo de ter aprendido...
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