- Ontem, ao ver durante a 2ª parte a defesa sueca postada quase em cima da linha de meio-campo deixando livre atrás de si todo um terreno que Cristiano chamou seu, lembrei-me que o problema dos maus resultados da selecção portuguesa contra equipas de segundo plano, principalmente nos jogos em "casa" (Irlanda do Norte e Israel), talvez tivesse menos a ver com a tão apregoada questão de "mentalidade" e bem mais com o que se passa em campo, no chamado "jogo jogado". Acontece que essas equipas tidas como mais fracas vêm jogar contra a selecção portuguesa com as suas linhas muito juntas e recuadas, num bloco baixo, exactamente aquilo que menos se adequa às características da maior parte dos jogadores portugueses, a cuja selecção falta quem jogue em "drible" curto ou em tabelas junto da área contrária, "inventando" espaços. Por isso, nesses jogos, e até contra uma Suécia bem "fechadinha" no Estádio da Luz, vimos a selecção portuguesa finalizar demasiadas vezes as suas jogados com centros para a área, tendo mesmo uma dessas jogadas culminado com o golo português. Digamos que antes de partirmos para explicações metafísicas, talvez não seja mau olhar para o campo.
- Antes que os meus amigos "lagartos" me cubram de impropérios... Rui Patrício é o melhor guarda-redes português. Quando penso nas alternativas (Beto, Eduardo) tenho mesmo um calafrio. Mas o facto é que o registo de Patrício nos tempos mais recentes se salda por um erro tremendo no jogo contra Israel, um enorme "peru" no jogo da Taça contra o SLB e, no mínimo, um pintaínho já crescidote no jogo de ontem. Digamos que já não estamos perante aquela história de "um erro todos cometem", mas de uma sucessão de "baldas" que um guarda-redes de uma selecção europeia de primeira linha não pode dar. Felizmente para Patrício e infelizmente para quem gosta de ver a selecção portuguesa ganhar, de momento não vejo melhor opção. Mas convém que Patrício se vá cuidando e o SCP, já que estamos a falar de "frangos", não veja no seu guarda-redes a "galinha dos ovos de oiro".
- Paulo Bento tem ideias (normalmente boas, provam-no os resultados), acredita nelas, defende-as com "unhas de dentes" até ao fim, fala directo e responde do mesmo modo. Em Portugal, tal manifestação de personalidade é vista como teimosia e arrogância. A esses eu respondo: venham mais como Paulo Bento.
Eu sou o Gato Maltês, um toque de Espanha e algo de francês. Nascido em Portugal e adoptado inglês.
quarta-feira, novembro 20, 2013
3 notas 3 sobre o Suécia-Portugal
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4 comentários:
Duas ou três notas:
Rui Patrício não é só o melhor guarda redes português, é o melhor guarda redes a jogar em Portugal. É verdade que Rui Patrício teve nos últimos tempos dois erros graves. Ontem não lhe vi nenhum. No 1º golo, se a alguém se podem assacar culpas é a Bruno Alves que nem levantou os pés do chão. No 2º à barreira que se deixa enganar pela simulação do 1º sueco que se faz à bola, e à semelhança da barreira do Sporting no tal Benfica-Sporting, se mexe e deixa passar a bola rasteira. Mas já agora, porque não dar também algum mérito a quem marcou os golos? Aliás, na minha opinião, Portugal - e deixemos Paulo Bento de parte - deve em grande parte a sua vitória de ontem a Patrício, Moutinho e, claro, CR7.
Quanto a Paulo Bento, fiquei bastante contrariado pela sua dispensa do SCP, apesar de, quanto a mim, nos ter feito passar por uma das maiores humilhações de todos os tempos naquela célebre eliminatória contra o Bayern. Considero-o um bom treinador, apesar de discordar de algumas das suas facetas: não me cabem na cabeça aquelas substituições programadas para os 60 minutos, esteja a equipa a jogar como estiver, e por vezes, alguma da sua obstinação na construção da equipa, em ocasiões a roçar uma teimosia incompreensível. E penso que se não fossem essas teimosias, não teria a seleção necessitado de ir aos PO. Mas para terminar, direi que estou de acordo com a sua análise.
No final, diria que a seleção fez um jogo muito sólido - os suecos já não são os toscos de antigamente e era quase óbvio que iriam marcar golos - e para mais, quem tem o melhor jogador português de todos os tempos, e neste momento o melhor do mundo, a superar-se e a fazer uma exibição superlativa, só poderia mesmo dar no que deu.
Um abraço
1.Patrício está ao nível de Artur e Helton, que tb dão as suas "barracadas": não há grandes guarda-redes a jogar em Portugal, apenas GR medianos, se falarmos em termos europeus.
2. Lá está a tal "teimosia", que eu acho significar ter ideias próprias e lutar por elas. Bento não muda só "pq sim" e prefiro isso ao estilo "Maria vai com as outras". Eu até já acho algumas das convocatórias, como as de William Carvalho, André Gomes e Nelson Oliveira, uma cedência inexplicável...
3. Não me lembro de alguma vez os suecos terem sido "toscos". Foram vice-campeões do mundo em 58 e 3ºs em 50 e 94. Em Portugal e no meu SLB jogaram Strombeg, Thern, Schwarz e Magnusson que de toscos nada tinham. E sempre tiveram boas selecções e bons jogadores.
Abraço
1.Talvez ao nível de Helton, mas um pouco acima de Artur. Também concordo que não há grandes guarda redes em Portugal, mas se formos ver por essa Europa, os bons contam-se pelos dedos de uma mão, pelo que considero razoável o nível dos que cá actuam.
2.Não me referi a convocatórias, mas falando nisso, o William Carvalho demonstrou o porquê de ser convocado, e estou convencido que será em breve o 6 da selecção. Já os outros dois...Falava daquelas substituições programadas sem ter em conta o decorrer do jogo. Gosto de um treinador que não tenha medo de substituir um jogador aos 20 minutos, quando está a fazer uma exibição miserável.
3.Quanto aos suecos, sempre se impuseram pelo poderio físico e pela disciplina tática, e nunca pela sua técnica. A média de alturas deles em 58 era de 1,85m para cima, enquanto na equipa brasileira poucos ultrapassavam o metro e setenta, e isso dava-lhes vantagem no jogo aéreo que era onde se destacavam. É verdade que foram evoluindo, mas, por exemplo, em relação aos que enumera, se o Stromberd e Thern eram bons jogadores (o Schwarz era razoável), o Magnusson era mesmo um bocado cêpo, e valia-lhe a linha média que o SLB tinha na altura.
Abraço
1. Como sabe, William Carvalho ainda não me convenceu e não percebo o que fez ontem de especial.
2. Magnusson cepo? Dos suecos do SLB era talvez o mais dotado tecnicamente. Jogava e tabelava excelentemente ao 1º toque, com os dois pés, e para isso não se pode ser cepo. O problema é que se apagava a alto nível, nos grandes jogos. E Schwarz era apenas titular da selecção sueca que ficou em 3º lugar em 94.
3. E claro que não vou discutir se Artur está acima ou abaixo dos outros dois. Mais coisa, menos coisa, dependendo do momento de forma, são GR de nível idêntico.
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