sexta-feira, janeiro 22, 2010

História(s) da Música Popular (152)

Dixie cups

Mardi Gras indian



"Bubblegum" (III)

Ora continuando por este tema das influências mais ou menos longínquas da "bubblegum music" vindas da área das “novelty songs”, um dos temas normalmente citado é este “Iko Iko”, gravado pelas Dixie Cups (New Orleans) em 1965. Estas mesmas Dixie Cups (já agora: Dixie Cup é também uma marca de copos de papel descartáveis), um dos “girl groups” produzidos por Phil Spector e ligados umbelicalmente ao Brill Buildig, já tinham sido por aqui glosadas a propósito de “Chapel of Love” (1964), um original de Ellie Greenwich, Jeff Barry e do próprio Spector, que foi o seu maior êxito, atingindo o #1 do Billboard durante 3 semanas.

Pois este “Iko Iko”, sob o nome de “Jock-A-Mo” um original de 1953 escrito por um outro músico da “Crescent City”, James “Sugar Boy” Crawford”, parece ter algo que ver com o Carnaval (Mardi Gras) de New Orleans e o desfile de “tribos” (grupos) de afro-americanos com indumentárias inspiradas pelos índios norte-americanos, os chamados “Mardi Gras indians”. Digamos assim que algo de longinquamente mais ou menos parecido com o desfile das escolas de samba no Carnaval do Rio ou com as mais modestas lisboetas marchas de Stº António, igualmente com as suas hierarquias e personagens ("flag boy", "chief", etc) que assumem papéis específicos em cada grupo. Como a minha única visita a New Orleans não teve lugar no Carnaval local, a informação recolhida vale o que vale – mas acho vale alguma coisa. Mas o que é facto é que o que poderíamos chamar de efeito “novelty song” deriva em grande parte da sua “letra”, na sua maioria sem qualquer sentido e intraduzível para que, assim, se assuma baseada em qualquer língua nativa, o que não corresponde à realidade. Querem a prova?

“Talkin' 'bout
Hey now (hey now)
Hey now (hey now)
Iko iko an nay (whoah-oh)
Jockomo feena ah na nay
Jockomo feena nay”

Mas pronto: quem, nesta história das “novelty songs” e da sua parente mais ou menos próxima “bubblegum music,” se preocupa com qualquer realidade que não seja a de “curtir” o momento?

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