sábado, janeiro 23, 2010

"Apito Dourado": O mais do que triste papel da comunicação social e onde se aproveita também para falar de Vale e Azevedo

A comunicação social há muito conhecia o teor das escutas do processo “apito dourado”, agora “escarrapachadas” na internet: essas escutas – como tantas outras - foram em devido tempo publicadas nos seus jornais. Mais, a comunicação social, com acesso aos bastidores do futebol português, há muito sabia aquilo que toda a gente já sabia ou de que tinha, pelo menos, mais do que fortes suspeitas: quem eram alguns dos principais responsáveis e agentes do futebol português e o modo como se comportavam e o geriam. Nada de novo: alguns deles (será necessário citar o nome de Valentim Loureiro?) possuíam um longo registo (poderei dizer “cadastro”?) de factos e actos que falavam por si de modo bem explícito. Mas essa mesma comunicação social, em vez de investigar, denunciar e provar, como seria sua obrigação, factos e actos, preferiu, salvo muito raras excepções, promover figuras como Pinto da Costa e Valentim Loureiro (e cito estes por uma questão apenas factual: haverá muitos outros) a exemplos "ensinados às crianças e lembrados ao povo", enaltecendo a sua capacidade de empreendedores e o seu génio gestionário capaz levar clubes à conquista de títulos, internamente e na Europa, e à glória suprema - no caso de Valentim Loureiro também à falência; mas... who cares? Já a sabíamos – a uma grande parte da comunicação social - pouco séria, a desportiva servindo interesses clubistas e agenciais, mas agora também a sabemos conivente em tudo o que aconteceu. Deverão, pois, ser os primeiros a ter vergonha na cara.

Nota final: depois disto, importa-se a justiça, pelo menos por umas "semanitas", de deixar Vale e Azevedo em paz e sossego? Inocente? Quem o deve fazer - os tribunais - já disse o não era e por isso cumpriu pena. Mas, por isso mesmo e pelo que vimos e ouvimos, mais me parece ser apenas um pobre aprendiz de feiticeiro, inábil e desajeitado, um émulo de Jerry Lewis “pé no balde e bola na cara”, um pobre Charlot a quem o valentão da rua “passa permanentemente a perna”, uma espécie de coiote sem arte e sem sorte vítima das suas mal amanhados armadilhas, sem aquele traquejo de quem aprendeu o ofício nos becos e nas vielas, nas lutas de “ponta e mola”, nas casas de alterne e na pequena traficância de ocasião. Enfim... não é "um homem do norte", carago!!!

4 comentários:

Rui disse...

Caro JC,

Tem toda a razão na sua critica à comunicação social portuguesa. É efectivamente muito má, muitas vezes a roçar o rasca. Mas convem não esquecer o PGR que parece merecer uma estátua em S. João da Madeira, tendo em conta o seu desporto preferido - a apanha de bonés...

JC disse...

Bom sentido de humor, caro Rui. Ainda para mais é a verdade!

gin-tonic disse...

Sim, JC, todos conheciam aquelas conversas. Mas, terás que concordar, que aquilo com pronúncia do norte, tem outro perfume...

JC disse...

Sem dúvida. Mas não isenta os aqui visados, até pq quase apostava já tinham ouvido as gravações.