Dificilmente se encontraria melhor exemplo do modo como muita gente do governo e entre os seus defensores e inspiradores encara a política do que a proposta tonta de Pires de Lima para tornar o "empreendedorismo" disciplina do ensino obrigatório. Para além da inoportunidade, num momento em que o inglês deixa de ser obrigatório no 1º ciclo, e de não conseguir entender muito bem qual o conteúdo programático de tal disciplina, o que esta proposta revela é não só a enorme colonização actual da política, do pensamento, das ideias e da sociedade pelo mundo dos negócios, como a insistência numa distorcida visão ideológica de e para um país cujo problema fundamental seria a demasiada dependência do Estado e a ausência de vocação empresarial dos seus cidadãos. Vindo de que vem, alguém que, em outras ocasiões, já deu provas de alguma inteligência e bom-senso, penso estarmos apenas perante uma tentativa - por sinal bastante canhestra, o que se estranha - de justificar os actuais níveis de desemprego culpabilizando os cidadãos por serem pouco empreendedores e se terem deixado "amolecer" na "zona de conforto" do trabalho assalariado. Mas enfim, apesar do ex-maoísta ser o ministro Nuno Crato, que felizmente não comprou a ideia, pois "que floresçam mil empresas", camarada Pires de Lima.
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