sábado, novembro 30, 2013

sexta-feira, novembro 29, 2013

Friday midnight movie (65) - Gothic/Horror (XIV)

"City of the Dead" (aka "Horror Hotel") - 1960
Filme completo c/ legendas em castelhano

O PS no "Fórum TSF"

  1. Esta manhã, no "Fórum TSF" em que se pretendia analisar o actual papel do PS enquanto oposição, assistiu-se a um corropio de "discos pedidos", desculpem, de chamadas "encomendadas" de militantes do PS defendendo a actuação do seu líder. Eu sei que colocados os ouvintes da rádio perante este tema, a situação seria sempre desvantajosa, entalado que está o PS entre os que o criticam por não ser mais colaborante com o actual governo e os que, dentro e fora do partido, o fazem por ser frouxo enquanto oposição. Mas este tipo de "discos pedidos", repetindo um ladaínha que só tem paralelo, a nível da actual maioria, com a mediocridade de idênticas intervenções das Teresas Leal Coelho e Franciscas Almeidas deste mundo político, apenas acaba por provar aquilo que, à partida, pretenderiam combater: a imagem demasiado fraca e insegura de António José Seguro e a pouca consistência do PS enquanto oposição.
  2. Uma outra nota: por muito que o PS fale das "não sei quantas propostas alternativas apresentadas", no que se assemelha estranhamente ao PCP quando este é acusado de ser um partido apenas de "protesto", dessas, a esmagadora maioria dos portugueses guardará apenas uma - a redução do IVA da restauração - que, a ser implementada, até me parece ser aquela de mais duvidosa justiça e de mais questionável sucesso. Definitivamente, o que os portugueses esperam do PS não é este tipo de propostas, mas a capacidade do partido se apresentar como alternativa global, o que não se constrói somando um determinado número de propostas avulsas, mas construindo uma imagem global que começa no perfil e carisma do seu próprio líder e termina na capacidade do partido afirmar um caminho único e facilmente identificável. Utilizando um "chavão" do "marketing": de os portugueses verem nele um posicionamento único e distinto. 

quinta-feira, novembro 28, 2013

Frivolidades ou "coisas de gajo": as meias "argyle"

O "Gato Maltês" tem um problema: gosta muito de meias "argyle" (ditas, "de losangos"), coisa que herdou por alguma influência paterna, e como só as usa de lã (não aquelas de fibra da Burlington ou, pior ainda, das que se vendem nas lojas "Pédemeia") e até ao joelho, tem cada vez mais dificuldade em as encontrar em Lisboa. Acresce que como actualmente a sua vida já não obriga a fato, veste quase diariamente roupa mais informal (casacos de "tweed", calças de flanela ou bombazina, "jeans", "pullover",etc), com a qual as meias "argyle" vão muitas vezes mesmo a calhar, sendo por isso conveniente ter número suficiente de exemplares em "stock". Como tem também bastante tempo livre, depois de umas voltas por Lisboa lá conseguiu encontrar três ou quatro locais onde, para os "cotas", ainda é possível comprá-las (requereu algum esforço, confesso), e por isso deixa aqui uma "dica" para os interessados. Ora aqui vai:

  • "Lourenço & Santos" (Praça dos Restauradores) - "carotas" (€30) mas de muito boa qualidade.
  • "San Giorgio" (Largo da Graça) - tal como o Lourenço & Santos pertence hoje em dia às "Confecções do Homem". Mesma qualidade e preço.
  • "Labrador" - mistura de lã (40%) e fibra, mas boa qualidade e preço convidativo (€15). Apenas dois padrões.
  • A "Camisa d'Ouro" (Largo do Rato) tinha até há pouco tempo alguns exemplares restantes, de anos anteriores. Custavam €15 e pode ser que ainda restem por lá um ou outro, dependendo do tamanho.
  • "Principe de Gales" - uma loja quase ignorada na Avenida Miguel Bombarda. Boa qualidade a €30 o par.
E agora digam lá quem é amigo, quem é?

Lucy in the Sky with Diamonds (33)

quarta-feira, novembro 27, 2013

4ªs feiras, 18.15h (57) - Ettore Scola (II)


Filme completo c/ legendas em castelhano

Billboard #1s by British Artists - 1962/70 (9)

The Animals - "House Of The Rising Sun"
(05-09-1964)

Um aviso ao governo

A ocupação de ministérios por alguns sindicalistas, a subida da escadaria da Assembleia da República por manifestantes das forças de segurança e a tentativa de desfile pela ponte 25 de Abril, organizada pela CGTP, têm todas elas a mesma raiz: a constatação de que mais uma manifestação ou greve como as outras, sem que nada de essencial as distinga, se transformaram em acontecimentos banais, sem grandes resultados práticos ou repercussões mediáticas, e que é pois necessário, também neste campo da luta sindical e das acções de rua, inovar, fazer diferente. Em certa medida, podemos dizer que o recurso a estas novas formas de actuação é consequência da constatação de um fracasso, ou pelo menos do impasse a que conduziram as repetitivas actuações anteriores. Resta saber até onde poderão ir a tentação e/ou a necessidade de fazer diferente, e tendo isto em atenção fácil é concluir que os últimos acontecimentos constituíram um importante aviso ao governo.

terça-feira, novembro 26, 2013

Goodwood Revival (2)



Dennis Potter's "Pennies From Heaven" (13)

"Says My Heart"

Paulo Bento e os chamados jogadores "naturalizados"

Mais uma vez, Paulo Bento toma uma decisão correcta, agora no que diz respeito à convocação de jogadores que não tenham tido sempre a nacionalidade portuguesa. Ao afirmar que não actuará no sentido de apressar qualquer processo de naturalização, está a colocar todos os candidatos, qualquer que sejam as suas situações ou actividades profissionais que exerçam, em igualdade de circunstâncias. Ao frisar que poderá convocar todos os que reúnam condições legais para tal, isto é, que tendo obtido a nacionalidade portuguesa preencham, perante a FIFA, os requisitos necessários para representarem a respectiva selecção, está também a adoptar o único critério objectivo e não discriminatório. Espero que estas afirmações do seleccionador encerrem de vez um discurso com laivos de xenofobia e para o qual já cheguei a ver gente invocar o lugar onde tinham nascido os filhos, a nacionalidade da mulher, o cantarem ou não o hino ou, pasme-se, o local escolhido para as férias. Já agora, mal se compreenderia que alguém pudesse candidatar-se a deputado ou exercer funções ministeriais e não pudesse integrar a selecção nacional de futebol...

Da Constituição da República Portuguesa:

Artigo 4º - São cidadãos portugueses todos aqueles que como tal sejam considerados pela lei ou por convenção internacional.

Artigo 13º - Ninguém pode ser privilegiado, beneficiado, prejudicado, privado de qualquer direito ou isento de qualquer dever em razão de ascendência, sexo, raça, língua, território de origem, religião, convicções políticas ou ideológicas, instrução, situação económica, condição social ou orientação sexual.

Artigo 15º - Aos cidadãos dos Estados de língua portuguesa com residência permanente em Portugal são reconhecidos, nos termos da lei e em condições de reciprocidade, direitos não conferidos a estrangeiros, salvo o acesso aos cargos de Presidente da República, Presidente da Assembleia da República, Primeiro-Ministro, Presidentes dos tribunais supremos e o serviço nas Forças Armadas e na carreira diplomática.

domingo, novembro 24, 2013

Goodwood Revival (1)


Matiné de Domingo (48)

"Hollywood or Bust", de Frank Tashlin (1956)
Filme completo c/ legendas em castelhano

Sobre o SLB-SCB de ontem

Sem Cardozo, capaz de inventar golos "out of the blue", do meio-campo para a frente a equipa do SLB é um autêntico deserto de ideias. Lima não disfarça a sua forma terrível (no mau sentido). Extremos "rompedores", tão importantes no modelo de jogo de Jorge Jesus, são uma saudade: Markovic, quando faz alguma coisa, tende sempre a flectir para o meio e Gaitán, que também não é um extremo "rompedor", aqui e ali é o único que lá consegue ir disfarçando. Djuricic, a jogar nas costas do ponta de lança, um lugar tão importante para conseguir criar espaços e desequilíbrios contra equipas que jogam num "bloco baixo", como foi ontem o caso do SC Braga, é pouco ou nada agressivo, demasiado "macio" e não compensa isso com inteligência de jogo e qualquer capacidade para tabelar ou "driblar" com sucesso. Não admira, pois, que o golo tenha nascido de um "pivot" defensivo com mobilidade suficiente para recuperar de uma bola em zona adiantada do terreno.

Já agora: perante este estado de coisas, se Jorge Jesus acha Ivan Cavaleiro, entrando a meio da segunda-parte, é capaz de contribuir positivamente para mudar este estado de coisas, porque não o utiliza de início, fazendo derivar Markovic para o meio? Ivan ainda não demonstrou capacidade para desequilibrar e fazer a diferença? Eu acho que não, mas também acho muito menos o conseguirá fazer entrando aos 60 ou 70', com a equipa à "rasca".

sexta-feira, novembro 22, 2013

Friday midnight movie (64) - "Giallo" (XII)

"Lo Squartatore di New York", de Lucio Fulci (1982)
Filme completo c/ legendas em português

As capas de Cândido Costa Pinto (91)

Capa de CCP para o nº15 de "Vampiro Magazine"

Jerry Lee Lewis - original SUN recordings (5)

"Wild One"
Memphis, 21 de Abril de 1958

Duas notas sobre o ontem e uma sobre o anteontem

  1. Em democracia, e independentemente das razões que lhes possam assistir, gosto pouco ou nada de ver as forças de segurança infringirem a lei. E refiro-me tanto aos que subiram a escadaria da Assembleia da República, como aos que o permitiram. Aliás, em democracia gosto também muito pouco de ver as forças de segurança manifestarem-se frente a um parlamento eleito pelo voto popular e onde têm assento representantes de todas as forças políticas, apoiantes do governo e da oposição, às quais os portugueses reconheceram competência para os representar. É que não estamos a falar das sedes do governo ou da Presidência da República... Por isso mesmo, penso ser indispensável que esse mesmo parlamento chame urgentemente à sua presença o Ministro da Administração Interna e lhe exija explicações e responsabilidades pelo que se passou. E deveriam ser os próprios partidos da maioria os primeiros a fazê-lo.
  2. Cavaco Silva deveria demitir-se? Bom, não simpatizando nem um bocadinho com o personagem, pessoal e politicamente, e reconhecendo que a sua única preocupação é sempre "sair bem na fotografia" (o resto "que se lixe"), não penso, apesar do seu apoio declarado a este governo, exista neste momento forte razão para tal. Mas atenção: desde o célebre "caso das escutas" (isto de os portugueses terem a memória curta!...), quando, a partir do cargo que ocupa, conspirou abertamente contra o governo legítimo da República, pondo ele próprio em causa o "normal funcionamento das instituições" do qual jurou ser garante, que Cavaco Silva deveria ter sido demitido do cargo que ocupa, do qual mostrou ser indigno e para o qual mostrou não ter qualidades. Pois é, quem poupa os seus inimigos às mãos lhe morre, e Mário Soares devia ser o primeiro a sabê-lo.
  3. Demasiada modéstia pode (e eu até acho que deve) ser confundida com soberba ou, no mínimo, com demonstração de superioridade moral. De qualquer delas, devo dizer gosto pouco. Ou nada. Em política, arrisco-me a dizer tal possa ser também conotado com manifestação de populismo. Por isso mesmo, e embora reconhecendo o mérito do seu papel na normalização democrática do país, não me junto aos que tecem loas a Ramalho Eanes pelo facto de ter recusado aquilo a que legitimamente tem direito pela sua carreira política e militar. Muito menos manifesto louvor pela sua tão apregoada "modéstia" ao recusar comparecer à homenagem que alguns resolveram prestar-lhe. Acho mesmo, com este tipo de comportamento, Ramalho Eanes, um político que ocupou o mais alto cargo da República, se arrisca a ver o seu nome juntar-se à "campanha anti-políticos em curso", tornando-se mesmo dela uma espécie de emblema. Nada, contudo, que não me faça lembrar o infeliz episódio do PRD e os valores que estiveram na sua génese. É que as pessoas não mudam assim tanto...

quarta-feira, novembro 20, 2013

4ªs feiras, 18.15h (56) - "Licht und Schatten" - o expressionismo alemão no cinema (VI)



"Metropolis", de Fritz Lang (1927)
Filme completo c/ intertitulos em português

3 notas 3 sobre o Suécia-Portugal

  1. Ontem, ao ver durante a 2ª parte a defesa sueca postada quase em cima da linha de meio-campo deixando livre atrás de si todo um terreno que Cristiano chamou seu, lembrei-me que o problema dos maus resultados da selecção portuguesa contra equipas de segundo plano, principalmente nos jogos em "casa" (Irlanda do Norte e Israel), talvez tivesse menos a ver com a tão apregoada questão de "mentalidade" e bem mais com o que se passa em campo, no chamado "jogo jogado". Acontece que essas equipas tidas como mais fracas vêm jogar contra a selecção portuguesa com as suas linhas muito juntas e recuadas, num bloco baixo, exactamente aquilo que menos se adequa às características da maior parte dos jogadores portugueses, a cuja selecção falta quem jogue em "drible" curto ou em tabelas junto da área contrária, "inventando" espaços. Por isso, nesses jogos, e até contra uma Suécia bem "fechadinha" no Estádio da Luz, vimos a selecção portuguesa finalizar demasiadas vezes as suas jogados com centros para a área, tendo mesmo uma dessas jogadas culminado com o golo português. Digamos que antes de partirmos para explicações metafísicas, talvez não seja mau olhar para o campo.
  2. Antes que os meus amigos "lagartos" me cubram de impropérios... Rui Patrício é o melhor guarda-redes português. Quando penso nas alternativas (Beto, Eduardo) tenho mesmo um calafrio. Mas o  facto é que o registo de Patrício nos tempos mais recentes se salda por um erro tremendo no jogo contra Israel, um enorme "peru" no jogo da Taça contra o SLB e, no mínimo, um pintaínho já crescidote no jogo de ontem. Digamos que já não estamos perante aquela história de "um erro todos cometem", mas de uma sucessão de "baldas" que um guarda-redes de uma selecção europeia de primeira linha não pode dar. Felizmente para Patrício e infelizmente para quem gosta de ver a selecção portuguesa ganhar, de momento não vejo melhor opção. Mas convém que Patrício se vá cuidando e o SCP, já que estamos a falar de "frangos", não veja no seu guarda-redes a "galinha dos ovos de oiro". 
  3. Paulo Bento tem ideias (normalmente boas, provam-no os resultados), acredita nelas, defende-as com "unhas de dentes" até ao fim, fala directo e responde do mesmo modo. Em Portugal, tal manifestação de personalidade é vista como teimosia e arrogância. A esses eu respondo: venham mais como Paulo Bento. 

terça-feira, novembro 19, 2013

Motor City (11)

The Miracles - "Bad Girl"/"I Love Your Girl" (Setembro de 1959)

Do sofrimento de um indefeso consumidor perante a fusão ZON/OPTIMUS (2ª parte)

Finalmente, e após diligências várias, algumas delas decisivas e muito características deste país, o assunto caminha para a resolução e a ZON fará o favor de me creditar o valor do desbloqueamento do meu telemóvel em próxima factura. Enfim, para quem paga por mês à empresa um valor superior ao €100, digamos que é o mínimo exigível para quem não quer perder um cliente. Entretanto, perdi tempo, paciência e tive que maçar terceiros. Esperemos agora tudo se resolva a contento.

segunda-feira, novembro 18, 2013

Do sofrimento de um indefeso consumidor perante a fusão ZON/OPTIMUS

Quando, há um ano, troquei o meu telemóvel por um "smartphone", como usava um cartão ZON tinha duas alternativas: comprar um aparelho desbloqueado, mais caro, ou um outro com fidelização à rede Vodafone (18 meses), com o qual poderia continuar a usar cartão e tarifário ZON. Optei por esta última solução, já que, assim, poderia, como até aqui, continuar a contar apenas com um único fornecedor de telecomunicações (TV, Internet, telefone fixo e móvel). Para além disso, não existia da minha parte qualquer intenção de mudar de fornecedor nem se previa qualquer outra alteração no mercado que constituísse motivo para pensar ser esta minha opção uma decisão de risco. Mas eis senão quando, nos últimos dias, a surpresa apareceu: com a fusão ZON/Optimus, a partir do dia 20 só poderei continuar a usar o meu telemóvel com cartão ZON se:
  1. O desbloquear, o que me custaria a  muito pouco módica quantia de €101.81. Repito: €101.81!
  2. Comprar um telemóvel novo na ZON, com um crédito de €50 (obrigadinho, oh pá!), o que, mesmo assim, significaria despender bem mais do que os €101.81 a pagar pelo desbloqueamento, para além de toda a "chatice" inerente à mudança de equipamento.
Resta-me uma alternativa: mudar, total ou parcialmente, de fornecedor, cancelando o contrato (ou parte dele) com a ZON e voltando a utilizar um cartão Vodafone. Digamos que se esta atitude da ZON não é uma vigarice, anda por lá muito perto. Modo de tratar e manter clientes é que não será com certeza. Que terão a dizer a DECO e a ANACOM? 

Adriano Correia de Oliveira e Manuel Alegre (9)

"Canção Terceira" (Manuel Alegre - Luís Cília)
Editado em EP em 1968

domingo, novembro 17, 2013

Matiné de Domingo (47)


"Two Lane Blacktop", de Monte Hellman (1971)
Filme completo c/ legendas em português

"Que floresçam mil empresas", camarada Pires de Lima.

Dificilmente se encontraria melhor exemplo do modo como muita gente do governo e entre os seus defensores e inspiradores encara a política do que a proposta tonta de Pires de Lima para tornar o "empreendedorismo" disciplina do ensino obrigatório. Para além da inoportunidade, num momento em que o inglês deixa de ser obrigatório no 1º ciclo, e de não conseguir entender muito bem qual o conteúdo programático de tal disciplina, o que esta proposta revela é não só a enorme colonização actual da política, do pensamento, das ideias e da sociedade pelo mundo dos negócios, como a insistência numa distorcida visão ideológica de e para um país cujo problema fundamental seria a demasiada dependência do Estado e a ausência de vocação empresarial dos seus cidadãos. Vindo de que vem, alguém que, em outras ocasiões, já deu provas de alguma inteligência e bom-senso, penso estarmos apenas perante uma tentativa - por sinal bastante canhestra, o que se estranha - de justificar os actuais níveis de desemprego culpabilizando os cidadãos por serem pouco empreendedores e se terem deixado "amolecer" na "zona de conforto" do trabalho assalariado. Mas enfim, apesar do ex-maoísta ser o ministro Nuno Crato, que felizmente não comprou a ideia, pois "que floresçam mil empresas", camarada Pires de Lima.  

quinta-feira, novembro 14, 2013

Beethoven: um concerto; dois instrumentos

Ludwig Van Beethoven - Concerto para Violino em Ré maior Op. 61
Violino: Itzhak Perlman

Ludwig Van Beethoven - Versão para piano do Concerto para Violino em Ré maior (Op. 61a)
Piano: Daniel Baremboim
English Chamber Orchestra  

Hoje, resolvi deixar aqui, aos leitores deste "blog" (se os houver), aquilo que considero um interessante exercício: duas versões, para instrumentos solistas diferentes, da mesma peça de música erudita, e certamente uma das que incluo na minha lista das dez ou vinte mais. A versão para piano é também da autoria de próprio Beethoven, levado a tal, ao que consta, devido ao pouco sucesso da peça original quando da sua estreia. Enfim, só posso dizer que os vienenses, em cuja cidade este concerto foi estreado, deveriam andar um pouco distraídos. Devo também dizer nunca ter tido a oportunidade de ouvir "ao vivo" a versão para piano. Quanto ao original, para violino, tive a sorte de ouvir Itzhak Perlman (interpretação que aqui deixo), aqui há uns anos, na Gulbenkian. Oportunidade de uma vida e que nunca irei esquecer, pois claro.

Ah!, e prefiro francamente o original para violino, para o caso de quererem saber.   

A miragem do "pós-troika"

Posso estar enganado, mas não me parece o FMI e a "troika" sejam assim tão estúpidos que pretendam a economia portuguesa se torne mais competitiva através da redução dos salários mais baixos. Assim sendo, o efeito pretendido parece-me ser bem outro: reduzir a procura interna de modo a gerar um excedente nas nossas contas com o exterior, diminuindo e endividamento. Como é óbvio, tal estratégia implica a manutenção de um desemprego estrutural a níveis relativamente elevados, funcionando a emigração não só como uma válvula de escape que impeça a implosão do sistema, mas também como uma contribuição para a redução dessa procura interna. Resulta daqui que toda e qualquer medida que possa, mesmo que de forma ténue, significar alguma pressão no sentido de uma alta de salários, principalmente dos mais baixos onde a propensão para o consumo é maior (subida do salário mínimo, alargamento da contratação colectiva, limitação aos despedimentos, investimento em formação e qualificação e outras do mesmo tipo), será sempre recebida com desconforto, ou até mesmo com um esgar de desaprovação, pela "troika" e pelo actual governo. Como também será fácil de entender, com um mercado interno anémico, sem investimento significativo na formação e requalificação e não constituindo a redução salarial panaceia que possa tornar as empresas exportadoras mais competitivas, é mais do que provável o investimento e algum possível crescimento económico tendam a acontecer principalmente no sector turístico, onde o flexibilidade, a precariedade laboral e o valor da mão de obra no custo total dos serviços prestados possam  jogar papel mais relevante. Vistas as coisas deste modo, tudo parece fazer mais sentido, apesar desta leitura enegrecer ainda mais as já de si muito pouco risonhas perspectivas. O "empobrecimento" proposto desde o início pelo actual governo - prova-se - veio mesmo para ficar, e o tão propagandeado "pós-troika" não passa de uma miragem.

quarta-feira, novembro 13, 2013

4ªs feiras, 18.15h (55) - "social realism in british cinema" (II)


"Kes", de Kenneth Loach (1969)
Filme completo c/ legendas em inglês

Passos Coelho, a "troika" e o salário mínimo

Face às enormes pressões vindas de fora e até de dentro do governo para o aumento do salário mínimo e em função das justificações dadas por Passos Coelho para a sua manutenção, o primeiro-ministro disse no Conselho Económico e Social aquilo que se esperaria e o mínimo que seria obrigado a dizer para ir "encanando a perna à rã" do "consenso": que em 2014, isto é, uma vez findo o actual programa de assistência, pensaria no assunto. Ou seja, que nessa altura, "em função dos custos de contexto e da produtividade", logo se veria, o que significa pelo menos nos próximos quinze meses tudo ficará como está. Ora falando em "custos de contexto e competitividade", dos quais dependeria, segundo Passos Coelho, um eventual aumento do salário mínimo para 2015, como compatibiliza o primeiro-ministro tal alegada intenção com este statement do FMI?: "a troika continua a defender mais flexibilidade salarial, em especial nos salários mais baixos entre os menos qualificados, como forma de dar um impulso à criação de emprego". Estamos ou não a falar de estratégias antagónicas e até mesmo incompatíveis, sabendo todos de antemão de que lado têm estado Pedro Passos Coelho e os seus Ministros das Finanças? Enfim, será que podemos dizer "mais depressa se apanha um mentiroso..." ou será preferível a versão mais soft "de boas intenções"...?

terça-feira, novembro 12, 2013

Motor City (10)


Nick & The Jaguars - "Ich-I-Bon #1" (Agosto de 1959)

Machete e a "verdade"

Apenas uma pequena nota, mas que me parece essencial, sobre as afirmações de Rui Machete. 

Ao colocar 4.5% de taxa de juro como valor-referência para o regresso de Portugal aos mercados, Machete limitou-se a dizer a verdade, isto é, que a um nível superior de taxa de juro tal regresso seria muito problemático ou até mesmo inviável; mais décima menos décima, duvido alguém possa negar substantivamente esta afirmação do Ministro dos Negócios Estrangeiros, ou pelo menos achar que ela é desprovida de sentido. Devia tê-lo dito? Não, devia ter ficado calado deixando ao governo de que faz parte a tarefa de gerir, como lhe compete, a informação. Mas neste momento apetece-me perguntar: quantos dos que agora, clara ou veladamente, dentro ou fora do governo, criticam Machete sempre defenderam que se devia também sempre, em quaisquer circunstâncias, "falar verdade aos portugueses"? Pois é...

domingo, novembro 10, 2013

Matiné de Domingo (46)


"Modern Times", de Charlie Chaplin (1936)
Filme completo c/ legendas em português

3 notas sobre o SLB-SCP de ontem

  1. Confesso me custa a aceitar que uma equipa com um orçamento cerca de cinco vez superior ao adversário, com melhores e mais experientes jogadores, a ganhar por 3-1 ao intervalo e sem que as incidências do jogo a penalizem demasiado, precise de um prolongamento e de um enorme "peru" do guarda-redes adversário para ganhar um jogo. Porque jogou mal, porque a maioria dos seus jogadores foram incompetentes, porque a equipa contrária fez um exibição deslumbrante, muito acima do esperado? Nada disso: o SLB fez uma exibição acima da média, alguns dos seus jogadores jogaram mesmo muito bem (Cardozo, Enzo, Amorim, Gaitán) e o SCP é uma equipa apenas ou pouco mais que mediana. O problema é que o SLB não sabe defender nas bolas paradas e isso fez ontem, como tem feito esta época, toda a diferença. Passámos assim da perspectiva do que poderia ter sido uma 2ª parte descansada, de controlo do jogo, a uma incerteza até final. Para uma equipa com aspirações, considero isto inaceitável.
  2. Até ontem, tinha visto alguns jogos de William Carvalho, no SCP e na selecção sub-21, todos via TV; procuro sempre seguir com alguma atenção os jogadores que a crítica desportiva vai assinalando como emergentes. Ontem, pela primeira vez, vi o jogador "ao vivo", no estádio, e custa-me a perceber tamanho "bruáá". Tem planta física invejável? Sim, mas é lento, joga ali num quadrado de 5x5 metros, demasiado posicional, entrega a quem está mais próximo, não sai a jogar e falha muitos passes. Ontem, tinha como seu homólogo Matic e isso ainda tornou mais gritantes e notórias as suas insuficiências. Confesso não perceber a crítica (o que não é caso virgem), e a sua convocatória para a selecção portuguesa é bem sintoma da actual crise desta. Ou estaremos apenas na presença de um "frete" a alguém?
  3. Ainda não foi desta que Ivan Cavaleiro conseguiu uma exibição positiva na equipa principal do SLB. Ingénuo, por vez trapalhão, deixa demasiadas vezes a sensação que a equipa está a jogar com menos um jogador. Longe vão as excelentes exibições na equipa B e na selecção sub-21. Não acredito Ola John não jogue um pouco mais do que Cavaleiro e apenas compreendo a insistência neste último por pressões vindas da SAD no sentido de mostrar algum retorno do investimento feito na formação.   

sexta-feira, novembro 08, 2013

Friday midnight movie (62) - Jess Franco (IV)

"La Mansión de los Muertos Vivientes" (aka "Mansion of the Living Dead") - 1985
Filme completo c/ legendas em inglês

O "Público" e a entrevista a Hélder Rosalino

Quando, no final de uma entrevista, um jornalista pergunta ao secretário de Estado da Administração Pública: "se tivesse um grande amigo ou um familiar que quisesse trabalhar na função pública, aconselhava-o a ir?" está à espera que este responda o quê? Que não, que se livre de tal ideia pois está sujeito a ser enxovalhado pelo governo, a que lhe reduzam o ordenado, trabalhe mais horas, etc, etc? Ou está apenas a "dar uma deixa", no dia de uma greve que, na realidade, tem esse mesmo secretário de Estado como alvo, para que este faça o discurso hipócrita da praxe de elogio aos trabalhadores de um sector que, com ou sem razão por parte do governo - deixemos agora isso de lado -,  têm visto o seu salário reduzido, o número de horas de trabalho aumentado e, de uma maneira ou de outra, têm sido apontados à sociedade como uns "privilegiados" que "vivem acima das suas possibilidades"? Pior, bem pior do que este hipócrita discurso de Hélder Rosalino é alguém que se intitula jornalista fazer este tipo de perguntas e achar está a cumprir as suas funções.

The Satellite/Stax records story (24)

William Bell - "Any Other Way" (1962)

Os "pequenos e médios clubes" portugueses e as competições europeias.

Vejo mais uma vez os "media" carpirem mágoas pela fraca prestação das equipas portuguesas na Liga Europa. A questão não é de agora e se espelha bem o desnível entre FCP, SLB, em menor conta, também SCP e SCB e os restantes, é também demonstrativa da distância que separa as PME (pequenas e médias equipas) portuguesas e igual categoria da maior parte dos outros países europeus. E a explicação até é bem simples.

Ora tendo o futebol origem no operariado das cidades industriais do século XX e aí se tendo desenvolvido, Portugal foi, até quase ao final desse século, um país rural, fruto de uma incipiente e tardia industrialização, sem cidades de média dimensão dignas desse nome que pudessem constituir a "massa crítica" necessária ao crescimento dos clubes "da terra". Mesmo a maior parte das indústrias que estavam na base de alguns clubes populares nos anos 40 e 50 do século passado, como o Leixões, VFC (Setúbal), Sp.Covilhã e poucos mais (não falo dos "urbanos" Atlético CP e Clube Oriental de Lisboa, nascidos na então cintura industrial de Lisboa) soçobraram na segunda metade do século, tendo apenas resistido o VSC (Guimarães), numa cidade que, ao contrário de uma Setúbal "assaltada" por migrações internas que a descaracterizaram no período áureo da sua industrialização (anos 60 e 70 do século XX), conseguiu manter alguma identidade social e cultural. Não é pois de admirar que SLB e SCP se tenham tornado clubes nacionais (uma espécie de "catch all parties" do desporto) e o FCP, mais tarde, clube de toda uma região. Com a terciarização da sociedade portuguesa, nos finais do século passado, muitos desses clubes foram, com o apoio autárquico, substituídos por outros em aglomerados urbanos onde o futebol tinha menor ou nenhuma tradição; um caso emblemático é a substituição do Varzim SC pelo Rio Ave FC, um clube sem grande apoio popular e quase totalmente dependente e sustentado pela respectiva câmara municipal. Em certa medida, alguma subalternização do VSC face ao seu rival de Braga também se insere neste processo. Ora é esta falta de dimensão e apoio popular, com raízes históricas bem definidas, que torna essas PME portuguesas incapazes de competirem "de igual para igual" com a maioria das suas congéneres europeias, salvo um fogacho "aqui e ali". Exemplo? Bastava olhar ontem para a bancada da Amoreira e ver umas largas centenas, ou até mais de um milhar, de adeptos do SC Freiburg apoiando a sua equipa. Simples: a cidade tem 230 000 habitantes (mais ou menos a população do Porto) e o Estoril-Praia não passa de um clube artificial, fundado pela Sociedade Estoril-Plage, sem qualquer suporte popular na região.

É este o quadro e, para ser honesto, em tempos de crise que está para durar e limita o apoio financeiro autárquico, não me parece tal quadro possa vir a sofrer modificações substantivas. Até porque a substituição desse mesmo apoio autárquico pela dependência dos chamados agentes FIFA (vulgo, empresários), como o prova a história recente do FC Paços de Ferreira, não está também isenta de riscos. 

quarta-feira, novembro 06, 2013

O "Guião" para o golpe de Estado revolucionário

Para termos confirmação plena do que o governo e os seus apoiantes pretendem quando falam da reforma do Estado, basta estar atento às afirmações de hoje de Aguiar Branco e António Barreto: o que se pretende não é uma qualquer reforma ou conjunto de reformas que possa melhorar a eficácia do funcionamento do Estado e dos serviços que presta aos cidadãos; o que se pretende pôr em marcha é um verdadeiro golpe de Estado revolucionário que, como tal, mude radicalmente a natureza e funções do Estado e com elas os actuais equilíbrios da sociedade portuguesa. E como é habitual em situações revolucionárias, vemos pessoas que até aqui tínhamos como moderadas e sensatas perderem completamente a noção da realidade e radicalizarem o seu discurso até extremos julgados impensáveis. De um outro modo, já assisti a isto no pós-25 de Abril.

4ªs feiras, 18.15h (54) - "Noir" (VIII)


"The Big Heat", de Fritz Lang (1953)
Filme completo c/ legendas em castelhano

Ainda "Downton Abbey"

No mais recente episódio de "Downton Abbey", exibido na passada segunda-feira, existe um diálogo muito curioso entre Tom Branson, o ex-motorista agora viúvo de Lady Sybil, e a "condessa viúva" (Violet Crawley) que exprime bem os códigos de comportamento da aristocracia britânica e, em certa medida, aqueles que são igualmente vigentes nas classes altas em outros países, mormente em Portugal. Transcrevo:

 "Dinner is a grand affair with everyone dressed to the nines. Afterwards, Tom’s cornered by the same old lady, who actually turns out to be the Duchess of Yeovil. Violet is standing nearby and listening to their exchange (something about barley beer!). As soon as she leaves, Violet approaches Tom and gives him a little lesson in addressing the nobility at a social gathering.
Violet: “Don’t call her ‘Your Grace.’”
Tom: “I thought it was correct.”
Violet: “For a servant, or an official at a ceremony. But in a social situation, call her ‘Duchess.’”
Tom: “But why? I don’t call you Countess!”
Violet: “Certainly not!”
Tom: “There’s no logic in it.”
Violet: “Oh no. If I were to search for logic, I should not look for it among the English upperclass!”
De facto, se formos procurar também nas "classes altas" portuguesas (que nada têm a ver com os "ricos e famosos" das revistas") -  nos seus comportamentos, nas normas e formas de tratamento vigentes, no léxico utilizado, nas pronúncias aceites, etc, etc - uma lógica, um fio condutor, fácil é chegar à conclusão que eles são inexistentes e até, no limite, chegam mesmo, por vezes, a desafiar e perverter algumas daquelas ridículas regras condensadas nos chamados livros de "etiqueta e boas maneiras". No fundo, essas normas, na sua aparência ilógicas, são assim definidas propositadamente, com o único fim de se constituírem em códigos de identificação e de valores, de reconhecimento mútuo, apenas acessíveis aos já iniciados e aos que pertencem ao "círculo". 

Enfim, apesar de estar longe de ser um entusiasta da série, são pequenos diálogos como este (quase diria "achados"), normalmente protagonizados por Violet Crawley/Maggie Smith, que me "obrigam" ainda a estar atento a "Downton Abbey".

SLB: a Champions League e a SAD

A confirmar-se a sua quase certa eliminação este ano, em quatro participações na Champions League com Jorge Jesus como treinador o SLB apenas conseguiu o apuramento para os 1/8 de final uma vez, na época 2011/2012, tendo então sido eliminado nos 1/4 de final pelo Chelsea, eliminação que considero normal. E isto tendo como adversários directos (excluo dos "adversários directos" equipas que, como o Barça e o Man. United, considero quase inacessíveis) clubes como o Olympique Lyonnais, o Celtic, o Hapoel Tel Aviv, o Shalke 04, o Spartak Moskva ou o Olympiacos. Digamos que é muito pouco para o investimento realizado e para as necessidades financeiras e ambições do clube, e é este "muito pouco" que deve levar obrigatoriamente a administração da SAD a repensar toda a gestão do futebol profissional do clube.

terça-feira, novembro 05, 2013

SLB depois do Olympiacos: os imponderáveis e as decisões de risco

Roberto fez uma grande exibição? O SLB foi nulo de eficácia? A equipa defende muito mal nas bolas paradas? Tudo isso e muito mais, sendo que esse muito mais foram duas exibições deprimentes em Paris e na Luz, contra este mesmo Olympiacos. Mas a minha conclusão fundamental, digamos que a "moral da história", é que um clube cujo sucesso financeiro se baseia num modelo de negócio que depende essencialmente da realização de receitas extraordinárias com a valorização e venda de activos (jogadores), e cujo apuramento para os 1/8 de final da Champions League estará sempre dependente de pequenos pormenores, não pode tomar a decisão de alto risco não vender jogadores pensando que os guarda-redes adversários não realizam grandes exibições, que a equipa, aqui e ali, não possa cometer erros comprometedores e ser menos eficaz na área contrária, que algumas lesões não diminuam a capacidade competitiva da equipa, os árbitros não cometam erros, bem como não aconteçam outros imponderáveis - ou nem tanto como isso - que influenciem os resultados de cada jogo. Na prática, estamos a falar de um jogo, um desporto em que os imponderáveis (ou quase) ditam muitas vezes os resultados quando a superioridade de uma equipa não é esmagadora, o que significa que esses mesmos imponderáveis têm de ser levados em linha de conta quando os clubes tomam decisões que, em função deles, podem tornar os riscos avassaladores. Ora o SLB arriscou onde não podia (ou pelo menos não devia) e agora, na prática fora da Champions League, terá de enfrentar as respectivas consequências desportivas e financeiras.

Blindness (17)

"Blind" Boy Fuller - "Somebody's Been Playing With That Thing"

segunda-feira, novembro 04, 2013

Henrique Monteiro não acerta uma!



Infelizmente, Henrique Monteiro não acerta uma e, como quase sempre, fala por falar - ou porque gosta de se ouvir (ou ler). Existe, de facto, uma direita conservadora em Portugal, tal como existe uma esquerda conservadora ligada ao PCP e, em algumas questões, também ao Bloco de Esquerda. Mas não só têm existido um centro-esquerda e até um centro-direita reformistas, embora com ritmos diferentes desde a estabilização democrática (o primeiro governo de José Sócrates foi o executivo mais reformista da democracia e só não o foi mais porque acabou por soçobrar às mãos de alguns grupos profissionais, como os professores, por exemplo), que foram capazes de desenvolver e fazer evoluir Portugal no sentido de uma aproximação aos valores e modo de vida dos países europeus mais civilizados (Monteiro deve estar esquecido do que era o país há 30 ou 20 anos), como o drama actual nada tem a ver com o conservadorismo, da esquerda ou da direita, mas exactamente com o seu contrário: com o facto do poder ter sido ocupado por uma "clique", uma "vanguarda iluminada", que pretende substituir o reformismo que até aqui tem vigorado - embora com ritmos e estados de espírito diferenciados, concedo -  pelo voluntarismo e experimentalismo revolucionários, tomando como centro fundamental da sua actuação a natureza e as funções do Estado. O drama não é pois o conservadorismo impedir a continuação de uma desejada atitude reformadora, mas o facto desta estar a ser posta em causa pela natureza revolucionária da facção da direita actualmente no poder. 

"Downton Abbey" e "Upstairs, Downstairs"

Existem dois acontecimentos, em certa medida paralelos, nos guiões de "Downton Abbey" e no "follow up" de "Upstairs, Downstairs", histórias separadas por cerca de 15 anos e pela distância entre uma "stately home" no Yorkshire rural e uma "town house" em Belgravia, que permitem estabelecer bem a diferença entre o pedantismo balofo, telenovelístico e bem comportado do "pastelão" de Julian Fellowes ("Downton Abbey") e a perversidade e, digamos que até, o carácter ligeiramente subversivo da história concebida por Heidi Thomas para a sequência de acontecimentos que têm lugar no imaginado número 165 de Eaton Place. Enquanto, no primeiro caso, a aristocrata (Lady Sybil), relativamente bem comportada mas com ideias "avançadas", se apaixona perdidamente, num amor puro e quase virginal, pelo "chauffeur" irlandês que luta pela justa independência do seu país, casam e só não têm muitos meninos porque Lady Sybil morre de parto, no caso de "Upstairs, Downstairs" Lady Persephone limita-se a um "affaire" de cama" com o "chauffeur" da família e, oh, perversidade das perversidades, muito pela beleza física deste e por via das suas simpatias por Oswald Mosley e a sua British Union of Fascists. Digamos que nenhuma destas pequenas narrativas fazem o essencial das respectivas histórias, mas, para além de um certo tom de comédia inteligente presente em "Upstairs, Downstairs", são suficientes para marcar bem uma diferença.

Billboard #1s by British Artists - 1962/70 (7)

Peter & Gordon - "A World Without Love" (Paul McCartney)
(27-06-1964)

domingo, novembro 03, 2013

"Gato Maltês" convida

O meu amigo Abel Soares Rosa vai lançar o seu livro sobre os "Beatles na Imprensa Portuguesa" no próximo dia 16 de Novembro. O "Gato Maltês" tem todo o gosto em se associar ao acontecimento e convida também todos os seus leitores e amigos a estarem presentes. O livro merece todo o destaque. o Abel é um dos maiores (senão o maior) coleccionadores portugueses de "memorabilia" dos Beatles e, para além disso, está assegurada uma tarde bem passada, com música (muita) e algumas bebidas para ajudar à animação. Apareçam.

Matiné de Domingo (45)

"Mysterious Island", de Cy Endfield (1961)
Filme completo c/ legendas em português

sábado, novembro 02, 2013

Documentário de sábado (17 - b)

Sam Phillips - "The Man Who Invented Rock & Roll" (2ª parte)

O PS e o tal "Guião para a Reforma do Estado"

O PS ou qualquer dos seus deputados, dirigente ou representantes não podem recusar-se a discutir o tal "Guião para a Reforma do Estado" alegando ou refugiando-se na ideologia "neoliberal" - ou qualquer outra - do documento: a discussão das ideias e o confronto ideológico constituem actividade fundamental da política. Muito menos podem alegar inoportunidade, mesmo que exista razão para tal: neste caso deveriam tentar chegar a um acordo multipartidário para o respectivo agendamento. Se o PS não quer discutir o documento deve, isso sim, fazê-lo alegando a realidade: a mediocridade da estrutura e conteúdo do documento e a falta de uma sua qualidade mínima que permita uma qualquer discussão séria sobre a natureza e  funções do Estado, tratando-se mais uma fraude destinada a "salvar a pele" do ministro Paulo Portas. E aqui sim, terá então toda a razão, devendo, nesse caso, explicá-lo claramente e pensar, a prazo, em iniciar uma discussão séria que permita, de uma vez por todas, desmontar a ideologia ultra-liberal sobre a actividade e as "funções do Estado". Ou seja: deve deixar de vez de navegar nas águas turvas do "catch all party" e afirmar-se claramente como um partido social-democrata capaz de agregar numa espécie de "frente" alargada toda a oposição (liberal moderada, cristã-democrata e social-liberal) que não se reveja no modelo radical de direita proposto pelo actual governo.

4 notas 4 sobre o AAC - SLB de ontem

  1. Cardozo é tão mais importante quanto pior joga a equipa, conseguindo "sacar" golos "out of the blue" quando a equipa não o consegue fazer colectivamente. E como a equipa tem jogado  (muito)mal Cardozo tem sido muito importante. Ontem, novamente.
  2. Parece impossível como um jogador como Rúben Amorim, que sabe jogar, percebe o que é um colectivo e uma equipa de futebol e, além disso, pode fazer várias posições, esteve quase duas épocas emprestado. Ultrapassa a minha compreensão.
  3. Contra mim falo, que quando me perguntavam que jogadores da equipa "B" poderiam a prazo "subir" à equipa principal citava sempre - e apenas - Ivan Cavaleiro e João Cancelo. Pois é, mas entre a selecção sub-21, a equipa "B" e o plantel principal a diferença de ritmos é enorme e nem ontem, com a equipa a jogar a passo, Ivan Cavaleiro conseguiu fazer o que se lhe pedia: acelerar o jogo. Acho bem que a SAD faça um compasso de espera antes de lhe aumentar significativamente o ordenado.
  4. Cortez joga mesmo no SLB? De certeza? Como é possível?

sexta-feira, novembro 01, 2013

Friday midnight movie (61) - Gothic/Horror (XII)

"The Changeling", de Peter Medak (1980)
Filme completo c/ legendas em castelhano

"For sentimental reasons" - original doo wop classics (26)

The Rays - "Silhouettes" (1957)

O PS e os "cantos da sereia"

Não me parece que este género de direita que agora nos (des)governa seja assim tão estúpida que queira mesmo "amarrar" o PS a um qualquer acordo em torno das suas ideias de governo, deixando a oposição reduzida a PCP, BE, movimentos inorgânicos e abstenção e/ou voto em branco. Sabendo que o PS jamais poderia aceitar este "canto da sereia" sem risco de implosão dele próprio e quiçá, com ele, o do actual regime político, os apelos, quase diria lancinantes, de governo, Presidente da República, PSD e CDS (e de quem os apoia) têm apenas como objectivo desgastar e enfraquecer o PS, de modo a limitar o seu crescimento nas sondagens e o modo como se apresentará a eleições nas "europeias" e nas próximas legislativas. E se o PS não quiser cair nesta armadilha terá de autonomizar o seu discurso, a todos os níveis, tornando-o claramente distinto tanto do dos partidos do governo e seus acólitos, como do conservadorismo ou imobilismo dos partidos situados à sua esquerda. Foi isto que esta direcção do PS até agora não conseguiu, nem me parece seja capaz de o vir a fazer.