Não sei com que antecedência António José Seguro terá sabido da possibilidade do governo fazer Portugal "regressar aos mercados" antes da data prevista - e já agora, em Janeiro. Mas se não o soube antecipadamente, se nem sequer terá tido uns "zum-zuns", isso já revela uma imperdoável falta de informação, algo que em política e na guerra se costuma pagar bem caro. Mas, querendo ser benevolente, vamos esquecer isso agora, por uns instantes.
De qualquer modo, mesmo sem tal informação, nem mesmo ao estilo "a little bird told me", mandariam as mais elementares regras da prudência e sentido político que, antes de se decidir a lançar numa louca ofensiva pelo poder - pelo que agora se conclui, sem resguardo - Seguro, em vez de fazer tocar as trombetas, tivesse esperado pelos números do "déficit" de 2012 e pelos resultados da execução orçamental do primeiro trimestre deste ano. Seria, talvez, essa a sua oportunidade, ou pelo menos a altura certa para avaliar o que fazer. Não o tendo feito ("qual foi a pressa"? A constatação das suas próprias limitações, talvez?), comportou-se como um principiantes, saiu acabrunhado "pela esquerda baixa" e, muito, mas muito pior do que isso, deixa no rasto desse seu disparate um partido descredibilizado e com as divisões que lhe eram reconhecidas agora ainda mais evidentes. Pior ainda: isola-se daqueles que, na área democrata-cristã de PSD e CDS, viam no PS um possível companheiro para uma futura alternativa de governo, deixando assim boa parte do país sem uma oposição na qual se possa reconhecer. A imagem que ontem transmitiu - repetindo perante as câmaras, com ar assustado e acossado, "qual é a pressa, qual é a pressa" - no dia em que o governo conseguia talvez a sua primeira vitória significativa, irá colar-se a si como um estigma de derrota. "Au suivant, au suivant"...
Sem comentários:
Enviar um comentário