“Interessante” é o facto do PS ter eleito como “cavalo de batalha” da sua luta eleitoral contra o PSD o facto de este partido tardar em apresentar as suas propostas. Joga assim num terreno em que pensa ter óbvias vantagens, já que sabe não recolherem algumas das propostas que necessariamente terão de vir a terreiro e que têm constituído elemento essencial da luta política contra o governo, como é o caso das grandes obras públicas, consenso no partido de Ferreira Leite. Sabe também que as crises, ou seja, os reflexos locais da crise internacional e a crise estrutural da economia portuguesa, condicionam as alternativas, e que existem personalidades da área do PSD e cujo “parecer” o Presidente da República calorosamente parece acolher que recomendam medidas radicais de correcção que dificilmente seriam recebidas pelo eleitorado com um sorriso nos lábios, arriscando-se, mesmo, a gerar uma pequena tempestade social favorecendo o voto útil PS. Entretanto, o PS vai ensaiando algumas promessas eleitorais, mais ou menos avulsas, mormente nas áreas da empregabilidade e formação, que José Sócrates sabe serem especialmente sensíveis e não só à esquerda.
O problema para o PS é que a importância dos programas e medidas eleitorais me parece estar longe de ser decisivo na futura escolha dos eleitores. Tal como no já longínquo ano de 1995 em que os eleitores terão escolhido na base de um “slogan” (“Razão e Coração”) que contrapunha, como metodologia de governo mais do que como programa político, o “humanismo” e o “diálogo” a um perfil considerado demasiado “autoritário” e “tecnocrático” do governo de Cavaco Silva, do qual visivelmente estavam fartos e cujos métodos se propunham rejeitar, isto é, escolheram, mais do que um programa, uma filosofia de governo e um perfil de primeiro-ministro, algo de semelhante pode vir a estar na base da escolha de Setembro, podendo os portugueses optar não em função da “política” (ou das “políticas”), mas por quem apresente uma proposta na área da “seriedade”, do “rigor”, da “honestidade”, dos “princípios”, de um certo “low profile” anunciado, fartos de algumas confusões, negócios nem sempre claros, atitudes “clownescas” e perfil tido como demasiado propagandístico do actual governo. Esta é também a plataforma que mais convém a Ferreira Leite que, longe de trazer consigo um passado político de êxitos governativos (antes pelo contrário), pode reclamar, isso sim, um perfil pessoal de “confiança”.
Este é, verdadeiramente, o actual drama do PS e o PSD já o terá compreendido, adiando o mais que pode a apresentação do seu manifesto eleitoral e preparando-se para o fazer em torno destes valores mais do que por via de propostas governativas demasiado específicas e/ou pormenorizadas, o que também o faria concorrer no mercado já um pouco desacreditado das "promessas eleitorais".
Uma tarefa bem complicada, terá José Sócrates pela frente.
O problema para o PS é que a importância dos programas e medidas eleitorais me parece estar longe de ser decisivo na futura escolha dos eleitores. Tal como no já longínquo ano de 1995 em que os eleitores terão escolhido na base de um “slogan” (“Razão e Coração”) que contrapunha, como metodologia de governo mais do que como programa político, o “humanismo” e o “diálogo” a um perfil considerado demasiado “autoritário” e “tecnocrático” do governo de Cavaco Silva, do qual visivelmente estavam fartos e cujos métodos se propunham rejeitar, isto é, escolheram, mais do que um programa, uma filosofia de governo e um perfil de primeiro-ministro, algo de semelhante pode vir a estar na base da escolha de Setembro, podendo os portugueses optar não em função da “política” (ou das “políticas”), mas por quem apresente uma proposta na área da “seriedade”, do “rigor”, da “honestidade”, dos “princípios”, de um certo “low profile” anunciado, fartos de algumas confusões, negócios nem sempre claros, atitudes “clownescas” e perfil tido como demasiado propagandístico do actual governo. Esta é também a plataforma que mais convém a Ferreira Leite que, longe de trazer consigo um passado político de êxitos governativos (antes pelo contrário), pode reclamar, isso sim, um perfil pessoal de “confiança”.
Este é, verdadeiramente, o actual drama do PS e o PSD já o terá compreendido, adiando o mais que pode a apresentação do seu manifesto eleitoral e preparando-se para o fazer em torno destes valores mais do que por via de propostas governativas demasiado específicas e/ou pormenorizadas, o que também o faria concorrer no mercado já um pouco desacreditado das "promessas eleitorais".
Uma tarefa bem complicada, terá José Sócrates pela frente.
Sem comentários:
Enviar um comentário