Georg Friedrich Händel - "Zadok the Priest", Coronation Anthem
Foi com o Inter a primeira final da antiga Taça dos Campeões europeus que vi ao vivo, no estádio do Jamor. Estava no final da adolescência e a bancada central no estádio terá servido de palco à primeira vez em que terei bebido whisky sem água ou gelo, oferecido generosamente pelos milhares de adeptos do Celtic que no final beijaram a relva e a transportaram aos pedaços para a sua velha Glasgow. Talvez assim a cidade mais feia da bela Escócia tenha espantado um pouco da sua fealdade.
Eu, que consegui acabar o jogo sóbrio, torci então pelo Celtic, por simpatia para com aqueles animados e generosos escoceses, porque era a equipa mais fraca e porque torço sempre pelos britânicos, talvez com a única excepção de quando estes resolvem chatear os pobres dos irlandeses. Mas o Celtic, soube-o nesse dia, também era um pouco irlandês, o que justificava ainda mais a opção que então tomei. Fiquei para sempre com uma pequena costela do clube, apesar de equipar com as cores e riscas do “meu” rival Sporting, e nem aquele malfadado jogo da “moeda ao ar”, em 1969, abalou demasiado estas minhas convicções.
Mas hoje, ao contrário do que então aconteceu no Jamor, opto pelo F. C. Internazionale, apesar de Munique ser uma das minhas cidades europeias favoritas e, certamente, talvez a mais bonita e opulenta que conheço na Alemanha. Por patriotismo?, por José Mourinho ser português? Nada disso: antes pelo contrário. Por José Mourinho condensar em si todas as características que sintetizam a antítese de tudo aquilo que tradicionalmente atribuímos à personalidade do português típico: é arrogante em vez de humilde, afirma-se pela positiva sem pedir desculpa a ninguém por existir, é cosmopolita em vez de provinciano, prefere as rupturas ao consenso, é directo e opta pelo confronto, pragmático sem se importar de jogar feio, opta sempre por defender os seus.
Por isso, tem Mourinho toda a razão quando diz que as suas vitórias não são as do futebol português ou as dos portugueses, ambos, genericamente, demasiado mesquinhos e invejosos para o merecerem. As suas vitórias são, de facto, dele mesmo e dos que com ele partilham a mesma visão do futebol e do mundo. Pois que ganhe hoje, mais uma vez, José Mourinho! E obrigado pela lição que dá a esta gente!
Eu, que consegui acabar o jogo sóbrio, torci então pelo Celtic, por simpatia para com aqueles animados e generosos escoceses, porque era a equipa mais fraca e porque torço sempre pelos britânicos, talvez com a única excepção de quando estes resolvem chatear os pobres dos irlandeses. Mas o Celtic, soube-o nesse dia, também era um pouco irlandês, o que justificava ainda mais a opção que então tomei. Fiquei para sempre com uma pequena costela do clube, apesar de equipar com as cores e riscas do “meu” rival Sporting, e nem aquele malfadado jogo da “moeda ao ar”, em 1969, abalou demasiado estas minhas convicções.
Mas hoje, ao contrário do que então aconteceu no Jamor, opto pelo F. C. Internazionale, apesar de Munique ser uma das minhas cidades europeias favoritas e, certamente, talvez a mais bonita e opulenta que conheço na Alemanha. Por patriotismo?, por José Mourinho ser português? Nada disso: antes pelo contrário. Por José Mourinho condensar em si todas as características que sintetizam a antítese de tudo aquilo que tradicionalmente atribuímos à personalidade do português típico: é arrogante em vez de humilde, afirma-se pela positiva sem pedir desculpa a ninguém por existir, é cosmopolita em vez de provinciano, prefere as rupturas ao consenso, é directo e opta pelo confronto, pragmático sem se importar de jogar feio, opta sempre por defender os seus.
Por isso, tem Mourinho toda a razão quando diz que as suas vitórias não são as do futebol português ou as dos portugueses, ambos, genericamente, demasiado mesquinhos e invejosos para o merecerem. As suas vitórias são, de facto, dele mesmo e dos que com ele partilham a mesma visão do futebol e do mundo. Pois que ganhe hoje, mais uma vez, José Mourinho! E obrigado pela lição que dá a esta gente!
8 comentários:
Caro JC,
Pois eu não quero que Mourinho vença hoje a CL nem vença nunca mais.
Porque acho que Mourinho sendo tudo o que Jc afirmou, é também um mal agradecido que cospe no prato que come(u), que morde a mão que o alimenta e é também um abutre sempre na expectativa de atacar quando sente fraqueza. Foi o que fez ao seu slb e o que está a preparar-se para fazer ao Inter. Não o fez ao Chelsea de Abramovich porque este se estava ca**ndo para ele e ao mínimo sinal o pôs a fazer pela vidinha - e ainda lhe ofereceu um Ferrari só para o não aturar - e hoje sem ele é de novo campeão.
Sei que o JC é muito mais compreensivo do que eu e já esqueceu/perdoou o que Mourinho fez ao seu CR, mas o perdão é uma virtude que dificilimente alguém me alcança. As desculpas não se pedem evitam-se.
Cumprimentos
Vindo de um portista, compreendo bem as razões do seu comentário, caro Pois. Oh!, se compreendo!...
E quanto ao meu clube, JM limitou-se a aproveitar a oportunidade para melhorar e prolongar o seu contrato. Fez bem, já que não tenho uma concepção moralista das relações profissionais. Quem fez mal foi a direcção de Manuel Vilarinho... Portanto, nada tenho a perdoar a JM, excepto o ter ganho a CL c/ o FCP. Mas, como disse, não tendo das questões profissionais uma visão moralista, tb aqui nada tenho a perdoar-lhe.
Para acrescentar ás características de JM, em oposição ao tradicional português, há ainda a tendência teimosa para fazer bem tarefas complexas, em ambientes hostis e ainda por cima ganhar! Abraço
Exacto. De acordo!
JC,
Agora Moratti também compreende, oh! se compreende!:
"O presidente do Inter de Milão, Massimo Moratti, lamentou domingo que José Mourinho tenha evocado nos media, antes da final da Liga dos Campeões, a sua muito provável saída para o Real Madrid, assegurando que o treinador não falou directamente consigo."
É sempre assim.
Cumprimentos,
P.S: Como PORTISTA, poderia estar apenas eternamente agradecido a ele a CL e aplaudi-lo de pé (como fazemos por ex. a DECO) quando nos visita, mas não, Mourinho é um excelente técnico e uma pessoa muito pouco recomendável
Caro Pois. v. continua a não querer ver o que é essencial (defeito mtº português) e a misturar emoções c/ relações profissionais, o que só prejudica ambas. Mourinho cumpriu ou não, e até excedeu, as suas obrigações profissionais c/ FCP e Inter, até ao fim, c/ entrega, profissionalismo e total zelo? O modo como se desligou de ambos os clubes, s/ qualquer prejuízo para o desempenho do cargo que exerceu, é apenas um modo de demonstrar a sua independência de clubes e patrões, ou seja, o seu profissionalismo e a sua superioridade. Logo, de valorizar a sua imagem, essencial para o seu desempenho. A reacçao de Moratti é, em certa medida, a de um vencido que não consegue manter o empregado. Ou, se quiser, do rapaz que vê a namorada trocá-lo por outro mais bonito e mais rico. Mas, mais uma vez, eu percebo-o e aos portistas: não lhe perdoam essa independência - e, vá lá, um certo desprezo - demonstrada para c/ P. da C. No fundo, preferem um Jesualdo Ferreira, que toma as dores de P. da C. (algo que JM nunca fez) e se deixa humilhar e vexar publicamente por P. da C., a quem, no final do ano passado e perante os enxovalhos públicos a que foi submetido por este, quase mendigava a renovação do contrato. É assim!...
Não JC,
Ess é o seu modo de ler o que se está a passar e que eu respeito mas não concordo. Não se tratam de emoções, trata-se de honrar os compromissos e respeitar quem connosco contratou. São valores que pratico e que defendo. Mourinho não ter regressado a Itália com a sua equipa, da qual ainda é líder e da qual ainda vai receber não são emoções é falta de caracter.
Como técnico penso ser o melhor do Mundo, por agora.
Neste último aspecto, dou-lhe alguma razão. Mourinho podia ter voltado a Milão e quando no FCP podia ter festejado c/ a equipa. Mas essas atitudes fazem parte de uma "construção de personalidade" e são completamente acessórias no que ao cumprimento das suas obrigações profissionais dizem respeito. E em Portugal existe um terrível vício de baralhar as coisas, confundir o essencial c/ o acessório e esquecer a verdadeira questão-chave de cada assunto.
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