Estou em frontal desacordo com os que dizem que Margareth Thatcher enquanto política está quase ausente em "The Iron Lady". Não sendo um filme que se debruce essencialmente sobre a Thatcher política, mas antes sobre a Thatcher indivíduo e personalidade, também enquanto mulher ambiciosa que pretende subir na vida num ambiente adverso (o UK dos anos 50 e o partido conservador) sacrificando a isso a família, estamos, mesmo assim, em presença de um documento apologético da ex-primeira-ministra britânica, quando põe permanentemente em contraponto a sua "razão", vontade e obstinação, valorizando as origens sociais e apresentando essas suas características pessoais como positivas em função dos resultados obtidos, e a tibieza, hesitações e vontade conciliatória dos outros políticos "tories", oriundos da "upper class". Mesmo quando Thatcher é forçada à resignação, é a vitória de um negativismo conciliador, da "política tradicional", que é enfatizada. É a "força da razão", de alguém que sai de Downing Street sob o aplauso dos seus colaboradores e do pessoal doméstico, derrotada pela "fraqueza dos políticos e da política".
Portanto, o filme não foi feito só para Meryl Streep ganhar mais um Óscar - que vai ganhar. Trata-se, também, e em alguma medida, de um documento apologético da primeira-ministra Margareth Thatcher feito do modo mais eficaz e abrangente possível quando estamos em presença de alguém tão controverso, entre amores e ódios extremados: de modo pouco assumido e focando essencialmente a sua personalidade, a sua luta pessoal, a sua vida privada e a sua velhice afectada pela doença. Um filme político, pois claro!
Sem comentários:
Enviar um comentário