Confesso estar demasiado farto do choradinho demagógico dos industriais de panificação sobre a diminuição do consumo de pão. Para além do que aqui escrevi em 2008, de modo mais desenvolvido, a crise actual só poderia ter como consequência, não uma diminuição do consumo de pão, mas um seu aumento, bem como dos bens mais essenciais, já que os portugueses com menores rendimentos tenderiam a fazer o "trade down" de produtos alimentares mais sofisticados. Se o consumo de pão decresce, tal só poderá ficar a dever-se a uma de duas coisas, ou à acção combinada de ambas: apesar da crise, os portugueses, em média, melhoraram a sua dieta alimentar, diversificando-a, e a crise ainda não chegou ao ponto de os obrigar a modificar radicalmente este estado de coisas; uma parte da venda e consumo de pão tem vindo a escapar, de modo crescente, à contabilização da associação do sector, o que pode ter a ver com a diversificação, nos últimos anos, da sua produção e venda. Por exemplo, a crescente importância que as as grandes superfícies e outros locais de produção e venda de pão não integrados, eventualmente, na associação do sector podem estar na base de uma distorção dos números apresentados.
Sem comentários:
Enviar um comentário