quarta-feira, fevereiro 22, 2012

Demagogia e provincianismo

Demagogicamente, e com a maior desfaçatez, continuo a ouvir (ainda hoje, David Diniz, no "Fórum TSF") gente responsável(?) falar da "vergonha" que deveríamos sentir e da má imagem projectada por, em 2011 e quando de uma das primeiras visitas da "troika", o país estar em gozo de feriados e "ponte" enquanto os membros da dita "troika" trabalhavam no Ministério das Finanças. Duas notas:

  1. Como é óbvio, todos os funcionários do Ministério necessários ao apoio e acompanhamento dos trabalhos em curso relacionados com essa visita foram trabalhar nesses dias, feriados nacionais, e durante a tal "ponte". Posso garanti-lo de fonte segura. Mais não seria necessário, portanto, para o bom andamento dos trabalhos, acrescentando ainda, claro está, que os membros da "troika" não gozam os feriados dos países onde se encontram esporadicamente destacados em missões de curta duração.
  2. Se me é permitido citar um exemplo pessoal, o mesmo se passava nas empresas onde trabalhei - na sua maioria multinacionais - quando, uma ou outra vez, por motivo da presença em Portugal de responsáveis estrangeiros, era necessário trabalhar a fins de semana ou feriados. Nesses casos, apenas os funcionários directa ou indirectamente envolvidos nos trabalhos estavam presentes e nunca ninguém se lembrou de que o facto da empresa não estar a trabalhar a 100% poderia ser considerado uma "vergonha" ou daria "má imagem". Mesmo quando a situação da empresa pudesse não ser a melhor.
Uma questão de mentalidades e, digamos, enquanto a mentalidade dominante for tão pequenina e mesquinha, provinciana, como a que cito no primeiro parágrafo deste texto, Portugal não irá a parte alguma. É que é exactamente essa mentalidade que torna ainda mais difícil a ultrapassagem do atraso português.

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