Faz bem o PS em recusar-se a integrar uma comissão eventual parlamentar sobre a reforma do Estado? Enfim... pelo modo como a discussão foi armadilhada pela maioria e pelo governo, não me parece restar-lhe melhor alternativa. Mas, ao recusar, deveria deixar bem claro em que parâmetros e condições, baseado em que princípios e com que objectivos aceitaria integrar uma qualquer comissão no parlamento com tais desígnios e, inclusivamente, apresentar algumas propostas concretas com as ideias do partido sobre o assunto. É que do "outro lado", bom ou mau, bem feito ou mal feito, existe um documento escrito que reflecte uma atitude ideológica e uma intenção política sobre o assunto, apresentando propostas, ideias e soluções, e discutir as funções do Estado em abstracto, sem uma base ou um ponto de partida, até mesmo sem algumas propostas concretas em cima da mesa, é mais ou menos como discutir o sexo dos anjos, como aliás se tem visto até aqui. Penso que o PS, como partido que se reclama da herança da social-democracia europeia e num momento em que a deriva radical do PSD está mesmo a deixar quase orfãos os portugueses que se reconhecem na democracia-cristã, está aqui a perder uma boa oportunidade para se afirmar ideologicamente, pela afirmativa e não apenas pela recusa. Se o partido quiser perceber porque não descola nas sondagens, não terá que ir muito longe.
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