A confusa reacção do PS, pela voz de Carlos Zorrinho, ao anúncio do governo sobre os "cortes" nas fundações é bem o espelho do estado de degradação político e ideológico a que chegou o principal partido da oposição. Em vez de aproveitar a ocasião para assumir uma atitude pedagógica e anti-populista, chamando a atenção para o autêntico embuste que constituem as chamadas "gorduras do Estado" que estiveram, em grande parte, na base da ascensão ao poder do PSD; em vez de denunciar que as tais "fundações fantasma", onde se praticam "ordenados chorudos", são, em grande parte, outro autêntico "mito urbano"; em vez de clarificar o papel de utilidade pública de muitas Fundações, substituindo-se não raramente ao Estado nas actividades que desenvolvem; em vez de esclarecer que um corte cego nas suas actividades tem também um carácter eminentemente recessivo (nas fundações trabalham pessoas e a sua actividade, recorrendo com grande frequência a colaboração significativa fora da instituição, tem um efeito multiplicador nada negligenciável), o PS de Zorrinho não arranjou nada de melhor para dizer do que "a montanha pariu um rato", deixando implícito que o PS teria ido mais longe, quase incentivando o governo a acentuar os tais "cortes" e cavalgando assim a onda populista na base deste tipo de "cortes na despesa".
Claro que esta desinformação terá as suas consequências e um dia, quando no governo, o PS não deixará de as sofrer, tanto ou mais do que está a acontecer actualmente com o PSD e Pedro Passos Coelho. Mas o pior é que não é apenas o PSD, nem tal se limitará ao PS, mas a democracia e o regime ficarão definitivamente desacreditados e os partidos políticos assumirão finalmente o seu papel de coveiros.
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