Um dos maiores indicadores do atraso cultural e civilizacional, da menoridade intelectual do povo português é certamente esta tentativa constante de bater "records" do “Guinness”, seja o maior tacho de pobres gastrópodes indefesos ou o maior "pic-nic" com direito a garrafão (ainda existe?) e arroz de marisco. É simples: não exige normalmente grande esforço nem persistência (são eventos localizados num tempo muito curto), muito menos alguma dose de conhecimentos e cultura, com alguma frequência, tratam-se de coisas pouco sofisticadas, a roçar ou mesmo para além do boçal e permitem facilmente, sem grande trabalho, o acesso aos tais 5’ de fama. Difícil encontrar algo mais imbecil no primeiro mundo do século XXI. Em vez de alguma dose de orgulho, os seus promotores e participantes deveriam mais sentir vergonha.
6 comentários:
Uma outra forma avançada de afirmação são os foguetes que ribombam por esse Portugal fora, em especial nos meses de Verão. Enquanto que um fogo de artificio pode ser estéticamente encantador, francamente, nunca percebi porque é que se é capaz de estar durante uma eternidade de tempo a "fabricar" um barulho grotesco e horrendo. Estar numa aldeia "au bord de la piscine", ouvindo pássaros a chirear, a ler um bom livro e de repente ser poluido por uma boa meia hora de alarves estouros, provoca em mim sentimentos de revolta anti-popular. Elitista? Se isto é sê-lo... então com muito gosto!
Mas, Caro Rui, desde tempos imemoriais que o barulho foi forma de expressar alegria, contentamento, em contraste com o silêncio, associado ao luto e à morte. Uma forma um pouco primitiva de o fazer? Concordo, e não aprecio de sobremaneira o "foguetório". Mas tolero-o, talvez porque como citadino não sofro mtº as consequências.
Concordo em absoluto, JC e Rui.
Mas uma "nova moda" que denota bem a menoridade mental do português médio é o espectáculo deprimente que todos os dias (sim, todos os dias) se pode assistir junto às bombas de gasolina do Media Market de Alfragide (a seguir ao Alegro). Por meia dúzia de cêntimos estão aquelas alminhas longos minutos no pára-arranca, sem sequer se aperceberem que nesse ritual irão gastar ainda mais gasolina.
Há coisas que realmente não consigo entender neste País.
Não frequento, Rato.
Ai, ai, ai, caro JC, então esse rigor, companheiro? "Guinness", "Guinness"...
Contra mim falo, mas sou um dos responsáveis pela introdução dos recordes em Portugal, depois de ter comprado na Índia, nos anos 70 e tal, um "paperback" com os recordes.
Dele, retirei as coisas portuguesas. Já não me lembro exactamente, mas era a ditadura de Salazar, a temperatura em Coimbra, um arco do Aqueduto das Águas Livres, etc, etc.
Depois falava de uns rocambolescos pelo Mundo fora.
Cá em Portugal começou então a loucura. Se bem me lembro o primeiro foi um ciclista-bombeiro em Lisboa.
Depois houve um dançarino ou coisa que o valha, mas eu derrubei-o com uma notícia da ANOP.
Isto tudo para insistir, JC, "Guinness", "Guinness"...
abraço
LT
Está emendado. Obrigado.
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