Se existe área onde seria positiva, e até indispensável, uma colaboração e acordo entre o governo e o Partido Socialista esta seria a da reorganização da divisão administrativa do território. A actual divisão administrativa, herdada do século XIX (penso que, maioritariamente, de Passos Manuel), tornou-se completamente obsoleta com o crescimento urbano do século XX e a terciarização da sociedade. Também com a melhoria das comunicações, claro. Sei que não é bem a mesma coisa e o interior é diferente das cidades e do litoral, mas a vereação de António Costa e o PSD deram um bom exemplo em Lisboa, reduzindo o absurdo número de freguesias existente. Espera-se, agora, que a tal corresponda também a responsabilização das novas freguesias lisboetas por alguns serviços até aqui sob directa tutela camarária.
Infelizmente, a nível nacional, o PSD já começou a recuar (ou a avançar às arrecuas) no caso dos concelhos, restringindo a reforma às freguesias. Percebe-se, mas não se aceita, porque sabemos quem proporcionou a Passos Coelho a eleição. Agora, António José Seguro assume o papel de "provedor" do interior e das freguesias, o que, por idênticas razões, também se entende mas igualmente se não aceita. Aliás, este discurso da "defesa do interior", tal como o da "defesa do norte" ou a verborreia contra "o centralismo do Terreiro do Paço", tresanda sempre a populismo do mais reles (haverá outro?), a arma de arremesso político de quem nada de relevante tem a propor aos cidadãos. Que ele seja expresso por personagens provincianas como Luís Filipe Menezes ou Fernando Ruas é algo a que já nos habituámos. Que o líder do principal partido da oposição faça dele bandeira e tente daí tirar dividendos eleitorais é pouco auspicioso para os portugueses. Mas é o que temos, e é demasiado pouco.
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