O PS ou qualquer dos seus deputados, dirigente ou representantes não podem recusar-se a discutir o tal "Guião para a Reforma do Estado" alegando ou refugiando-se na ideologia "neoliberal" - ou qualquer outra - do documento: a discussão das ideias e o confronto ideológico constituem actividade fundamental da política. Muito menos podem alegar inoportunidade, mesmo que exista razão para tal: neste caso deveriam tentar chegar a um acordo multipartidário para o respectivo agendamento. Se o PS não quer discutir o documento deve, isso sim, fazê-lo alegando a realidade: a mediocridade da estrutura e conteúdo do documento e a falta de uma sua qualidade mínima que permita uma qualquer discussão séria sobre a natureza e funções do Estado, tratando-se mais uma fraude destinada a "salvar a pele" do ministro Paulo Portas. E aqui sim, terá então toda a razão, devendo, nesse caso, explicá-lo claramente e pensar, a prazo, em iniciar uma discussão séria que permita, de uma vez por todas, desmontar a ideologia ultra-liberal sobre a actividade e as "funções do Estado". Ou seja: deve deixar de vez de navegar nas águas turvas do "catch all party" e afirmar-se claramente como um partido social-democrata capaz de agregar numa espécie de "frente" alargada toda a oposição (liberal moderada, cristã-democrata e social-liberal) que não se reveja no modelo radical de direita proposto pelo actual governo.
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