Demagogicamente, e com a maior desfaçatez, continuo a ouvir (ainda hoje, David Diniz, no "Fórum TSF") gente responsável(?) falar da "vergonha" que deveríamos sentir e da má imagem projectada por, em 2011 e quando de uma das primeiras visitas da "troika", o país estar em gozo de feriados e "ponte" enquanto os membros da dita "troika" trabalhavam no Ministério das Finanças. Duas notas:
- Como é óbvio, todos os funcionários do Ministério necessários ao apoio e acompanhamento dos trabalhos em curso relacionados com essa visita foram trabalhar nesses dias, feriados nacionais, e durante a tal "ponte". Posso garanti-lo de fonte segura. Mais não seria necessário, portanto, para o bom andamento dos trabalhos, acrescentando ainda, claro está, que os membros da "troika" não gozam os feriados dos países onde se encontram esporadicamente destacados em missões de curta duração.
- Se me é permitido citar um exemplo pessoal, o mesmo se passava nas empresas onde trabalhei - na sua maioria multinacionais - quando, uma ou outra vez, por motivo da presença em Portugal de responsáveis estrangeiros, era necessário trabalhar a fins de semana ou feriados. Nesses casos, apenas os funcionários directa ou indirectamente envolvidos nos trabalhos estavam presentes e nunca ninguém se lembrou de que o facto da empresa não estar a trabalhar a 100% poderia ser considerado uma "vergonha" ou daria "má imagem". Mesmo quando a situação da empresa pudesse não ser a melhor.
Uma questão de mentalidades e, digamos, enquanto a mentalidade dominante for tão pequenina e mesquinha, provinciana, como a que cito no primeiro parágrafo deste texto, Portugal não irá a parte alguma. É que é exactamente essa mentalidade que torna ainda mais difícil a ultrapassagem do atraso português.
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