sexta-feira, janeiro 25, 2013

Relvas, Zorrinho e a RTP

Depois de uma das maiores sucessões de trapalhadas a que já assisti vindas de um governo, este tomou finalmente uma decisão sobre o presente e o futuro do grupo RTP. E, na conjuntura, embora "tarde e a más horas", a decisão adequada, incluindo nela o aproveitamento do "goodwill" gerado por uma decisão que parece ter o apoio de uma maioria dos portugueses para dar início a uma restruturação da empresa, adaptando-a, inclusivamente no seu "headcount", a um país e um mercado em crise. Nasceu torto - muito - mas contrariando o ditado, no essencial e no seu fim o processo lá se "endireitou". Estamos na semana em que tudo parece correr bem ao governo, mesmo quando pouco terá feito por isso.

Enfim, mas como o ministro Miguel Relvas tem o estranho condão de transformar em lixo tudo aquilo em que toca, ao mau estilo "king Midas in reverse", em vez de "gozar o momento" (malgré-lui, evidentemente) e ter-se limitado a anunciar na TV, em "prime time", a simples e necessária restruturação da empresa que teria de se seguir, resolveu desde logo adjectivá-la como "dolorosa", alertando tudo e todos para a hipótese - bem real - de uma redução importante de efectivos, começando assim e desde logo a transformar uma indiscutível boa decisão do governo num novo problema que este irá ter de enfrentar. Um exemplo de má gestão da comunicação e de como a verdade deve escolher o momento exacto para ser anunciada.

Mas pior, bem pior terá sido a reacção do PS, anunciando, bem ao estilo PCP, que não permitiria "operações de cosmética" para "emagrecer" a RTP. O que quer então o PS? Ter o melhor de dois mundos, isto é, manter o grupo RTP na esfera pública sem qualquer reorganização e restruturação que permita torná-lo mais "cost effective"? Ficar com o bolo (a boa decisão de manter a RTP no sector público) e simultaneamente comê-lo, isto é, esbanjar recursos inutilmente? É que deixando de ter subvenções do Estado e passando apenas a viver da taxa do audiovisual e das receitas de publicidade (neste caso com as limitações conhecidas e que não se aplicam "às privadas"), a RTP, mesmo salvaguardando o "serviço público", "está no mercado", e assim como não pode, dentro dos limites do razoável, deixar de pagar bem às suas estrelas do espectáculo (atenção aos populismos e demagogias sobre os "salários milionários"...), também não se poderá furtar a ter uma estrutura de custos, incluindo nestes os recursos humanos, que lhe permita ser concorrencial. 

1 comentário:

Unknown disse...

Dizer que este assunto da RTP representa uma vitória de Paulo Portas num "braço de ferro" com Relvas, é sintomático da obsessão "antirelvista" da comunicação social. Então não é o CDS e PPortas, que andam sempre a insistir na importância de cortar na despesa? O que é a RTP?!

http://jornalismoassim.blogspot.pt/2013/01/a-sondagem-que-importa-fazer.html