Para mim, que nunca trabalhei no Estado ou em empresas públicas, "tolerância de ponto" deveria ser um conceito a que os governos poderiam recorrer quando, por razões imprevisíveis ou não suficientemente antecipáveis, achassem ser conveniente dispensar os trabalhadores de um dia ou várias horas de trabalho. Exemplos? Morte de uma alta figura do Estado, actual ou histórica, permitindo aos portugueses que assim o quisessem associar-se às homenagens. Vitória da selecção portuguesa num europeu ou mundial, permitindo que todos se juntassem nas comemorações. Catástrofe ou intempérie que dificultasse as comunicações ou enlutassem o país ou uma região. Os exemplos seriam muitos e de natureza diversa, não valendo a pena alongar-me ou ser exaustivo.
Isto significa, portanto, que não estando o Carnaval incluído em nenhuma dessas categorias (começa por não ser imprevisível, sendo possível determinar o seu dia até ao fim dos séculos), e constituindo a sua comemoração, com maior ou menor espalhafato, uma tradição em quase todo o mundo civilizado, incluindo Portugal, não faz qualquer sentido não ser considerado dia feriado, assim se retirando essa decisão, qual benesse real medieva, aos humores de um qualquer governo. Acresce que, deste modo, tal data poderia ser incluída em qualquer negociação sobre feriados, não acontecendo como agora em que as cinco partes do mundo passaram de repente a ser seis, isto é, em vez de quatro feriados eliminados, de repente e por artes da magia governamental, passaram de facto a ser cinco. Digamos que estamos perante mais um disparate; o problema é que já vão sendo muitos.
Sem comentários:
Enviar um comentário