Deixemos agora de lado, por um momento, o conteúdo, as dificuldades sentidas por um PS que assinou o MoU, cujo governo se viu obrigado a recorrer ao resgate internacional e, até, as dificuldades sentidas por um partido dividido no seu grupo parlamentar. Deixando de lado, por comodidade, tal coisa, chegamos à conclusão que um dos problemas de António José Seguro é o seu "ar" demasiado "clean cut" (assim ao estilo de um Pat Boone da política), a sua atitude demasiado "fishing for compliments" depois de ter dito uma qualquer banalidade ou lugar comum, a imagem de menino marrão e bem-comportado que manda presentes aos professores, a sua ausência de carisma e a falta de confiança, de autenticidade, que tudo isso transmite aos portugueses em tempo de incerteza.
Por vezes, confesso, e adaptando a já ultra-citada frase de Nanni Moretti para D'Alema ("diz qualquer coisa de esquerda"), apetece-me pedir a Seguro que diga, não "qualquer coisa de esquerda" (não vou tão longe, nem será isso que está em causa), mas que diga, com convicção, algo inteligente, que me surpreenda pela positiva, que seja capaz de mobilizar os portugueses. E, para além disso, que nos faça acreditar que num dia, já longínquo, roubou o carro ao pai para sair com uma qualquer namorada, viu uns filmes pornográficos e até bebeu um pouco mais do que a conta. Ou seja, que tem espessura, já foi gente e até viveu. É que se ele e Passos Coelho têm um passado em comum lá naquela coisa das "jotas", este último, pelo menos, até foi casado com uma Doce, sabemos ia a uns bares e até já fez um "casting" para o La Féria. Não fará dele um bom primeiro-ministro; mas, pelo menos, dá para pensar nele como gente.
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