O relevo absolutamente despropositado dado ás faltas dos deputados, estas transformadas em padrão quase único do seu comportamento e eficácia no cumprimento da actividade para a qual foram eleitos, acaba por ser um retrato, ele sim, representativo da indigência e primarismo a que chegaram a crítica e análise políticas em Portugal. É o trabalho dos deputados analisado em função do modo como votaram, da qualidade do trabalho apresentado, do cumprimento daquilo a que em campanha se propuseram, da importância para o país das suas propostas, do rigor e realismo posto na feitura das leis, do contacto menos ou mais frequente com os eleitores, do modo como tentaram fazer cumprir o programa eleitoral do partido, etc, etc? Não, ou pelo menos isso são coisas relegadas para segundo plano. Já tínhamos a tradicional análise do PCP em função do volume de trabalho efectuado, esquecendo o partido de Jerónimo de Sousa que grande parte dele, sem qualquer hipótese de influenciar as decisões parlamentares, acaba por ser apenas um trompe d’oeil para propaganda interna. Agora são os representantes do povo tratados como quaisquer irresponsáveis ou criaturas indigentes, crianças e adolescentes avaliados em função da sua comparência na sala de aula sem que a essa análise se juntem quaisquer outros padrões de avaliação bem mais importantes.
E assim vão os “media” contribuindo alegremente para a criação de uma mentalidade populista e anti-democrática junto da opinião pública. Compreende-se: é bem mais fácil e rentável para jornalistas e meios agirem como "chefes de turma", consultando rapidamente o livro de presenças na Assembleia da República, do que efectuarem um sério e permanente escrutínio do trabalho político de cada um dos deputados.
Nota: o deputado Nuno Melo (só para dar um exemplo de alguém que eu não ajudei a eleger com o meu voto) foi citado quase unanimemente como tendo realizado um excelente trabalho na actual legislatura - conclusão com a qual concordo. Terá faltado muito, pouco ou apenas "assim-assim"?
E assim vão os “media” contribuindo alegremente para a criação de uma mentalidade populista e anti-democrática junto da opinião pública. Compreende-se: é bem mais fácil e rentável para jornalistas e meios agirem como "chefes de turma", consultando rapidamente o livro de presenças na Assembleia da República, do que efectuarem um sério e permanente escrutínio do trabalho político de cada um dos deputados.
Nota: o deputado Nuno Melo (só para dar um exemplo de alguém que eu não ajudei a eleger com o meu voto) foi citado quase unanimemente como tendo realizado um excelente trabalho na actual legislatura - conclusão com a qual concordo. Terá faltado muito, pouco ou apenas "assim-assim"?
Sem comentários:
Enviar um comentário