segunda-feira, maio 31, 2010

Cavaco Silva não se pronuncia...

Cavaco Silva tem todo direito de não se pronunciar sobre o apoio do PS à candidatura de Manuel Alegre. Acho, mesmo, não o deve fazer, para além de palavras inócuas de circunstância: Cavaco Silva ainda não assumiu a recandidatura e é Presidente da República em exercício, sendo necessário, enquanto estas circunstâncias se não alterarem, que mantenha alguma imparcialidade e discrição sobre o assunto.

O que não pode fazer é, como ouvi há pouco no Telejornal (RTP1), basear essa sua escusa no facto de “o país ter dificuldades de financiamento, as empresas portuguesas estarem em situação difícil e existirem mais de 10% de desempregados” (cito de memória). Em primeiro lugar, porque convém alguém lembrar-lhe que é Presidente da República e não ministro das finanças. Em segundo lugar, porque o país não se reduz às questões da economia e qualquer decisão ou abordagem de um tema é sempre baseada em questões, essencialmente, de ordem política. Em segundo lugar, porque não está a ser coerente, já que, até agora, nas três vezes em que se dirigiu ao país nunca o fez por questões essenciais da vida política, pese embora a indiscutível relevância do Estatuto dos Açores e do casamento entre pessoas do mesmo sexo.

Que revela assim Cavaco Silva? Nada de novo: o incómodo que sempre sentiu quando a política assume o “posto de comando”, característica que já foi bem visível quando ocupou o cargo de primeiro-ministro e foi responsável por ter transformado esses anos numa oportunidade perdida.

1 comentário:

Anónimo disse...

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