Ora vamos lá ver... Conceder a cidadãos que ocupam cargos políticos condições especiais de acesso à reforma foi um subterfúgio utilizado para não ter que lhes pagar - a esses cidadãos - salários superiores, mais consentâneos com a responsabilidade e qualificações das funções que ocupam ou ocuparam. Tratou-se, in illo tempore, de uma cedência ao populismo mais rasteiro, tentando tapar o sol com uma peneira e evitar qualquer reacção, também ela populista, dos restantes portugueses contra os "salários milionários" dos políticos. Claro que quem alimenta o populismo às suas mãos lhe morre, e agora temos meio mundo a protestar contra a presidente da Câmara de Palmela por esta ter direito a uma reforma aos 47 anos de idade, inclusivamente alguns jornalistas e comentadores que deveriam ter a obrigação de saber esclarecer quem os lê. Vamos ser claros... O que os portugueses têm de escolher é o seguinte: querem ter gente na política a auferir salários compatíveis com as funções que exercem ou com salários baixos e recompensas escondidas "por debaixo da mesa"? Querem ter gente competente e qualificada na política, servindo o interesse público, ou mulheres e homens medíocres que tentam utilizar a profissão em proveito próprio? Querem viver em democracia ou em ditadura, que é onde esta saga anti-política e anti-políticos corre o risco de nos conduzir? Ou será que os frequentadores dos fóruns de opinião e alguns jornalistas incompetentes ou pouco escrupulosos acham que fariam bem melhor se e quando os convidassem para cargos públicos auferindo o vencimento correspondente? É que os poucos exemplos que disso temos tido até são de molde a provar bem o contrário...
Sem comentários:
Enviar um comentário