Muito se tem dito e escrito sobre a selecção portuguesa de futebol depois do empate com a Albânia, mas, desculpem-me a arrogância, muitas vezes não focando o essencial, não o conseguindo isolar de outros factores acessórios ou, pura e simplesmente, colocando todos esses factores a um idêntico nível de importância. O que pretendo analisar aqui (veremos se o consigo) é, independentemente da substituição A por B, da "forma" do jogador X ou Y, da opção táctica W ou Z ou das lesões de C ou D, qual é, de facto, o factor determinante no descalabro da selecção. Ora, vamos lá ver se isso é possível, agora que as águas perderam um pouco da sua fervura inicial.
Por personalidade, concepção sobre qual o seu trabalho e o melhor modo de o executar, formação, perfil técnico, etc (talvez de tudo um pouco), Carlos Queiroz introduziu, propositada e conscientemente, uma ruptura nos conceitos de gestão de Scolari. Quebrou o conceito de “inner circle”, herdado de Scolari, e substitui-o por um conceito mais abrangente nas convocatórias; não convocou Ricardo (o que foi o primeiro sinal) e chamou Eduardo, o eleito do "povo” e da crítica mas sem qualquer experiência relevante a alto nível; passou a observar ao vivo os jogos onde intervinham potenciais seleccionados, chegando ao extremo do ridículo de ir à Grécia observar um tal Edinho; focou desde o início a necessidade de jogar bom futebol, contra o conceito mais pragmático do resultado acima de tudo (“meio a zero”) defendido por Scolari; pôs de parte os “banhos de multidão”, resguardando jogadores; acabou com as conferências de imprensa quando das convocatórias, confiante num certo “estado de graça” junto dos “media”; não sendo uma personalidade carismática, ao que dantes era vibração e “sound bytes” contrapôs um discurso cinzento e confuso, uma ausência de uma ideia-força que rapidamente pudesse ser captada por todos, jogadores, jornalistas e adeptos; ontem, ao contrário do que fez Scolari, que afrontando o FCP no “caso” Vítor Baía colocou 2/3 dos adeptos portugueses “ferozmente” do seu lado, sentou-se ao lado de Pinto da Costa, depois de se ter incompatibilizado com Soares Franco, colocando esses mesmos 2/3 inexoravelmente contra si, o seu erro mais grave até agora sabendo-se que o sucesso da selecção, qualquer que seja o seu responsável, nunca foi nem será do interesse “deste” FCP. Por último, é talvez por esta sua opção em levar a ruptura com o passado recente para lá do do racional que perde o jogo com a Dinamarca, ao insistir, ao contrário do que faria Scolari - que tentaria defender o 2-1 “à outrance” - em não colocar jogadores altos em campo para se precaver do, mais do que provável, “chuveirinho” dinamarquês.
Esta estratégia de ruptura será talvez o seu erro de base (mas pergunto-me se poderia ser de outra forma, tendo em conta o seu perfil), a questão-chave (key issue), à qual se subordinam todas as outras, responsável pelo seu, até agora, insucesso no comando da selecção, sabendo nós quanto essas situações de ruptura com um passado recente, em que o “novo” ainda não domina e o “antigo” está bem presente, são geradoras de instabilidade e indefinição, de algo que não se sabe bem o que seja, o que foi bem visível no “cada um por si” do jogo com a Albânia. Não sendo uma personalidade carismática, que rapidamente se imponha por um olhar ou uma frase, um gesto, essa característica tende a agravar ainda mais este estado de terra de ninguém em que navega a selecção, responsável último pelo seu insucesso recente. Responsabilidade de Queiroz? Sim, claro, mas principalmente de quem o contratou, sabendo que o seu perfil nunca se enquadraria num projecto de continuidade, mesmo que alterando o que de menos bom havia para alterar (e existiam algumas coisas), mas de ruptura, fazendo tudo voltar ao princípio. É provável que o tempo ajude a consolidar o seu “modelo” de gestão, apagando algumas das marcas do passado, o actual estado de indefinição. Mas existe algo que Madaíl e Queiroz não poderão esquecer: Queiroz e os seleccionados, ao contrário do que acontecia nos juniores, terão muito pouco tempo juntos, e o “beija-mão” de ontem a Pinto da Costa, autêntico pacto com o Diabo, talvez lhe tenha selado o destino.
Por personalidade, concepção sobre qual o seu trabalho e o melhor modo de o executar, formação, perfil técnico, etc (talvez de tudo um pouco), Carlos Queiroz introduziu, propositada e conscientemente, uma ruptura nos conceitos de gestão de Scolari. Quebrou o conceito de “inner circle”, herdado de Scolari, e substitui-o por um conceito mais abrangente nas convocatórias; não convocou Ricardo (o que foi o primeiro sinal) e chamou Eduardo, o eleito do "povo” e da crítica mas sem qualquer experiência relevante a alto nível; passou a observar ao vivo os jogos onde intervinham potenciais seleccionados, chegando ao extremo do ridículo de ir à Grécia observar um tal Edinho; focou desde o início a necessidade de jogar bom futebol, contra o conceito mais pragmático do resultado acima de tudo (“meio a zero”) defendido por Scolari; pôs de parte os “banhos de multidão”, resguardando jogadores; acabou com as conferências de imprensa quando das convocatórias, confiante num certo “estado de graça” junto dos “media”; não sendo uma personalidade carismática, ao que dantes era vibração e “sound bytes” contrapôs um discurso cinzento e confuso, uma ausência de uma ideia-força que rapidamente pudesse ser captada por todos, jogadores, jornalistas e adeptos; ontem, ao contrário do que fez Scolari, que afrontando o FCP no “caso” Vítor Baía colocou 2/3 dos adeptos portugueses “ferozmente” do seu lado, sentou-se ao lado de Pinto da Costa, depois de se ter incompatibilizado com Soares Franco, colocando esses mesmos 2/3 inexoravelmente contra si, o seu erro mais grave até agora sabendo-se que o sucesso da selecção, qualquer que seja o seu responsável, nunca foi nem será do interesse “deste” FCP. Por último, é talvez por esta sua opção em levar a ruptura com o passado recente para lá do do racional que perde o jogo com a Dinamarca, ao insistir, ao contrário do que faria Scolari - que tentaria defender o 2-1 “à outrance” - em não colocar jogadores altos em campo para se precaver do, mais do que provável, “chuveirinho” dinamarquês.
Esta estratégia de ruptura será talvez o seu erro de base (mas pergunto-me se poderia ser de outra forma, tendo em conta o seu perfil), a questão-chave (key issue), à qual se subordinam todas as outras, responsável pelo seu, até agora, insucesso no comando da selecção, sabendo nós quanto essas situações de ruptura com um passado recente, em que o “novo” ainda não domina e o “antigo” está bem presente, são geradoras de instabilidade e indefinição, de algo que não se sabe bem o que seja, o que foi bem visível no “cada um por si” do jogo com a Albânia. Não sendo uma personalidade carismática, que rapidamente se imponha por um olhar ou uma frase, um gesto, essa característica tende a agravar ainda mais este estado de terra de ninguém em que navega a selecção, responsável último pelo seu insucesso recente. Responsabilidade de Queiroz? Sim, claro, mas principalmente de quem o contratou, sabendo que o seu perfil nunca se enquadraria num projecto de continuidade, mesmo que alterando o que de menos bom havia para alterar (e existiam algumas coisas), mas de ruptura, fazendo tudo voltar ao princípio. É provável que o tempo ajude a consolidar o seu “modelo” de gestão, apagando algumas das marcas do passado, o actual estado de indefinição. Mas existe algo que Madaíl e Queiroz não poderão esquecer: Queiroz e os seleccionados, ao contrário do que acontecia nos juniores, terão muito pouco tempo juntos, e o “beija-mão” de ontem a Pinto da Costa, autêntico pacto com o Diabo, talvez lhe tenha selado o destino.
2 comentários:
Ainda mais engraçado é que o PC deveria estar suspenso por "tentativa" de corrupção!
Estão colocados os dedos em todas as feridas, pelo menos naquelas que saltam à vista mas ninguém quer ver. Uns por cegueira, outros por interesses vários. Deverão outras que - ainda! - não transpiraram cá para fora. Impossível ser-se mais sucinto e claro.
Um abraço
Enviar um comentário