terça-feira, setembro 18, 2012

Uma entrevista segura

Ciente das suas limitações e de que as expectativas seriam baixas, António José Seguro tentou ontem, na sua entrevista à RTP, principalmente não cometer erros (o que seria desastroso) e, mais do que entusiasmar ou gerar paixões (nunca o deve ter conseguido na vida e dificilmente irá alguma vez conseguir), jogou no "certinho" e bem comportado, algo que casa bem tanto com a sua imagem como com o seu nome. Digamos que foi inteligente e, em função da análise SWOT prévia, escolheu o registo certo.

Demasiado artificial? Sim, mas isso é o ar do tempo e não tem de tal coisa, infelizmente, o exclusivo, nacional ou internacional. Conseguiu mesmo não cometer erros? Cometeu um, grave, ao estilo Passos Coelho, ao dizer que não sabia quanto o Estado poderia arrecadar com o tal imposto sobre as PPP mas que tinha uma comissão de técnicos a estudar o assunto: não o pode fazer. Podia também ter evitado aquele número, a puxar ao demagógico, de entregar a Vítor Gonçalves o "dossier" com as trezentas e não sei quantas propostas do PS. Mas esteve bem ao marcar o "seu" território quando disse não estar disponível para o "canto da sereia" que seria uma participação no governo sem que o voto dos portugueses o decidisse. É isso que os portugueses esperam do PS e da democracia: que haja, dentro do chamado "arco governamental", quem governe e quem se assuma como oposição. Digamos que passou com "suficiente pequeno", e ficamos assim à espera de exames mais exigentes

4 comentários:

Queirosiano disse...

Acho a sua apreciação cheia de boa vontade. Vi a performance e para mim há uma coisa inescapável: o indivíduo é medíocre e foi medíocre. A ideia que deixou foi a de um homenzinho cheio de si e a ter-se em altíssima conta.

Pior ainda, parece que os partidos políticos em Portugal não conseguem produzir melhor que exemplares destes (Passos é a mesma coisa em registo pouco diferente). Suponho que é nisto que os aparelhos e interesses instalados se revêem: o perfil amanuense polido ou vendedor de automóveis.

Ao rejeitar alguém com outra estatura, como o Francisco Assis, o PS perdeu uma oportunidade única para adquirir credibilidade a prazo. Veremos o que isso lhe vai custar no futuro.

JC disse...

Acha o "suficiente pequeno" benevolente, caro Queirosiano, num momento em que Seguro tem todo a seu favor? E acha tb benevolente quando começo por dizer "ciente das suas limitações"? Quando digo que cometeu um erro grava? Bom... Uma coisa é a apreciação global de Seguro, e sim, é mtº fraco. outra o seu comportamento na entrevista, e aí passou "à tangente". Mas, devo dizer-lhe, não partilho do seu entusiasmo por Assis. Inteligente e com estatura política no PS vejo Pedro Silva Pereira. Infelizmente, demasiado próximo de Sócrates para poder ter aspirações.
Cumprimentos

Queirosiano disse...

Acho a sua apreciação em geral certeira. Provavelmente estou condicionado pelo baixíssimo nível que sempre vi no Seguro e que ele teima em confirmar regularmente.

Terá esgotado todo o engenho - pouco - nas manobras junto das bases e no populismo qb para chegar a secretário-geral. Agora parece estar claramente à espera de que o poder lhe venha a cair no colo, como aconteceu com Guterres/Barroso/Sócrates/Passos, e francamente não me parece capaz de mais. Se lá chegar vai rapidamente mudar de discurso e não tardará a arrastar-se penosamente (já viu os crânios que o rodeiam?). O exemplo do que está a acontecer com o Hollande é uma boa indicação - e seria obsceno comparar o Hollande con o Seguro.

Rectifico uma coisa: nenhum entusiasmo especial pelo Assis, mas parece ser capaz de pensar e demonstrou em tempos alguma coragem e lucidez. Em suma, outra dimensão.

Cumprimentos

JC disse...

Pois, assim já estou de acordo consigo, caro Queirosiano.
Cumprimentos