segunda-feira, novembro 04, 2013

Henrique Monteiro não acerta uma!



Infelizmente, Henrique Monteiro não acerta uma e, como quase sempre, fala por falar - ou porque gosta de se ouvir (ou ler). Existe, de facto, uma direita conservadora em Portugal, tal como existe uma esquerda conservadora ligada ao PCP e, em algumas questões, também ao Bloco de Esquerda. Mas não só têm existido um centro-esquerda e até um centro-direita reformistas, embora com ritmos diferentes desde a estabilização democrática (o primeiro governo de José Sócrates foi o executivo mais reformista da democracia e só não o foi mais porque acabou por soçobrar às mãos de alguns grupos profissionais, como os professores, por exemplo), que foram capazes de desenvolver e fazer evoluir Portugal no sentido de uma aproximação aos valores e modo de vida dos países europeus mais civilizados (Monteiro deve estar esquecido do que era o país há 30 ou 20 anos), como o drama actual nada tem a ver com o conservadorismo, da esquerda ou da direita, mas exactamente com o seu contrário: com o facto do poder ter sido ocupado por uma "clique", uma "vanguarda iluminada", que pretende substituir o reformismo que até aqui tem vigorado - embora com ritmos e estados de espírito diferenciados, concedo -  pelo voluntarismo e experimentalismo revolucionários, tomando como centro fundamental da sua actuação a natureza e as funções do Estado. O drama não é pois o conservadorismo impedir a continuação de uma desejada atitude reformadora, mas o facto desta estar a ser posta em causa pela natureza revolucionária da facção da direita actualmente no poder. 

Sem comentários: