Quando da construção dos estádios para o EURO 2004 sempre fui favorável, por questões de racionalidade económica, à opção por um único estádio em Lisboa, municipal, que substituísse os do SLB e SCP. Reconheço tal seria complicado, pois mais de 100 anos de uma História - a dos dois maiores clubes da capital - feita de rivalidades (umas saudáveis, outras nem tanto) teria certamente, como veio a ter, o seu peso na decisão. A História dos povos e das instituições, aquilo que os mantém vivos e projecta o seu futuro, tem também muito a ver com este tipo de questões não tangíveis, e devemos-lhes esse respeito. Por outro lado, não se tendo colocado idêntica opção na cidade do Porto, dificilmente, dado o estado das relações entre SLB e FCP, tal não teria também impeditivo de uma solução municipal em Lisboa, uma vez que tal colocaria os clubes da capital numa situação óbvia de inferioridade patrimonial e, principalmente, no conjunto dos tais valores não tangíveis que são indispensáveis a uma instituição ou marca. Portanto, hoje reconheço que a solução encontrada, se terá sido a pior de todas em termos de racionalidade económica, foi, não só a possível, como também a mais adequada face às condições existentes.
Mas tendo dito isto, tal solução (dois estádios) parece ter tido um perdedor óbvio, e ele chama-se Sporting Clube de Portugal. Sem a capacidade de endividamento e o potencial para gerar receitas do seu rival lisboeta (o meu "Glorioso"), sem as vitórias e palmarés europeus que estiveram na base do crescimento de SLB e FCP (para sua infelicidade, o seu triunfo na Taça das Taças de 1964 acabou por ser muito ofuscado pela década de oiro do SLB), a construção de um estádio próprio, mais a mais um pouco sobredimensionado (o projecto inicial previa 40 000 lugares), contribuiu de modo decisivo para a degradação financeira do clube, apressando o actual estado de coisas. E, pior do que isso, o problema é que, para além de uma situação financeira sombria (os rivais estarão apenas um pouco melhor), o clube, depois de ter tido assumido uma política consequente na primeira década deste século, e que lhe rendeu frutos indesmentíveis, encontra-se de momento sem estratégia, ou com uma estratégia nada consonante com a conjuntura do clube e do futebol português. Eu, benfiquista convicto e ferrenho, faço votos sinceros para que estejam connosco na próxima Champions League. Não resolve, mas sempre ajuda.
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