José Pacheco Pereira brada hoje em artigo no “Público” que Cavaco Silva e Ferreira Leite tinham alertado em tempo devido para o “desastre” (sic) actual. Bom, deixemos por agora Cavaco Silva que foi o iniciador do modelo de desenvolvimento que nos conduziu ao actual estado de coisas e que governos seguintes não tiveram coragem política para inflectir. Deixemos também de lado o facto de o Presidente da República ter andado a entreter o país com pseudo-escutas, em vez de focar a sua atenção no essencial, e centremo-nos em Ferreira Leite. A pergunta é: se Ferreira Leite preveniu o país a tempo - e não deixa de ser verdade que lançou alguns avisos - porque continuou a fazer da “verdade” e da “asfixia democrática”, da criação de um clima de crispação que impossibilitava os necessários entendimentos entre PS e PSD o verdadeiro foco da sua acção política em vez de a centrar nas questões candentes de natureza económica e financeira? Porque, como no caso dos professores – mas não só -, apoiou soluções que contribuíam para um efectivo agravamento da despesa pública? Porque afastou assim do PSD, com este tipo de comportamentos e com um conservadorismo ultramontano, muitos cidadãos e eleitores que, de outro modo e como provam as sondagens actuais, se poderiam rever no partido se este assumisse outro tipo de opções? E, já agora, porque deu Cavaco Silva, de facto e contrariando algumas das suas proclamações apelando ao consenso, aval a estes procedimentos do seu partido de origem em vez de o incentivar na procura de outro tipo de soluções? A resposta é só uma, o que no caso de Ferreira Leite e Cavaco Silva peca por não constituir novidade: menoridade e incapacidade políticas da parte de quem sempre viu na política um “fardo” e não uma actividade nobre e gratificante.
Sem comentários:
Enviar um comentário