Uma vez mais: a questão do aumento de salários da Função Pública é apenas a parte visível do iceberg, aquilo que, por simples e rapidamente quantificável, permite uma leitura mais imediatista com a subsequente maior facilidade de mobilização dos trabalhadores por um objectivo expresso de modo bem tangível, conseguindo mesmo, embora de forma cada vez mais mitigada, captar aqui e ali ainda as simpatias de outros sectores da sociedade. Independentemente de mesmo essa questão ser apresentada de uma forma incorrecta e errónea por sindicatos e partidos seus apoiantes (num esquema de progressão automática nas carreiras, o cálculo correcto deve efectuar-se comparando a variação da massa salarial total entre os diversos anos e não apenas os aumentos salariais, o que levaria a conclusões bem diversas das expressas repetidamente pelas estruturas sindicais – no sector privado, mesmo sem progressões automáticas, é assim que se processam os aumentos salariais), o que está realmente em causa são questões como a avaliação de desempenho, a progressão automática nas carreiras, os processos de selecção, o modelo de gestão das escolas e de selecção de professores, a estrutura organizativa da FP, etc, etc. Não nos iludamos, a “luta” pelo aumentos salariais, que por vezes chega a parecer ridícula dada a irrelevância dos montantes em causa e o desenlace conhecido à partida, constitui apenas uma forma priveligiada para, através da mobilização dos trabalhadores do sector mostrando algum poder na rua, pressionar o governo no sentido da manutenção do actual status quo, o único que ainda permite ao PCP partilhar algum poder no aparelho de estado.
Sem comentários:
Enviar um comentário